fotografada no início das modernizações e dos anos 70
.Na primeira vez que voltei a Bagé a passeio, depois de ter saido do Estadual e da cidade, fiz muitas fotografias do que vi de novidade. Mas também fotografei outras coisas que nunca havia enxergado. A beleza dos prédios antigos, as ruas todas com canteiros centrais e as lindas praças. A que mais me encantava era a Praça Rio Branco, que para nós sempre foi e sempre será a Praça de Desportos. Esse era o nome que havia nos pórticos de entrada em uma placa de madeira. Ali estavam os balanços, as gangorras, os escorregadores, os equipamentos de gimnástica, a pista de patinação, a quadra de futebol de salão em cimento, a cancha de futebol ainda de terra batida, a casa que guarava os equipamentos de manutenção e muitas árvores. Quando fui lá percebi que não havia mais a tela que cercava a praça e, claro, não haviam mais os portões que abriam e fechavam em horários determinados. Pela avenida sete, para delimitar o perímetro da praça, tubos de cimento, pintados de diversas cores, faziam essa tarefa. Era o início da descaracterização da nossa Praça. Os bancos ainda estavam ali. Não sentei neles. Achei que se fizesse isso estaria concordando com a visível e progressiva mutilação da praça. Era "A mesma praça, o mesmo banco..." como cantava ainda o Ronnie Von, mas os sentimentos já eram outros. Uma certa aridez visual começava a tomar conta do ambiente bucólico da nossa praça, sempre em nome da chamada modernização da cidade. Bagé começava a entrar na Era do Concreto. Não do Concreto Conceitual, mas do Concreto Armado, na fúria "concretista" dos blocretes de cimento, os unisteins da vida que, substituindo os paralelepídos de granito, levariam o cimento portland às últimas consequências arquitetônicas nos anos 70. Onde passa um boi, passa uma boiada, dizia minha avó, lá na Hulha Negra. Hoje, a nossa Praça de Desportos, é o resultado de um conjunto de experiências e tentativas. Não sei se os alunos do Estadual ainda amarram um jogo para a saída das aulas, não sei se ainda enfrentamos ali o Auxiliadora no volei, basquete ou futebol de salão... Mas era ali na Praça que tudo acontecia no nosso tempo. Os namoros e os fins de namoros, as brigas e as reconciliações, as primeiras tragadas num Marrocos 10, e as conversas balaqueiras e mentirosas sobre uma vida sexual ainda não iniciada. Ali, onde contavam histórias mirabolantes do Dalila, não há mais qualquer sinal desse tempo. Hoje, quando vou a Bagé, não entro mais na praça. Não reconheço a praça da minha juventude e não ouço mais o barulho característico dos balanços, aqueles com correntes de ferro, indo para frente e para trás. Fecho os olhos por um instante e me imagino lá... caminho por entre as árvores e ouço o Naguinho dizer: "Vamos lá, só mais uma vez!" Minhas mãos estão soltando a barra de ferro, meu corpo pesa uma tonelada, os dedos não me seguram mais.... vou cair... Ele diz para mim: Caiu? Duas voltas na praça, então! Ah! professor, isso não é um castigo! É um prêmio. Corro como Forrest Gump, corro, corro... sinto o vento bater no meu rosto, não mais corro, agora estou voando, voando... estou vendo os balanços, as gangorras, os escorregadores...
...
6 comentários:
Vou me repetir... Essas lembranças são emocionantes... Por falar em professor Naguinho, quando ele passava,sorrindo como sempre, as gurias suspiravam de um modo especialíssimo... hehehe...
Vaz, parece que a nossa Praça de Desportos agora ficou com cara nova. Ainda não vi, mas pelos comentários...
Vera Luiza, teu comentário me ajudou a lembrar que eu devia ter feito referência ao fato de que o professor Wagner Previtalli, o Naguinho, era o nosso professor de Educação Física e que, seguidamente, nos levava até a praça para fazer "provas e exames" nos equipamentos já descritos pelo Ianzer em outro comentário.
Miro, eu realmente não gosto mais de ver a praça como está hoje. Mas, depois deste post, vou ter que "quebrar a escrita" e passar lá qualquer dia desses...vou bater umas fotos para vocês.
Querido amigo Wagner Previtalli o famoso Naguinho "perna torta"... aqueles exercícios eram de matar... rsrsrsrs, lembram disso?
Eu como todo gordo que se preza nao gostava quando nas manhas geladas do inverno bageense ele nos colocava para dar dez voltas no bosque do Estadual, façanha que eu nao conseguia realisar. Diga-se de passagem que o Naguinho era um companheirasso.
Postar um comentário