28 de abril de 2022

Que tiro foi esse, viado?

 


Imagem: divulgação da Internet



Athos Ronaldo Miralha da Cunha (*)

Quando vi a notícia de que o ex-ministro da educação disparou um tiro no aeroporto, fiquei me imaginando ali pelas redondezas em algum balcão de atendimento. O cagaço seria grande.

Após o estado de estupefação de tão inusitada notícia, veio em minha mente a música “Que tiro foi esse?” da Jojo. Teria outra? 

Na minha santa ignorância achei que o cara iria ser indiciado por tentativa de homicídio sem a intenção de matar. Mas uma bolsa de água quente nas costas é para poucos. Costas quentes e amigo do rei. 

Nessa história toda a guria da Gol deve dar graças aos céus. A tragédia poderia ser fatal para ela. 

Se eu fosse escrever uma ficção em que um ex-ministro dispara, acidentalmente, uma arma no aeroporto, a bala mataria alguém. Certamente. Eu faria a bala acertar um deputado... um senador... porque a gente tem que dificultar a vida do personagem. Na melhor das hipóteses eu faria a bala acertar a tornozeleira eletrônica de um condenado. Sei lá, outro deputado. 

E por falar em tornozeleira... a capacidade desse povo de provocar fatos políticos é fora do comum. A bala nem foi recuperada e um deputado federal assume como membro titular da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ostentando um “invejável” adorno: uma tornozeleira eletrônica. É a dialética do absurdo. 

A esculhambação é geral e irrestrita. Nesse furdunço em que se transformou o país, ninguém mais se entende. Entende? 

O fulano não tem a menor condição de ser portador de um bodoque e o beltrano deveria ir para a comissão da faxina no xilindró.

Mas calma que tem mais. Eu nem quero imaginar onde vai ser o próximo tiro acidental. 

Na minha ficção eu daria um tiro – acidental, bem entendido? – no saguão do... deixa quieto.



Que tiro foi esse, viado?

Que tiro foi esse que tá um arraso?

Que tiro foi esse, viado?

Que tiro foi esse que tá um arraso?

[Um viva à Jojo]

(*) Athos Ronaldo, que é santamariense por adoção, é um filho de ferroviário que nasceu em Santiago e estudou engenharia na UFSM. Foi funcionário da "Caixa", participou de algumas antologias, publicou vários livros de contos e já recebeu vários prêmios literários com eles. Athos, um colorado convicto, também está presente no livro de crônicas O gol iluminado, publicado em 2009.

Nenhum comentário: