26 de novembro de 2012

Quero falar português...


Placa em granito no túmulo de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa


Quero falar português...

Valacir Marques Gonçalves
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Não sou dado a purismos linguísticos, menos ainda a qualquer tipo de xenofobia, mas estão exagerando, todo dia me deparo com tudo que é tipo de termo alienígena para indicar coisas simples e corriqueiras do nosso dia a dia.

Começar algo agora é dar um start. Imprimir é printar. Não faltam palavras importadas: é upgrade ou downgrade, depende do caso - tem gente que melhora de vida, outros pioram, é o up e o down… Temos ainda o delete, termo perigoso, pois muitos já sabem que podem sumir do mundo ou do coração de alguém quando deletados…

Temos muitos outros termos incorporados ao nosso cotidiano: a pizza tem entrega delivery, algumas não cobram pelo serviço - são free. Outros nomes são antigos: o lanche é com milk shake. O nosso cachorrinho-quente há muito virou hot-dog. Num dia desses ouvi um cara dizer que queria o dele bem hot e sem pepper… As liquidações no comércio são chamadas de sale, isto aí, sale, bem baratinho… Entrar num shopping é uma aula, parece que estamos em Miami, quase todas tem nomes como: Brooksfield, Le Lis Blanc, Mc Donald’s, Le Pastiche, e por aí afora…

Os mais velhos sabem que essas coisas não começaram agora. No passado, era comum o exibicionismo usando o francês: toilette, garage, chauffeur, boutique, laque, bistouri, filet, bouquet e outras eram usadas sem cerimônia. Juristas e jornalistas usavam (e usam) expressões latinas como sinal de erudição. Com o advento da supremacia americana, os franceses foram deixados de lado, mas deixaram uma herança considerável: madame e garçom, por exemplo, mudaram de cidadania…

Num dia desses, fui numa festa e voltei confuso: a hostess me recebeu. O promoter me informou da existência de uma “Lista Vip” esclarecendo que daria um desconto nos gastos se eu apresentasse o flyer. Fui embora, não conhecia a hostess e nem o promoter me conhecia. Olhei o preço que cobravam e desisti. Não vou mais a festa sem flyer…

Continuando, relato outro fato. Estava com passagem comprada para o norte do país. Fui informado de que meu cachorro precisaria de um atestado para viajar comigo, pois ele poderia “contaminar” os caninos nortistas… Como sei que o nosso país é “um lugar organizado e onde tudo funciona”, tratei de cumprir a Lei. Procurei uma veterinária num pet-shop. Fui atendido por solícitas recepcionistas que me “lembraram” que não tenho mais cachorro, agora sou dono de um pet. Logicamente que estarei no aeroporto acompanhado pelo pet, conforme orientação da dog sitter do pet-shop…

Concluindo, preciso dizer que, neste exagero todo, acontece algo incrível: usamos palavras inglesas só adotadas por aqui. Lá fora, o outdoor é substituído pelo billboard, e o shopping pelo mall… Somos realmente criativos.

Até outro dia. So long! Vou tomar tranquilamente meu scotch on the rocks…
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Valacir Marques Gonçalves
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24 de novembro de 2012

Vai uma graxa?

Foto LC Vaz


Sapatos, sapateiros, meia-sola, pasta Nugget, escova, pano e brilho... coisas já tão antigas como a profissão de Engraxate. Era de bom grado comprar um Correio do Povo, sentar no banco da praça e pedir para um deles lustrar os nossos sapatos. Era tempo suficiente para ler algumas matérias de capa do velho Correio, ainda em tamanho standart, e ficar tentando manter aquele monte de páginas ajustadas num só volume. Quando o jornal não compunha a cena, então eram 15 minutos de conversa com esse profissional que colocavam o sujeito que calçava o Passo Doble em dia com todos os assuntos mais quentes da semana. Desde as fofocas do futebol aos vencedores das últimas carreiras no Prado. Todas novidades eram de conhecimento do homem do lustro!

Hoje, quando os sapatos já quase perderam o lugar para os "tênis", é raro ver engraxates nas praças, nas cigarrarias, nos salões de barbeiro... E nenhum deles é jovem. É a profissão morrendo com os últimos - e abnegados - engraxates. Engraxates que sabiam de tudo, opinavam sobre tudo, e davam dicas sobre os mais variados assuntos, até mesmo como conservar os seus sapatos sempre limpos e brilhantes.
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23 de novembro de 2012

Uma República no Pampa VIII - O Museu que resistiu a tudo



A Revista de História da Biblioteca Nacional
publica na edição nº 86, deste mês de novembro,
uma matéria sobre o Museu Farroupilha de Piratini.
A Beatriz Araújo, responsável pelo projeto de restauração do Museu,
tão falado e reclamado aqui no nosso blog,
não parou nele, continua trabalhando
para restaurar outros prédios importantes
na Primeira Capital Farroupilha.


“Vou lhe dizer: Piratini às vezes parece que não cresceu. Se você andar pra trás da esquina da Rua Bento Gonçalves, vai encontrar a igreja, o clube... É uma volta no tempo”, conta Adel Vaz Bandeira, 75 anos. A sensação de estagnação relatada pelos moradores é um indício da boa preservação histórica da cidade gaúcha, localizada no extremo sul do estado, escolhida em 1836 como capital da República Farroupilha. A boa conservação de vários edifícios da época inspirou a criação da Linha Farroupilha, roteiro turístico inaugurado em setembro. Sinalizadores no chão indicam nada menos do que 25 pontos históricos no município, como a Antiga Cadeia, o Palácio do Governo Farroupilha e a casa do líder Giuseppe Garibaldi, que será completamente restaurada até 2014.

“Os turistas podem fazer o trajeto sozinhos e, se quiserem, podem consultar os moradores do centro histórico e as pessoas que trabalham ali. Todos estão recebendo um livro com informações sobre a Linha Farroupilha e a história da cidade”, explica a produtora cultural Beatriz Araújo, que coordenou o projeto com a ajuda da Associação dos Amigos do Museu Histórico Farroupilha. Dois mil exemplares do livro começaram a ser distribuídos em setembro. Além disso, foram feitas 6.000 cartilhas de educação patrimonial, que serão distribuídas a todos os alunos do ensino fundamental.

A equipe de Beatriz foi responsável pela restauração do Museu Histórico Farroupilha, em 2011, e fará trabalho semelhante na Casa de Garibaldi. A situação da casa nem se compara com o estado em que se encontrava o prédio do museu, de 1819. “Chovia aqui dentro, literalmente. Tivemos também problemas de segurança, porque as portas de madeira cediam. Ladrões roubaram cerca de dez armas do século XIX”, conta a diretora Angélica Panatieri. Agora, as cerca de 400 peças estão a salvo. E talvez ganhem adições. “O governador disse que gostaria de nos enviar todas as peças do período que estão em outros museus estaduais. Mas acho que eles não vão querer se desfazer disso”, diz a diretora. 

Ainda que não receba as peças, Piratini está a caminho de se tornar a principal cidade da rota farroupilha. “Ela tem a maior quantidade de edifícios do período. E, como pouco cresceu, as pessoas continuam usando os prédios. Não será preciso investir muito para restaurá-los”, afirma a historiadora Carla Menegat,  do Instituto Federal Sul-rio-grandense.

As novidades devem atrair mais turistas e afetar a calmaria da cidade, mas nem o senhor Adel parece se importar. “Acho ótimo. Dei algumas informações para eles escreverem o livro e já estou com o meu. Achei muito bonito”, conta, orgulhoso.
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22 de novembro de 2012

Maquete

Foto Marcelo Soares


Maquete
Ângelo Alfonsin

a rua da igreja
sempre faz esquina com a do Café
que por sua vez de mãos dadas
rodeiam a praça
o que se chama centro da cidade pequena
fica na periferia do mundo
em outro mundo que só cabe naquele
canto do sistema solar
fronteira da solidão
os pássaros manchados de azul e as
pandorgas fantasiadas de pássaros
semeiam céus de todos os matizes
tudo passa devagar como se o presente
tivesse todo o futuro do mundo
para estar presente
as pessoas andam a pé para alimentar
o coração
e pacificar a alma de seus conflitos insolúveis
o silêncio é prato típico da culinária local
o melhor programa noturno é dormir
e o diurno contar o sonho
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21 de novembro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLVIII, Amigo

Foto LC Vaz


Como afirmam Milton Nascimento e Fernando Brant, amigo é coisa prá se guardar no lado esquerdo do (sofá) do peito... Mas e quando não aparece o tal amigo, ou amiga, seja mesmo um gato ou um cachorro? Ora, o sofá vai gastando só de um lado, a solidão vai ralando o pano só de um lado... Então, para que ninguém perceba a tal solidão marcada no forro (ou a mania de sentar de um lado só) trocam a gente, vamos para o lixo e um sofá novo toma nosso lugar, mas a esperança de encontrar um estofador sempre fica, Pois seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia, amigo, eu volto, a te encontrar, qualquer dia, amigo, a gente vai se (re) encontrar...
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20 de novembro de 2012

