20 de abril de 2020

Pedro, João Marcelo e o cavalo Sem Nome

Pedro, João Marcelo e o cavalo Sem Nome - Foto Luiz Carlos Vaz/GIMP J L Salvadoretti

Pedro, João Marcelo e o cavalo Sem Nome 

Trilogia do Cavalo Sem Nome - I

Luiz Carlos Vaz (*)

Hoje pelas dez horas eu curtia um solzinho dentro de casa, em plena quarentena do covid, quando um anúncio vindo da rua me levou à janela: Banana, abacate, maçã... lembrei que a última banana da cesta havia sido aqui disputada no tapa, e perguntei ao anunciante que conduzia uma carroça, carregada de todas as frutas já descobertas pelo homem e outras tantas que ainda nem devem constar em qualquer manual de botânica: Quanto é a banana? Ele respondeu o preço e já foi oferecendo na resposta mais uma gama de espécies de frutas conhecidas. Só não entraram na oferta as frutas ainda não catalogadas ou nomeadas nem pela ciência de Macondo, e que deixavam as molas da carroça quase paralelas com seu peso, sem qualquer curvatura que garantisse o molejo da carga.

Enquanto decidíamos o que comprar, muito mais pela cor e pelo perfume das frutas, do que pela real necessidade de vitaminas e beta carotenos, fui puxando um assunto com os feirantes móveis. Fiquei sabendo que se chamam Pedro e João Marcelo, e que o cavalo deles não tem nome.

Ora, retruquei, mas ele precisa ter nome! E se ele se perder pelo campo? Como vocês vão chamá-lo? E por aí fomos papeando. Encomendei uma caixa de madeira, para começar a fazer uma compostagem na sacada de casa (coisas para me manter ocupado durante a quarentena) e tratamos que na próxima quarta-feira nos encontramos novamente quando passarem por aqui apregoando as ofertas.

Só espero que o fiel cavalo já tenha nome, Rocinante, o nome que sugeri a eles, verdadeiros Quixote e Sancho, que lutam diariamente com todas as suas forças e como podem, contra os Moinhos da modernidade, os aplicativos, as tele entregas e outras coisas que nem o Cigano Melquíades imaginaria levar algum dia para apresentar ao Coronel Aureliano.

Nada perguntei sobre uma possível Dulcinéia... mas isso, certamente, será nosso assunto da próxima semana!
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(*) Luiz Carlos Vaz é Jornalista, Fotógrafo e Editor deste Blog

Um comentário:

J.L. disse...

Não pude deixar de lembrar Elis:
"Acreditar na existência dourada do sol..."
Sim, por sorte ainda há quem lute contra os moinhos...

Perfeito!

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