11 de abril de 2013

"April Love"...



"April Love"...
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(À Poetisamiga Vera Luiza dos Santos Vaz!)

J.J. Oliveira Gonçalves

Ah, a cálida, cândida, bela e inesquecível Primavera do Amor... Aquela Primavera do filme, sim. E, também, a minha - que a adolescência encanecida não me deixa esquecer. Ao contrário,  rega - religiosamente! - suas flores pretéritas com reminiscente cuidado e inviolável Carinho.

Lembro-me, como se fosse hoje, desse filme que narra a história de um Amor nos moldes de antigamente... Lirismo na tela. Romantismo explícito e piegas para os corações que - por razões que não consigo imaginar - não se abrem à linguagem simples e espontânea do Amor... Da Paixão confessa que não tem vergonha nem se diminui, (muito pelo contrário), ante a voz interior dos Sentimentos, ou aos arroubos malucos e imortais da Alma...

O cenário é naturalmente bucólico - uma fazenda - onde Pat Boone e Shirley Jones tecem um Amor tão belo quanto é bela e sonhadora a vida nos roseirais primaveris da Existência! Há um cavalo - feito de carisma e inteligência - que, coadjuvante da singular história, que faz com que nós, também, o cuidemos e treinemos, (juntamente com Pat Boone), para as corridas de sulky - um tipo de carrinho onde o "piloto" ou "jóquei" vai sentado, e é puxado pelo cavalo. Incrível como  aquelas cenas das corridas se "mexem", se movem, em minhas envelhecidas e enternecidas lembranças...

Mas, junte-se a todas essas recordações, a música que é a trilha do filme: "April Love" - "Primavera do Amor". Teve um tempo em que eu lembrava de toda a letra, espontaneamente. Ah, como eu gostava de cantarolar essas melodias românticas que emolduravam, marcavam e traziam  de volta os filmes que também nos marcavam... Têm coisas, acontecimentos e nuanças da vida que ficam feito tatuagens em nossa Alma - a pastorear o Espírito! E a música é, das Artes, creio que  mais "se gruda" em nossas "paredes" íntimas, abissais... Adoro música! Me fazem um bem danado ao corpo e à Alma - com certeza! Pat Boone é um daqueles cantores diferenciados que nos embala o Sonho, com a doçura e a calidez de sua voz cheia, redonda, afinadíssima, romântica... Para o bom gosto de meu ouvido e para a sensibilidade de minhas Emoções, Pat Boone é um dos maiores e mais carismáticos cantores americanos de uma época que deixou seu personalíssimo timbre na história e na esteira dos grandes e inimitáveis cantores americanos.

Mas, não pretendia escrever tudo o que escrevi sobre o filme. No entanto, bisbilhotando em meu arquivo musical, reencontrei esta gostosíssima , sonora e lírica melodia com Pat Boone. Então, se acordaram los recuerdos... Me vi adolescente por inteiro. Voltei às ruas e calçadas de Bagé - onde nasci. Me vi - de novo - morando na Gen. Neto e, posteriormente, na Gen. Sampaio. De repente, meus Sonhos me sorriram, novamente. Novamente, tive todos os meus Amores, (que já passaram para o Outro lado da Vida), torcendo por mim e me oferecendo o mesmo Amor que a eles ofereci. Sei: foi uma emotiva Viagem Espiritual ao Passado. Passado que canto tanto em prosa e verso e, creiam: não o canto por cantar, nem canto em vão!

Ah... E entre tantas e tão amorosas relembranças, lá estava o pequeno poeta... O tímido e franzino guri do "Estadual", com sua Musinha de flamantes e fragrantes 16 anos... Lá estava o "Cine Avenida" - moderno, aconchegante e confortável... Ah, lá estava - na "Sessão Vermouth" lotada, (de um agora suspiroso domingo), "April Love"... Numa tela imensa e imaculadamente branca e generosa...

Ó, Orpheu: por que me escolheste para ser poeta? Por que, Orpheu, não me permitiste ser apenas um homem-comum? Ou um louco que - alienado - sorri para todos, para a Vida, para si mesmo e de si mesmo? Não vês, Orpheu, que Sofro de Dor incurável e de uma Melancolia que, de nascença, já me matou - embora eu continue aqui? Aqui, onde tudo começou... Aqui, onde vivo por viver... Sem poder voltar às Carícias indeléveis das mãos sedosas e amanhecidas do Passado... Pois, é... Orpheu...

Porto Alegre, 09 de Abril - Dia de Aniversário da CAPPAZ/ 2013. 23h23min
jjotapoesia@gmail.com - www.cappaz.com.br
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2 comentários:

Vera Luiza SVaz - maudepoesia.blogspot.com disse...

Vaz, ontem, após agradecer ao JJ pelo carinho da dedicatória, comentei, através de email o quanto o texto "April Love" me faz recordar as lindas tardes dominicais no Avenida.
Esperadas, durante a semana de estudos no Estadual, faziam a alegria de corações adolescentes...
Lindas tardes!!!
Lindo texto!!
Abraço!

Anônimo disse...

Oi, Vaz...

Grande satisfação ao encontrar em nosso "Velha Guarda" este que escrevi entre suspirosas lembranças. Esse cartaz, aí, me convidou a uma viagem nostalgicamente amorosa pelas ramagens de uma Bagé construída, (em meu coração!), de Lirismo e Adolescência... De Sonhos e Esperanças...
Ah, as tardes de que a Vera Luiza fala eram tardes regadas à juventude... Como costumo dizer e escrever, eram tempos singelos e singulares de Pão e Mel - debruados de sorrisos e de crenças no amanhã...

Um bem bageense e franciscano abraço para vocês!
JJ!