Esquadrão Corsários em Bagé



Nosso amigo e colaborador do blog, Henrique Pires, nos manda o link do Leiloeiro Antonio Ferreira onde está em oferta um postal magnífico que conta um pouco da história da aviação em Bagé. Trata-se, de acordo com  a descrição, de uma foto de 1937 do Esquadrão Corsários e que pode ser verificada no link do leiloeiro:

Foto: Esquadrão Corsários, 13/12/1937.  Raríssima foto, colhida em Bagé, Rio Grande do Sul. 17 x 12cm.
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17 de novembro de 2012

Dia de Visita

Foto LC Vaz

As primeiras plantas que conheci o nome foram o Treme-treme e a Visita. O Treme-treme - diziam - não parava nunca de se mexer. Era um mistério, pois mesmo sem vento a plantinha estava sempre "tremendo", desafiando a imaginação das crianças. A outra, a Visita, era aquela pluminha voadora que entrava pela casa avisando que naquele dia chegariam "visitas". Ela passava de peça em peça, depois de entrar furtivamente, sempre voando, e após perder a sementinha que carregava tornava-se assim ainda mais leve e sutil para anunciar a chegada das tias, dos primos ou da madrinha. Era uma época em que as pessoas se visitavam. As visitas passavam as tardes se visitando. Não havia celular, televisão ou computador para atrapalhar... As novidades vinham através da visita dos parentes e amigos que conversavam de forma ilimitada, grátis e a conexão não caia nunca.
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A forma de disseminação de sementes que utiliza o vento é chamada de Anemocoria, como o caso do Dente de Leão, o Taraxucum officinale, e de outras flores do campo como a da fotografia que ilustra a postagem.
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16 de novembro de 2012

Olho de Lince



Foto Marcelo Soares

Olho de Lince
Ângelo Alfonsim

o fotógrafo
é um caçador de surpresas
nem o voo kamikaze do acaso
o surpreende
sob a mira de sua lente o tempo
disfarçado de vento
tropeça e derruba a folha da árvore
em cuja queda é atingida pelo disparo
da máquina
que transforma o óbvio
em poesia
a fotografia condena o esquecimento
à prisão perpétua da memória

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Foto de Marcelo Soares 
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15 de novembro de 2012

Chuvas de Verão - III

Foto LC Vaz

As flores,  como as deste Bougainvilleparecem gargalhar com as chuvinhas finas que caem na Primavera. São uma pausa no sol quente que, vez por outra, divide a festa da natureza fazendo Casamento da Raposa.
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14 de novembro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLVII, Sandy


I was at home, in New York, very calm. Suddenly, a very strong wind came, and it was increasing, raising... When I realized, I was like Dorothy, in the middle of a hurricane. Then I came flying up here. I do not know if it was Junior, Vanessa or Sandy... but it was a huge adrenaline. I miss that movement of 5th Avenue...
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13 de novembro de 2012

Chuvas de Verão - II

Foto LC Vaz

Conheço Flor de quero-quero de várias cores. No entanto a azul é a mais comum, a que mais vemos pelos campos. Ela surge de repente, brota do chão como por magia e abre suas pétalas mostrando toda a sua beleza. E, num dia de chuva mansa, segura as gotas d'água com maestria.
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12 de novembro de 2012

Chuvas de Verão

Foto LC Vaz

A mesma chuva que atrapalha um pouco uma festa de aniversário no campo, possibilita uma luz extraordinária para boas fotografias(*), como esta, batida ontem pela tarde.
Bem-vinda, chuvinha de verão.
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(*) ou até mesmo uma poesia do JJ.

Tão logo provocado, o poeta respondeu:

Aonde Anda o Beija-Flor?...
(Ao amigo Luiz Carlos dos Santos Vaz!)
Ao Amigo Luiz Carlos
J.J. Oliveira Gonçalves

Chove chuva  molha a flor
Delicada e campesina...
Menestrel dedilho Amor
Lembra a flor mulher-menina!

Alva assim raiada em rosa
Me alivia d'Alma a Dor...
Tão perfeita quão formosa
Aonde anda o beija-flor?

Aquarela em tom pastel
Textura doce e macia...
Elo de Deus - Níveo Anel
Do coração: calmaria!

Da Vida no Carrossel
Na Passagem fugidia
Vendo Ilusão a granel:
A flor, o Sonho, a poesia!

Porto Alegre, 12 de novembro/2012 - 08h55min - HS
jjotapoesia@gmail.com - www.cappaz.com.br

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11 de novembro de 2012

O Prato de Dom Diogo

Detalhe do prato pertencente a Dom Diogo


Museus de Bagé e o trabalho pela memória
        
Elaine Tonini Bastianello
Ana Lúcia Quadros

      De acordo com os Estatutos do ICOM – International Council of Museums (2007), um museu é uma instituição sem fins lucrativos, permanente a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe o patrimônio tangível e intangível da humanidade e do seu meio ambiente para fins de ensino, estudo e diversão. Nesse sentido, os museus de Bagé vêm, ao longo do tempo, desempenhando essas funções na comunidade.  São museus ligados à Universidade da Região da Campanha - URCAMP, cuja Instituição mantenedora é a Fundação Áttila Taborda – FAT, que devem sua criação ao nosso grande historiador Tarcísio Antônio Costa Taborda.

      O Museu da Gravura Brasileira situado na Rua Coronel Azambuja, esquina com a Avenida Tupy Silveira, possui um acervo de mais de 1.300 gravuras, entre elas, a coleção dos artistas do “Grupo de Bagé”, que são uma referência no cenário artístico do modernismo brasileiro. O prédio do Museu da Gravura Brasileira está passando por reformas e seu acervo se encontra nas dependências do Museu Dom Diogo de Souza, onde estão expostas algumas gravuras que foram restauradas em parceria com o Espaço da Maya e também algumas das recentes doações do Grupo Mariana Quito da cidade de Santos-SP. Cabe salientar que mesmo fora de sua casa, este museu continua em atividade, promovendo mostras de seu acervo através de parcerias com outros espaços expositivos e recebendo importantes doações de nomes como: Francisco Stockinger, Teresa Poester e Marta Loguércio, entre outros.

      O Museu D. Diogo de Souza situado no prédio da antiga Beneficência Portuguesa abriga, além das exposições permanentes em suas amplas salas abertas ao público, a Fototeca Túlio Lopes, que guarda aproximadamente 30.000 fotografias que são testemunhos visuais do passado, o Arquivo Jorge Reis, composto de valiosos exemplares de jornais e documentos importantes para a história da cidade e também sua Reserva Técnica, onde estão acondicionados os demais objetos, que no momento não estão sendo expostos, mas foram doados pela comunidade e fazem parte desse importante acervo. Cabe ressaltar que a reserva técnica é tão importante quanto o que está exposto e exige os mesmos cuidados e atenção.

          Muitas são as necessidades dos museus e poucos são os recursos disponíveis para que estes cumpram seu papel social de adquirir, conservar, pesquisar, comunicar e exibir seu acervo de forma atraente e significativa para a comunidade. Nesse contexto, as parcerias comunitárias se fazem necessárias e as Associações de Amigos são uma das alternativas que os museus encontram para solucionar as dificuldades econômicas e organizacionais. Através das ações dessas entidades comunitárias, dos recursos arrecadados aos associados e parceiros, muito se pode fazer no sentido de melhorar a qualidade dos serviços culturais e educativo nos museus.

       A Associação Amigos dos Museus de Bagé (AAMB) foi fundada no mês de maio de 1979, nas dependências do Museu Dom Diogo de Souza por iniciativa do Dr. Tarcísio Antônio Costa Taborda com a finalidade de ser parceira nas atividades dos museus. A AAMB é uma entidade civil, sem fins lucrativos que tem por objetivo contribuir junto à instituição mantenedora, para a manutenção e salvaguarda dos acervos dos museus desta cidade. Apoiar e incentivar as atividades dos museus tem sido o trabalho dessa entidade que teve como primeiro presidente o Sr. Manoel Piragibe Teixeira, e no decorrer dos anos, contou com a dedicação várias pessoas da comunidade como: Lia Sarmento, Rafaela Ribas, Benjamim Vaz da Silva, José Tiarajú Taborda e Claudio Falcão, entre outros. Atualmente Elaine Tonini Bastianello, Adauto Simões Pires e Ana Lúcia Quadros buscam atrair na comunidade, novos sócios para ampliar esse importante trabalho junto aos museus. A Comissão Gestora dos museus da FAT, formada por Maria Luiza Pegas e Cármen Lúcia Barros, também busca, através de ações que estimulem o público a frequentar os museus, dialogar com a comunidade e, com isso, despertar o sentimento de pertencimento, fazendo com que esta se reconheça na instituição e se conscientize da importância do museu na sociedade.

Elaine Tonini Bastianello recebendo o prato com brasão de Dom Diogo das mãos de Martini.

