28 de fevereiro de 2010

Três meses de "Velha Guarda"

O portão do "novo" Estadual, agora pela General Osório,
sempre aberto para receber a Velha Guarda
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Em três meses foram mais de 7.000 acessos de internautas de 18 países, através de mais de 2.000 computadores, em mais de 90 postagens, que receberam mais de 100 comentários, onde 32 leitores se inscreveram como Seguidores. Isso é um resumo do que foi o Blog da Velha Guarda do Carlos Kluwe, o nosso Colégio Estadual de Bagé, nestes 90 dias de existência. Criado dia 28 de novembro de 2009 apenas para ser mais um ponto de encontro virtual dos antigos alunos do Estadual, o Blog alcançou números nunca imaginados neste curto espaço de tempo se considerarmos, principalmente, que esse período engloba Natal, Ano Novo, férias e Carnaval. Ouvimos muitas sugestões e pedidos durante nosso encontro de 12 de dezembro de 2009, quando o blog tinha apenas duas semanas, e passamos a receber muitas colaborações. Aliás, essa tem sido uma das principais características do Blog: receber colaborações dos colegas. E elas vêm de vários lugares e das formas mais variadas. Por e-mail recebemos mensagens de colegas, que preferem essa forma de comunicação, e acabamos descobrindo antigos amigos e fazendo novos. De São Paulo recebemos colaborações principalmente da Ana Saturnina e do Manoel Ianzer. No Rio de Janeiro, o Miro está abrindo os baús à procura de fotos d’O Grupo, banda da qual ele participou em Bagé. O Domingos Sávio também disse que vai mandar fotos do Beat Five. A Norma, de Porto Alegre, vai mandar fotos também, mas isso é surpresa! O Hamilton tem mandado vários textos. A Clara também. A Heloisa Beckman manda sempre notas culturais, a Janice colaborou muito no início, quando tudo ainda estava muito simples, com fotos super antigas e também com as primeiras fotos atuais do Estadual. Ela foi a primeira a enviar o Blog para o exterior enchendo nosso contador de bandeirinhas de vários países. A Delta e a Jéea, que mandou fotos de sua formatura, sempre ajudam a identificar antigos colegas assim como o José Alexandre nos seus comentários. O Gerson mandou várias fotos. Um jovem colega, que passou “rápido” pelo Estadual num curso de língua estrangeira, O Ézio Sauco, se tornou um colaborador do Blog. Sem esquecer do nosso poeta, o Pedro, sempre lascando uns versos do fundo da sua guaiaca virtual. Já publiquei fotos enviadas pelo Paulo Learci e ainda tenho fotos enviadas pelo Amado Medronha que permanecem inéditas. Precisamos contar as histórias hilárias enviadas pelo Sidney Ollé... Será que esqueci alguém? Sim, esqueci a Liliana Telles que é a “fotógrafa oficial do Blog”, com as fotos das mensagens de Natal e Ano Novo, Cine Apollo, Falcão e Sofia, e da “panela” do Candal. Ainda temos as promessas (que serão cumpridas, é claro) da Claudete que vai mandar scaner do cartaz do Eclipse, da Ana Alice que tem muitas fotos guardadas, do Sérgio Saraiva, nosso "Jabuti" do Estadual e... Temos comentários da Leli, Cecy, Mirian, Alan, Igor, Norma, Cigana, Damián, Nilza... Mas queremos receber também da Marga, Ângela, Amélia, Cládio, Hermes, Vera, Paulo Edi, Ana Bezerra, Rejane... Outros leitores que não “passaram” pelo Estadual também colaboraram. Anabela Medeiros Pires enviou as fotos dos trens e o Armando, o poema da Panair. A Maribel fez as fotos do Encontro do dia 12 no Estadual e da confraternização, à noite, no Betemps. A foto da enchente é da Ângela Diaz. A Maria Luiza nos enviou contatos e outras referências do quase desaparecido amigo Carlos Moraes. Deve estar faltando alguém ou alguma coisa, claro, mas o que não pode faltar é o agradecimento a todos os colegas, amigos – novos e velhos, e leitores do Blog, pelo incentivo diário nos crescentes acessos, nacionais e internacionais - medidos pelo Trendcounter, pelos comentários nas postagens e pelos diversos e-mails que recebemos. Também é importante lembrar o apoio que recebemos dos jornais Diário Popular e Diário da Manhã, de Pelotas, Minuano e Pampa, de Bagé e da Zero Hora, de Porto Alegre. Março inicia. Para o Blog fica o desafio de produzir, com o indispensável apoio dos leitores, muitas matérias que ajudem a resgatar a história e a memória do Estadual e, consequentemente, da cidade de Bagé. Que venham mais 7.000 acessos. Parabéns a todos nós!
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26 de fevereiro de 2010

O sumiço dos anões

O paulista Rogério Ianzer, então com dois anos,
observa incrédulo os "cinco" anões da Branca de Neve


O colega Manoel Ianzer manda este interessante registro que já foi, inclusive, matéria no jornal Minuano outro dia (1). Ainda ontem o Ézio fazia referência à praça Silveira Martins no comentário à postagem Dobrando a curva de Pessoa, sobre a preferência que ele e o professor Henrique Oswaldo tinham por esse local. Por onde andarão os anões? Fazendo o "orçamento" é que não estão...

"Corria o ano de 1973. Eu - Manoel Ianzer, nascido em Bagé e residente em São Paulo, ex-aluno do Estadual, aproveitei as férias para matar a saudade "muito forte" pelos parentes e por minha cidade. Num belo dia, levei meu filho de dois anos, para passear na Praça Silveira Martins. Fiquei surpreso ao ver a Branca de Neve com apenas cinco anões. Falei para o meu filho: olha os meninos da branca de neve. São sete, dois foram passear. Fale bom dia para eles. Ele olhou espantado e ficou encantado. Tirei esta foto. Foi um momento mágico, para um pai orgulhoso pelo filho e por Bagé. Fiquei desconfiado pelo que estava acontecendo na minha cidade "um roubo". Será que é o início da violência em um lugar tranquilo? Quem levou? Para onde? Para enfeitar o seu jardim! Senti um aperto na garganta e minha alma se entristeceu. Obs: Posteriormente soube que devolveram os dois anões para a praça. 2009 - Sumiram todos os anões, deixaram somente a Branca de Neve."

Enviado pelo colega
Manoel Ianzer

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(1) clique no link abaixo para ver a matéria enviada pelo Ianzer para o Minuano
http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=47651
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25 de fevereiro de 2010

Dobrando a curva de Pessoa

Henrique Oswaldo era da turma que entrou em 1964 para o Ginásio do Estadual.
Na foto maior ele aparece em pé, à esquerda, com as mãos nos bolsos.
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"Neste dia 25 de Fevereiro de 2010 completa-se um ano desde a partida do professor Dr. Henrique Oswaldo Camargo Nunes. Um ano de muita luta e saudade para aqueles cuja vida foi marcada pela presença iluminada do professor Henrique. Impossível descrever tal indivíduo. Cada pessoa que conviveu com ele aprendeu como lição, um exemplo de carisma e determinação. Era uma figura singular, notável, de personalidade forte e aguerrida, daqueles seres humanos que nos orgulhamos de ter conhecido num saldo final. Com sua maneira despojada, transformava a química em um denominador comum entre ele e os alunos; animava os discípulos usando uma linguagem simples e acessível para comentar os mais complexos conceitos da química. Seus princípios educacionais baseavam-se na educação tradicional sem interrupções e conversas paralelas, mesmo isso não sendo levado a sério por parte dos estudantes. Manteve sempre consigo frases expressivas para chamar a atenção, entre elas as que ficaram marcadas na memória de todos são: “Está se achando o Highlander Imortal” (dizia quando um aluno falava uma gracinha); Tá tchê, tá tchê... Margarete Thatcher (quando o aluno falava paralelamente com ele, durante uma explicação. Depois quando o mesmo olhava em sua direção, ele completava a frase dizendo: Margarete Thatcher), Olha os bombeiros oh! Calma, calma, calma (quando alguém perdia a paciência com outro colega ou professor). Esta última muito utilizada comigo, quando exaltava-me ao ver o desleixo e a forma que alguns profissionais da educação tratavam alunos e funcionários, no final ele conversava e o sentimento que vinha depois de seus diálogos era sempre alegria e compreensão. Compreensão que talvez tenha sido o maior dos ensinos que propagou, porém sempre batalhou por um mundo melhor, em diversos aspectos. Como bibliotecário na Biblioteca Ernesto Wayne da Escola Estadual Frei Plácido, organizou, catalogou livros e adquiriu computadores para os alunos que frequentam o local. Como Professor, seu nome ficou marcado na história daquela Escola, sendo homenageado recentemente pelos formandos 2009. Homenagem justa ao homem que trabalhou honrosamente pela instituição, homem que travou batalhas contra os “podadores de sonhos”, sonhos que muitas vezes eram só o que restava para vários alunos. Persistiu em seus ideais até o fim, mesmo quando todos já haviam abandonado a guerra e perdido as esperanças, inclusive eu. O Doutor em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ganhou o mundo através da eternidade de seus atos, marcados na memória de todos nos. 'Morrer é só não ser mais visto'.

Assim o jornal Zero Hora noticiou seu desaparecimento, aos 56 anos de idade, no ano passado:
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Formado em Engenharia Química pela UFRGS, e graduado em Química Industrial pela PUCRS, em Porto Alegre, Nunes era figura conhecida em Bagé. Por suas mãos, passaram gerações de alunos da região durante os últimos 30 anos em que exerceu atividades no magistério estadual, em colégios particulares e cursinhos e como professor de petrografia no curso de agronomia do Centro de Ciências Rurais da Urcamp. Filho de Oswaldo da Cunha Nunes e Ondina Camargo Nunes, destacou-se pela liderança familiar e pela dedicação ao esporte. Fundou dois times amadores em Bagé: o Esporte Brasil e o Fabricio Pilar. Apaixonado por futebol e futsal, o professor era considerado expansivo, de fácil tratamento e com jeito despojado de fazer amigos.Deixa a mãe e três irmãos: o militar e advogado Luís Celso, a pedagoga e gerontóloga Ida Gleci e a professora Nara. Divorciado, tinha três filhos: o jornalista Eduardo, o professor de educação física Luis Henrique e a estudante de fonoaudiologia Eveline.
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Ézio Sauco"
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Nosso colaborador Ézio Sauco, que foi aluno do professor Henrique Oswaldo, nos enviou este belo texto sobre o nosso colega. Na véspera do nosso encontro em 12 de dezembro, ilustrei uma chamada intitulada "Nosso encontro é amanhã" com a foto que ilustra este post. Postei um comentário dizendo que nosso colega falecera no início daquele ano e era também um excelente aluno que só passava por média (1). O poeta Fernando Pessoa, diz na sua poesia lírica A morte é a curva da estrada, que morrer é só não ser visto. Se o poeta disse, deve ser isso mesmo. Em homenagem ao Henrique Oswaldo publicamos abaixo a poesia
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A morte é a curva da estrada
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A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
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Fernando Pessoa,
Lisboa, 23 de maio de 1932
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(1) Comentário à postagem dia 11 de dezembeo de 2009: "Em primeiro plano, de jaqueta e mãos nos bolsos, aparece o colega Henrique Oswaldo Camargo Nunes, falecido em março deste ano. Henrique era engenheiro e professor da Urcamp. Grande inteligência, passava sempre "por média". 11/12/09 às 11:28.
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24 de fevereiro de 2010

Antigos mestres - V

O professor Boaventura era mais parecido com o Mandrake
do que o próprio Mandrake


Mas diferente mesmo era o Prof Boaventura Miele da Rosa. E por um único e raro motivo. O professor Boaventura era iniciado nas artes do ilusionismo, da prestigitação, ou seja, era mágico. Sim, isto mesmo: mágico. Sua aparência lembrava o herói dos quadrinhos do Lee Falk, o Mandrake, que morava em Xanadu com a princesa Narda (1). Era um homem alto, sempre de terno escuro, camisa branca, gravata borboleta e cabelos levemente grisalhos penteados para trás, fixados com ajuda de alguma Glostora, e um bigodinho fino e estudado. Era o avatar do Mandrake. Seguidamente fazia apresentações em festas, quermesses e... na sala de aula. Vez por outra, ao adentrar em classe, e sem dizer nada, arregaçava as mangas do casaco como fazem os verdadeiros mágicos, e movimentando as mãos com habilidade, fazia aparecer e desaparecer entre os dedos, bolinhas, cachimbos, lenços.... Mas isso durava dois ou três minutos. Assim como começava, terminava. Recompunha as mangas do casaco e passava a fazer a chamada como se aquilo tivesse sido nossa imaginação. Por instantes ficávamos nos perguntando: que homem é esse? Mas era só o professor Boaventura, nosso professor de Desenho, que logo após a chamada percorria as classes para examinar as pontas dos nossos lápis. Não era raro sacar de seu afiadíssimo canivete e providenciar uma ponta digna de um florete para que iniciássemos nossos traçados de retas e curvas. Mais tarde, quando o Estadual já nos dera "régua e compasso", os gestos mágicos do professor Boaventura ainda povoariam nossa nostálgica lembrança do colégio que, por muito tempo, manteve ao lado da inspetoria de alunos um "Quadro dos alunos suspensos" com os nomes dos colegas, digamos, mais salientes. O desenho dessa grade, que dia a dia ia acrescentando uns nomes e retirando outros, era semanalmente feito pelo nosso mestre do ilusionismo. O preenchimento dos nossos nomes no quadro, feitos com a caligrafia grotesca dos inspetores de disciplina, não era digno do meticuloso traçado à giz feito por nosso querido Mandrake. Mas o registro dos nossos nomes nesse quadro, minunciosamente desenhado à giz, hoje já não tem mais nenhuma importância. São lembranças que se pulverizaram no tempo como num passe de mágica. Aplausos... pano rápido. O espetáculo do quadro terminou. Mandrake já está no camarim retirando a maquiagem e nós aqui hoje pensando... Porque foi mesmo que o nosso nome foi parar no quadro desenhado pelo professor Boaventura?
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(1) Outro personagem de Lee Falk, o Fantasma, já foi assunto do Blog no post Leitura de férias - III, de 6 de fevereiro de 2010.
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23 de fevereiro de 2010

Lobisanjo

Com edição esgotada O Lobisanjo é o primeiro livro do Carlos
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Recebi, de forma comovida, um comentário ao post Felizes? Sim... , de 10 de janeiro de 2010, que faço questão de publicar como uma postagem nova. Quem manda é o Carlos Moraes, o nosso velho e querido Padre Carlos, irmão do professor Guido, e que já mora em São paulo há mais de trinta anos e não é mais padre. O Padre Carlos seguidamente palestrava para os jovens na Páscoa dos estudantes no Estadual. O Carlos, antes de sair de Bagé, e depois de sair da Cadeia, nos deixou seu primeiro livro, O Lobisanjo, já autografado, na Livraria Previtalli. Carlos, que já publicou vários livros, prometeu um texto inédito para o Blog, logo que termine o livro dos "100 anos do Corinthians", seu segundo time do coração pois, segundo confessa, já nasceu Jalde Negro.
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Caro Luiz Carlos,
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que baita concentração de tempo e eternidade
naquela foto do churrasco do terceiro científico de 1964.
Dom José sorrindo, Guido ao violão, os professores.
E aquele polaco maluco, o Emílio, onde andará?
Dom José, já bispo de Chapecó,
foi acometido de uma doença degenerativa e teve,
pelo que soube, uns últimos anos bastante dolorosos.
Guido de violão e cigarro cantando Al di lá...
Legal essa tua batalha pela memória,
dos "al di lá" e dos "al di cá".
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Abraço
Carlos
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22 de fevereiro de 2010

Nas asas da Panair - II


PANAIR DO BRASIL

Para ler ao som de
"Saudade dos aviões da Panair" (1),
de Milton Nascimento e Fernando Brant,
interpretada por Elis Regina


Panair...
Meu ar, meu calcanhar
A primeira Coca-cola, meu sobretudo
Sobre tudo sonho ar
Meu azar
Sonho o Brasil
A América do novo mundo
Sonho fuzil de 64
Sonho tudo no ar
Radar, primeiro golpe
Sonho calcanhar que dói
Panair dos suspensórios
Suspensos no ar
Penso Brasil das favelas, penso vielas
Penso Mourisca que-te-abandono
No ar é tudo sonho grande
Em terra, sonho pequeno
Brasil do sonho, Panair te devo
Te devo Brasil, fuzil
Devo Mourisca ao longe
Sobretudo a Coca-cola
E o novo mundo.


Armando Cruz (2)
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(1) Essa música nos LPs do Miltom traz o nome, entre parenteses, de Conversando no Bar, que é como ficou conhecida depois.
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(2) O Armando Cruz, leitor do blog da Velha Guarda do Estadual e autor deste poema, é professor da Faculdade de Educação da UFPel e veio de Portugal, "pelas asas da Panair", aos oito anos, deixando para trás sua pequena aldeia natal chamada Mourisca do Vouga e a ditadura de Salazar. O Armando leu o post de 20 de janeiro de 2010, Nas asas da Panair, e lembrou que tinha escrito há algum tempo esse poema e nos enviou. Grato ao Armando.
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21 de fevereiro de 2010

Boca de sino

Formatura de Ginásio do Gerson, final dos anos 70.
Da esquerda para direita aparecem: Cristina, Fátima, Gerson, "Bandeja", Maria

e um rapaz de barbinha, não identificado, à esquerda, que segura um microfone.

No início dos anos 70 as calças boca de sino eram a última moda para os guris. As gurias, devidamente autorizadas por madane Coco Chanel, usavam a mini saia. No início dos anos 70 também já não se faziam as formaturas tradicionais no auditório do Estadual. Essa solenidade havia sido convertida em uma "missa de formatura", normalmente realizada na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, por ser a uma quadra do nosso colégio. Isso, de certa forma, dava para os alunos uma maior liberdade para vestir-se mais na moda no dia da formatura. Dá para constatar esse fato na fotografia da formatura de Ginásio enviada pelo Gerson. As gurias vestem mini saias e os guris garbosas calças boca de sino. A Maria, mais fashion, veste um macacão de brim, peça também "super descolada" para uma garota dos anos 70. O cabelo dos guris já está crescendo e o Gerson mesmo, segundo me disse, só vai cortar o dele no dia de bater a foto para o alistamento militar...
Só temos notícias do Gerson. Por andam a Cristina, a Fátima, a Maria e o Bandeja? Aliás, como era mesmo o nome do Bandeja???
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20 de fevereiro de 2010

Antigos mestres - IV

O colega Gerson Mendes Corrêa envia esta foto
onde aparece recebendo o seu certificado de conclusão do curso Científico
das mãos do diretor do Estadual, o professor Cerezer
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Outro professor que marcou época foi o Cerezer. O Edisson Heráclyto Cerezer. Professor de História Geral, foi também diretor de turno e diretor do Estadual. Muito bonachão e amigo dos alunos, não era lá muito simpático quando perdia a paciência. Mas, no geral, todos têm dele uma boa lembrança. Na sua função de diretor de turno e encarregado de muitas outras coisas acabava furando muitas aulas... dai, marcava trabalhos, leituras. Tinha o costume de, ao perceber que alguém estava conversando durante suas aulas, aproximava-se rapidamente do conversador e dizia: "Repete o que eu estava dizendo! Ah!, não sabe? Estava conversando...!" E ai vinha uma bela lição de comportamento... mas não passava disso. Era filiado à Arena (1) e ocupou vários cargos políticos de confiança como Delegado de Educação. Sempre que iniciava o recreio ele entrava na sala do Geceb e dizia em alto e bom som: "Toquem ai o "Eu te amo meu Brasil !" (2).
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O Ézio Sauco, jovem colega que estuda na escola Justino Costa Quintana, mas que "já passou pelo Estadual", enviou dados interessantes que pesquisou no blog da escola que ganhou o nome do Cerezer.
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"A Escola Estadual Professor Edisson Heráclyto Cerezer foi inaugurada em 2 de junho de 1978 como Unidade de Ensino de 5ª a 8ª série, Polivalente II. Tinha por objetivo a iniciação profissional através da área técnica com disciplinas como Técnicas Comerciais, Técnicas Agrícolas, Técnicas Industriais e Técnicas Domésticas. Resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, Governo do Estado e Prefeitura Municipal, contava no início com 410 alunos e oito professores habilitados pelo Programa de Expansão e Melhoria do Ensino (PREMEN). À frente da então Delegacia de Ensino, o professor Édisson Cerezer, e a Delegada Adjunta, professora Carmem Diva, empossaram como primeiro diretor, o professor Carlos Alberto Farinha e como vice, a professora Corina Maria de Llano Albano. Foram diretores da escola os professores Harry Erno Hoerlle, Válter Veloso dos Santos, Esperança Vasconcellos Ferreira, Ivo da Silva Moraes, Marden Jesus Vaz e Magale Rossani Machado Berny. A atual diretora é a professora Nancy Quintana. A escola conta com um amplo espaço físico, além de salas específicas para audiovisual, biblioteca, refeitório, 12 salas de aula e laboratório de informática. Em 1980, em justa homenagem ao professor Cerezer que falecera, a escola teve seu nome alterado passando a denominar-se Escola Estadual Professor Edisson Heráclyto Cerezer - 5ª a 8ª série."
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(1) Arena, Aliança Renovadora Nacional, partido criado por decreto, em 1964, para dar apoio ao regime militar instalado no pais em 31 de março daquele ano.
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(2) Música do grupo Os incríveis, de caráter ufanista, que visava exaltar as "coisas boas do Brasil" que vivia sob os rigores do Ato Institucional número 5, o AI-5, que havia suprimido todas as garantias constitucionais dos cidadãos brasileiros. O Geceb, grêmio Estudantil do Colégio Estadual de Bagé, possuia um toca discos que reproduzia n'o pátio (3) nos horários do recreio, "músicas e informações"
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(3) Ver postagem do dia 6 de dezembro de 2009, com o título: O pátio.
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19 de fevereiro de 2010

Duas meias, por favor!

O pessoal ainda não respondeu o Quiz do Apollo, mas já vamos perguntar:
De qual falecido cinema de Bagé é esta bilheteria? (1)
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Era assim que a gente chegava em frente a bilheteria do cinema e se dirigia a bilheteira ou bilheteiro. Estávamos acompanhados pela namorada. Dizer duas meias, era mostrar que o compromisso estava ficando sério e já estávamos pagando o cinema para a namorada. Era dessa forma que os guris do Estadual começavam a se tornar rapazes com capacidade de convidar, e pagar, o cinema para outra pessoa. Três meias? shiiii... nem pensar. Seria sinal que um "chá de pera" estaria nos acompanhando durante as duas horas de escurinho e a programação ficaria só em assistir o filme. Beijinho? nem no rosto... Portanto, pedir as duas meias era o máximo para os adolescentes dos anos sessenta que já adquiriam a confiança das futuras sogras e levavam, sozinhas, as gurias para um cineminha. Pagar só o preço da meia entrada, garantida pela carteirinha de estudante (2), possibilitava, inclusive, alguma extravagância depois da sessão, como uma Gasosa, um Milk Moni ou uma lasca de Canja Americana ("de abacaxi e banana"), coisas de um tempo em que ainda não havia refri, bolachinha recheada e batatinha Rufles...
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(1) foto tomada agora em janeiro de 2010.
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(2) O post intitulado "Carteiraço", de 14 de janeiro de 2010, mostra a importância da Carteira de Estudante para os jovens dos anos 60.
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18 de fevereiro de 2010

