18 de maio de 2010

Menina da bica - III, O começo


A Bica só existe agora na nossa lembrança, e a Menina?

Pois a temperatura entre 12 e 17 graus e os 47mm de chuva, previstos no quadro do Tempo Agora para Bagé, não impediram o Hamilton de conferir ao vivo o lugar onde foi batida a foto da “Menina da bica”. Munido de sua máquina fotográfica, o Hamilton foi até a Praça de Desportos e, além de fotografar o lugar onde foi tomada a foto de 1971, também conversou com um Chauffeur de praça, o Carlos Mendonça de Oliveira, que trabalha ali naquele ponto há 50 anos. Seu Carlos é filho de um outro Chauffeur, o Pedro Fagundes de Oliveira, que era proprietário dos táxis que o Carlos começou a dirigir lá pelos anos 60. Primeiro um Chevrolet 41 e depois um Ford 51. O primeiro táxi próprio do Carlos foi um Sinca Chambord 61, depois veio um Sinca Tufão 64. Que balaca! Hein Carlos? Um Sinca Tufão na praça... Mas naquele distante 1971 ainda haviam ali uns três Studbaker 50, com aquele torpedo na grade do radiador... Com essa memória toda e esse tempo de direção, Carlos narrou ao Hamilton que ali no lugar da bica, anteriormente, havia um bebedouro de cimento, que acabou sendo abalroado por um caminhão. Juntaram os pedaços, mas não deu para consertar. Um outro bebedouro igual, no lado oposto da praça, aguentou por mais tempo mas sumiu também. Os motoristas do ponto então colocaram, por conta própria, aquela torneira - a agora famosa, Bica da Menina. Ainda segundo o Carlos, essa bica passou a ser utilizada por muitas pessoas, inclusive vários meninos de rua que passavam por ali e costumavam matar a sede como a nossa Menina da bica. Tempos depois um morador de rua passou a usar a torneira para o “banho diário” e cada vez com menos roupas. Quando ele passou a banhar-se quase como nasceu, os motoristas retiraram a torneira e colocaram um ladrilho como tampa que aparece na foto que o Hamilton fez hoje pela manhã. Interessante olhar esse lugar do mesmo ângulo. Pensando bem, a imagem da menina está ali, é só usar um pouco de imaginação e aquele olhar, mistura de inocência e surpresa, poderá aparecer no visor da máquina. Será preciso clicar rápido, pois a Menina da bica, como já fez em 1971, sairá correndo praça adentro, e dirá, entre gargalhadas: “o homem me bateu um retrato!” (de novo menina? Será mesmo?...) Deixa prá lá, o Estadual me espera...
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4 comentários:

Luiz Carlos Vaz disse...

O Gerson já tinha dado a dica: falar com um motorista de táxi. Não deu outra. O Hamilton foi e lá e, numa mistura de Clark Kent e Jimmy Oslsen, cruzou para a área e cabeceou. Resultado: gol de placa. O Gerson que já foi "profisional do volante" sabe das coisas. Aliás, o que o Gerson ainda não fez na vida? hehehe

Gerson Mendes Corrêa disse...

Meu caro Vaz, posso dizer que tenho uma boa experiência de vida, nestes meus 53 anos de vida bem vividos e com alegria. Uma das coisas que aprendi no Estadual foi, estar preparado para tudo que viesse pela frente, da mesma maneira foi assim contigo, com o Hamilton, com o Ianser e também com os outros que escrevem neste blog, aja visto que chegamos até aqui com muitas estórias para contar e relembrar. Aprendemos desde cedo que, nada cai do céu, temos que ir a luta e é o que sempre fizemos.

Luiz Carlos Vaz disse...

É isso mesmo Gerson. O pessoal do Estadual está espalhado pelo Brasil e pelo mundo testemunhando a sólida base educacional que obtivemos ali. Abraço; grato por decifrar a sigla do Salgado Filho.

Hamilton Caio disse...

Vaz e Gerson, parece que a sorte ajudou também. O Seu Carlos estava ali na hora certa, logo ele que já dirigia taxi há 10 anos naquele ponto, e com sua memória prodigiosa para contar a história, enquanto a Menina da bica andava pelos arredores. E uma boa lembrança, a do fotógrafo da ficção, Jimmy Olsen. Mas, ficar no meio da rua com guarda-chuva em uma mão e máquina na outra, driblando os carros para conseguir o melhor ângulo, também me fez lembrar depois do grande fotógrafo Robert Capa, esse da vida real, que foi associado ao Cartier Bresson na agência Magnum, o outro lendário fotógrafo que o Vaz falou dias atrás. Capa, como sabem, foi um dos profissionais que inauguraram a era da fotografia ao vivo das guerras, cobrindo, entre outras, a guerra civil espanhola (1936/1939) e a mais marcante reportagem do século XX, o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia (França), no episódio que ficou conhecido como o Dia-D, 6 de junho de 1944, durante a 2a Guerra Mundial (1939/1945). Entretanto, um fato que eu desconhecia, e que me falou o Igor há algum tempo, era que, das mais de 100 fotos obtidas por Capa, depois de ter desembarcado junto com os soldados, desviando do cerrado fogo nazista, é que pouco mais de 10 foram aproveitadas. O técnico da revista Life, para a qual ele trabalhava, que foi encarregado da revelação dos filmes, na ânsia de aprontar logo o material inédito, usou calor em excesso e virtualmente "queimou o filme".