   Através da AAMB, o acervo do Museu Dom Diogo recebeu recentemente uma significativa doação de um prato raso de porcelana brasonado da Companhia das Índias que pertenceu a Dom Diogo de Souza, fundador da cidade de Bagé. Foi o Sr. Delson Martini, proprietário do Comércio Martini e Antiguidades, localizado na Avenida Mostardeiro, número 120, de Porto Alegre, que gentilmente doou esse importante artefato com as iniciais do D. Diogo de Souza. Segundo Martini, essa peça foi encomendada pelo próprio Dom Diogo para presentear uma sobrinha na época de seu regresso a Portugal. A aquisição desse singelo prato para o acervo do Museu significa um resgate da memória da história da fundação da cidade, pois o mesmo é o único exemplar pertencente a Dom Diogo neste acervo. Outros pratos brasonados fazem parte do acervo deste museu, porém essa peça é especial por ser contemporânea a Dom Diogo de Souza.

     O museu é uma instituição essencialmente de memória, responsável pela promoção do patrimônio e pela sua difusão entre os cidadãos. A comunidade em geral e as escolas são agentes no processo de valorização e preservação do nosso patrimônio. Nesse contexto fica o convite a toda comunidade para visitar o Museu e conhecer o prato com brasão de Dom Diogo de Souza. Aos interessados em fazer parte da Associação Amigos dos Museus de Bagé e apoiar as iniciativas culturais dessas instituições, as fichas de inscrição estão disponíveis na Casa de Cultura Pedro Wayne ou no próprio Museu Dom Diogo. Os museus de Bagé precisam do apoio de todos nessa luta pela preservação da memória, do patrimônio e da identidade.
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Profª Ms Elaine Tonini Bastianello
Profª Ms Ana Lúcia Quadros
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10 de novembro de 2012

Emílio Guilayn - um homem de visão



Nesta terça-feira, dia 13, às 18 horas, o Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda promove em parceria com a Casa de Cultura Pedro Wayne a palestra "Emílio Guilayn - um homem de visão". O trabalho refere-se à pesquisa realizada sobre a vida de Guilayn, realizada por Mário Lopes e Heloisa Beckman Morgado, e apresenta documentos e fotografias cedidos pela família, do acervo da Sociedade Espanhola e do Museu Dom Diogo de Souza.

Conta um pouco da vida desse espanhol de Gerona que chegou a Bagé em 1884, com 19 anos, e foi um dos principais responsáveis pelo progresso e desenvolvimento de nosso município. Entre os diversos e grandes empreendimentos de Emilio Guilayn destaca-se a instalação da Usina Elétrica, que além dos benefícios diretos que proporcionou, deu grande projeção à cidade, sendo a primeira no interior do Estado a oferecer esse tipo de serviço. Emilio Guilayn criou a primeira Casa Bancária de Bagé e foi também o primeiro Presidente da Associação Comercial e Industrial e da Associação Rural.

Seu nome era amplamente conhecido não apenas no Rio Grande do Sul e no Brasil, como também no exterior, especialmente na Argentina, onde era sócio da Buxton, Guilayn & Cia. Emilio Guilayn faleceu em Paris em 1924, com 59 anos,  e deixou seu nome profundamente ligado a nossa história.

A palestra é aberta à comunidade e será apresentada pela presidente do NPHTT, Heloisa Beckman Morgado.
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9 de novembro de 2012

Sepé Tiaraju e a Guerra Guaranítica




Sepé Tiaraju e a Guerra Guaranítica
Livro do professor Dr Luís Rubira

No próximo sábado, 10 de Novembro, às 18h, por ocasião da 40ª Feira do Livro de Pelotas, ocorrerá o lançamento do livro Sepé Tiaraju e a Guerra Guaranítica, de autoria do Dr Luís Rubira, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas. Trata-se de um ensaio literário que veio a público em agosto de 2012 na 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo e que teve lançamento oficial no Estado do Rio Grande do Sul em outubro, na III Bienal Internacional do Livro de Santana do Livramento.

Saiba detalhes sobre a obra em entrevista concedida pelo professor Luís Rubira ao jornalista Marcelo Pimenta, do jornal Folha do Sul, de Bagé, publicada dia 8 de setembro de 2012:

Marcelo Pimenta: Como surgiu a ideia de escrever Sepé Tiaraju e a Guerra Guaranítica?

Luís Rubira: A ideia surgiu movida por duas razões: em primeiro lugar porque penso que, no Brasil, é expressiva a reflexão produzida pela sociologia, a história, a antropologia, a literatura e até mesmo a música, sobre os acontecimentos que compõem a cultura brasileira, sendo que a reflexão que parte da filosofia sobre estes mesmos eventos é praticamente inexistente. Dai que, há anos, eu já lia e investigava temas relacionados à história de nosso Estado, movido pelo interesse de pensar mais profundamente as raízes de formação do Rio Grande do Sul. Foi quanto, então, deparei-me com Sepé Tiaraju. A segunda razão decorre dai: vi em Sepé a prova do encontro das armas, da violência e da cobiça de Espanha e Portugal. Afinal, ele é morto por uma lança e um tiro que partem de portugueses e espanhóis. No que se refere ao solo do atual estado rio-grandense, nós tivemos em Sepé e nos guaranis-missioneiros, o momento final da resistência indígena ("ameríndia") que procurava garantir as terras em que eles viviam, há milhares de anos, antes da chegada dos conquistadores. É emblemático, portanto, que o sangue indígena tenha pago tão caro para o nascimento do Estado do Rio Grande do Sul e que, até hoje, nós não prestemos o devido respeito e cuidado aos guaranis (e outros povos indígenas) que sobreviveram ao genocídio, e que vivem mendigando em nossas cidades ou vivendo na beira das estradas.


MP: Esta é a tua primeira incursão no gênero de ensaio literário?

LR: Sim. De fato, e sua pergunta é precisa, eu me considero ensaísta, e não um escritor. Antes de chegar ao ensaio literário, exercitei-me escrevendo peças para teatro e poemas, que jamais publiquei. Meu primeiro livro publicado é resultado de minha tese de doutorado, na qual procurei evitar o academicismo, escrevendo-a na forma de um ensaio, cujo título é Nietzsche: do eterno retorno do mesmo à transvaloração de todos os valores (São Paulo: Discurso Editorial/Editora Barcarolla, 2010). Claro que este livro, fruto de 15 anos de investigação, oferece uma dificuldade ao leitor que não está envolvido com o debate em torno de certas idéias de Nietzsche, mas, ao mesmo tempo, pode ser lido, com algum esforço e boa vontade, por um leitor paciente e interessado no tema. E isto atribuo ao modo como ele foi escrito, ou seja, na tentativa de ser um ensaio. Todavia, eu considero o livro Sepé Tiaraju e a Guerra Guaranítica como um verdadeiro primeiro ensaio, sobretudo pelo fato de que, nele, tive que fazer o esforço para escrever tanto para um público em geral, quanto para o público especializado no debate sobre Sepé Tiaraju (historiadores, literatos, etc.). Mas somente os leitores poderão dizer se isto foi atingido.


MP: Como descrever a importância deste personagem mítico para a cultura do Rio Grande do Sul?

LR: Antes de responder sua questão eu gostaria de observar que, no livro, procurei desfazer o mito e encontrar o homem que se chamava Sepé Tiaraju (também nomeado, na época, como "Joseph", "Sepé", "Tiararu", "Josepho Tiararù", pelos padres, ou "Sapé", "Sepeê", "Joze Tharaju", "Sepé", pelos oficiais que escreviam diários dos exércitos). No que se refere ao mito para o Rio Grande do Sul, sabemos que ele começa, na literatura, desde 1769, quando Basílio da Gama escreve "O Uraguai". Depois são muitos aqueles que se debruçaram sobre Sepé, do escritor João Simões Lopes Neto ("O Lunar de Sepé") até o historiador Tau Golin (que também escreveu um ensaio literário sobre Sepé Tiaraju). Sua importância pode ser diagnosticada pelo seguinte: na época em que comecei a escrever o livro (em 2005), coincidiu com o momento em que o MST, no Rio Grande do Sul, identificava o seu discurso pela reforma agrária com a luta de Sepé Tiaraju por manter as terras indígenas. Ou seja: se do ponto de vista dos chamados "Heróis da Pátria", o povo rio-grandense pouco evoca (salvo em certos círculos) ou se identifica com eles, o fato é que o nome e o que há por trás do mito de Sepé Tiaraju continua vivo no imaginário gaúcho.


MP: Como tua observa essa construção romântica em torno do personagem feita através dos tempos?

LR: Como a construção romântica deve-se, sobretudo, à literatura, houve, por certo, a influência da corrente literária justamente denominada de romantismo. A partir dos anos 1950, muitos foram os escritores gaúchos que escreveram sobre Sepé. Mas além da influência de correntes literárias, penso que havia ainda pouco material historiográfico para que os escritores se debruçassem sobre a figura de Sepé. Dai a invenção de um Sepé que teria tido mulher, de um Sepé caudilho, etc.


MP: Quanto tempo levaste para escrever esta obra?

LR: Eu já investigava a história, a literatura, a música, a sociologia e a antropologia, no que se refere a estes temas. Então dediquei um ano inteiro para reler materiais ou ler obras que somente conhecia de nome, dentre elas, algumas literárias sobre Sepé. Um ano lendo e outro escrevendo. O livro ficou pronto em 2006 (em 2005, Sepé foi declarado "Herói Guarani Missioneiro Rio-Grandense", pela Lei 12366, de 4 de novembro). No período em que o livro ficou aguardando a publicação na editora em São Paulo, eu fui realizando ajustes até 2011.


MP: Como surgiu essa proposta de trazer ilustrações para a obra e o que ela representa para o teu interesse em desmitificar essa imagem romântica de Sepé Tiaraju?

LR: A proposta das ilustrações partiu da Editora Callis, responsável pela publicação do livro. É que este livro está dentro de uma coleção desenvolvida por esta editora, intitulada "A luta de cada um" (que já conta com títulos como Zumbi, Ajuricaba, Chico Mendes, Irmã Dulce, Luiz Gama, Vital Brazil e Pagu). Esta coleção apresenta sempre ilustrações. Eu já fazia, durante a elaboração do livro, muita pesquisa iconográfica, para tentar colocar o leitor ao mais próximo possível do que realmente compunha a indumentária, os objetos, e outros elementos utilizados pelos guaranis, na época, bem como pelos conquistadores. Então, um dia, escutando a RadioCom em Pelotas, uma rádio comunitária, ouvi uma entrevista com um Ilustrador, Sandro Andrade, e gostei de suas ideias. Dai entrei em contato com ele e o convidei para ser o ilustrador. Ao longo de quase um ano e meio trocamos impressões, documentos, informações, refizemos muitos esboços, até chegarmos a um total de aproximadamente 25 imagens que entraram neste livro.


MP: Ele foi lançado na 22ª Bienal Internacional de São Paulo? Como foi a repercussão?

LR: A Bienal do Livro em São Paulo é algo imenso. O livro foi mostrado para vários distribuidores do país e do exterior, bem como ao público que frequentava a Bienal. Mas a divulgação, aqui no Estado, está começando somente agora.


MP: Ele será lançado em Pelotas no final do mês? Há previsão de lançamento para a cidade de Bagé?

LR: Na verdade o lançamento será primeiramente na Bienal do Livro de Fronteira, em Santana do Livramento, no dia 26 de outubro. Depois em Pelotas, no dia 10 de Novembro. Em Bagé nós não fizemos contato ainda para a Feira do Livro, mas com certeza faremos um lançamento na cidade, até mesmo em função do assentamento Sepé Tiaraju.


MP: Dentro do teu trabalho acadêmico como tu observas esse livro com esse propósito de mostrar um Sepé mais "humano"?

LR: Preciso confessar o seguinte: lendo detalhadamente os (parcos) documentos historiográficos sobre Sepé, deparei-me com um índio inicialmente fiel aos padres (e contra os índios rebelados, que lutavam contra a invasão luso-espanhola), que, inicialmente, era responsável por eliminar os chamados "vagabundos do campo" (os "gaudérios" ou "gaúchos"). Mas, a partir de um certo momento aparece como comandante, como aquele que é respeitado pelos missioneiros, e que tenta estratégias de guerrilha contra os invasores. A chave para a compreensão de Sepé, para esta mudança de atitude, foi baseada em dois elementos: 1) num documento que ele escreve aos padres, e que é o momento em que ele acredita numa revelação de São Miguel Arcanjo; e 2) numa tese de doutorado, defendida em 1997, na Universidade de São Paulo, por Julio Quevedo (intitulada Missões jesuítico-guaranis do Prata: terra, trabalho e guerra), que sustentava, entre outros aspectos, a ideia de que os guaranis (e Sepé) foram movidos por um "messianismo missioneiro", ou seja, pela fé em Deus e São Miguel Arcanjo. Trabalhar uma questão como esta, como móvel de um ensaio literário, pareceu-me algo novo e, em especial, filosófico-religioso. Ela me permitia entrar no debate sobre a figura de Sepé, de modo a desfazer o "mito" e para mostrar um Sepé humano, em conflito, ou seja, um índio que, criado pelos padres com certos privilégios (por exemplo: aprender o espanhol), e durante muitos anos subordinado a eles, acaba por encontrar uma solução religiosa para manter-se fiel aos jesuítas, que ele amava, mas, ao mesmo tempo, lutar por sua nação indígena. Penso que tudo isso o leitor mesmo poderá compreender, caso o ensaio tenha, verdadeiramente, conseguido alcançar o que eu pretendia, em respeito aos documentos sobre os quais me debrucei, bem como à memória de Sepé Tiaraju e dos Guaranis.
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8 de novembro de 2012

Festa Internacional do Churrasco começa amanhã



A 10° Festa Internacional do Churrasco de Bagé, a festa que celebra o maior churrasco do mundo, será nos dias 9,10 e 11 de novembro no Parque do Gaúcho.

Segundo o coordenador do Parque do Gaúcho - e da Festa - Jorge Luiz Braga Abott, neste ano o evento terá novidades. "Nesta edição teremos como grandes atrativos as novidades trazidas pelos campeonatos esportivos e pelos roteiros turísticos. Com isto, vamos diversificar e proporcionar o entretenimento para todos os públicos", disse ele.

A festa terá o tradicional churrasco oficial no domingo e atrações, como:

Festival de Trova e Música Regionalista
Shows
Festa campeira
Passeios a cavalo e carroças
Mateadas
Acampamentos
Parque de Brinquedos infláveis
Jeep Cross
Aeromodelismo
Corrida de galgos
Cancha reta
Motovelocidade
Visitação a cidade cenográfica de Santa Fé
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7 de novembro de 2012

Quarta-feira, dia nacional do sofá - XLVI, Bolinha amarelinha

Foto Luiz Carlos Vaz

Como o biquini, aquele da música dos anos 60, o de bolinha amarelinha, assim era o meu pano antes de tirarem um pedaço. Até hoje penso que foi para fazer uma alegoria. Era época de carnaval, o pessoal faz cada coisa... Depois, sem o pedaço do assento foi difícil ficar na sala, claro. Todas as visitas perguntavam: "Tirou um pedaço para fazer um biquini de bolinha amarelinha?". Não deu outra. A brincadeira encheu, o carnaval sempre traz lembranças ruins, imagino, e aí sobrou prá quem? Prá mim, ora bolas! (Ou seria: ora bolinhas?)
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6 de novembro de 2012

IV Festival Internacional de Cinema da Fronteira



Estão prorrogadas até o dia 9 de novembro as inscrições para os interessados em participar do IV Festival Internacional de Cinema da Fronteira, previsto para acontecer de 20 a 25 de novembro de 2012 em Bagé. A programação deste ano contará com duas mostras competitivas, uma regional e outra internacional, ambas de curtas-metragens. A seleção local envolverá produções das cidades de Bagé, Hulha Negra, Candiota, Aceguá, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Alegrete, São Borja, Itaqui, Uruguaiana, São Gabriel, Jaguarão e Livramento. Mais detalhes sobre o regulamento e sobre como se inscrever podem ser conferidos no site oficial do evento, no endereço
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5 de novembro de 2012

Segunda. Tenho tanto o que fazer!


Foto Marcelo Soares

Segunda.
Tenho tanto o que fazer!
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Marcelo Soares

Preciso me vestir, mas percebo que as roupas, que pareciam tantas, em sua maioria  não mais me cabem, parecem apertadas, saíram de moda ou simplesmente - com as novas- descombinam como trapos.

Hoje é segunda e é novembro, é o novembro quando exclamamos: "puxa o ano já esta terminado!". Importa-me que não seja tarde, pois tenho tanto o que ser encaminhado.

A agenda tem vários formatos: uma é melhor para economia, outra para as atividades de prazer, mas cuido mais da do trabalho. Hoje é dia de pagar contas; o aluguel não pode ser atrasado;  o rancho de ontem ficou pela metade,  e gastos,  preciso trocar os sapatos.

Duas horas, mais duas são quase quatro e então, quando der por mim,  será noite sem que tenha voltado. Vou querer o conforto de minha cama, urge que arrume o quarto.

Preciso dividir um convite, mas percebo que amigos, que pareciam tantos, em boa parte não mais me  agradam, parecem também apertar-me. Mudaram os interesses, saí de moda, ou simplesmente -com os restantes - não combinam com meus tratos.

Tenho tanto que fazer, escolher a roupa, revisar agenda, pagar as contas, apagar mais um afeto e antes de sair, para que não perceba o passar do tempo... arrumar o quarto.
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O campo em flor - II

Foto LC Vaz

Vassoura Vermelha - Dodonea Viscosa, (família das Sapindaceae)
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