Les Chauffeurs - VI, Antigos mestres - III

Esta é uma cópia da Chevrolet C-14 "tobiana" que,
segundo o Pedro, era pilotada pelo Marzinho
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Outro Chauffeur e Mestre do nosso velho Estadual foi o professor Ademar Machado (1), o Marzinho da química orgânica que, segundo o Pedro, tinha uma chevrolet C - 14, "tobiana". Dele guardei duas frases que ficaram famosas. Uma: "Diploma não encurta orelha" (2); outra: "Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, isso não pode!", (ou pode, conforme a ocasião). Esta última, segundo ele, acabava com qualquer discussão porque ninguém conhecia a íntegra da lei. Ele afirmava que em várias reuniões com professores e pais de alunos chutava artigos e parágrafos e ninguém mais piava sobre o assunto por acharem que ele era um especialista na LDB. Marzinho, como vários outros professores daquela época, era dentista de profissão. Filho de outro professor do Estadual, Adhemar Amoretty Machado, que era um “cobra” da física, mas que só foi conhecido pela turma mais antiga do colégio. Há, também, uma escola em Bagé com o nome de um outro professor da família, seu tio, “Escola Professor Waldemar Machado”. Ademar tinha o costume de citar frases e autores famosos mas era muito sério e não dava muita conversa para os alunos fora da sala de aula. Ele guardava o velho costume dos antigos professores e dava aula sempre de casaco mas, já sem o uso constante da gravata. Tão logo “batia”, ele entrava imediatamente na sua caminhonete C - 14 tobiana, e subia a Tupi Silveira rapidamente...
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(1) O Marzinho aparece na foto do post de 30 de dezembro de 2009, intitulado "Quatro professores", em uma tomada feita em frente ao Estadual junto com alunos e outros colegas professores..
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(2) Essa frase ele usava toda a vez que um aluno queria saber a nota da prova e se havia passado ou não. Ele repetia, a exaustão, que a nota (diploma) não encurtaria a orelha (de burro) se, por acaso, o aluno não passasse sabendo o conteúdo da sua química orgânica.
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17 de fevereiro de 2010

Máscara negra - IV, Quarta-feira de cinzas

Eu, na época já saindo do Estadual, e meu amigo Vinicius de Moraes
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No nosso tempo do Estadual, a Quarta-feira de Cinzas era o período que marcava o fim do Carnaval e o consequente início da Quaresma. Hoje, evidentemente, continua igual. Só que naquele tempo, nesses quarenta dias, os clubes sociais não organizavam bailes ou outras festas de maior vulto que envolvessem a comunidade (1). Era um período de calmaria e retiro espiritual para uma grande parte das pessoas confessadamente católicas. Conforme o maior ou menor fervor religioso das famílias, já não haveria o consumo de carne em todas as sextas feiras da Quaresma. Havia um controle social muito grande sobre o comportamento de todos, inclusive nas escolas públicas, e uma longa espera pelo Sábado de Aleluia(2), onde, após a Sexta-feira da Paixão, tudo estaria liberado de novo. Os bailes, as festas, as grandes comemorações públicas... tudo era possível outra vez, até cantar em voz alta no banheiro.
Vinícius de Moraes escreveu um poema em que retrata muito bem todo esse clima de fim-de-festa da Quarta-feira de cinzas e que reproduzimos abaixo, lembrando sempre que, apesar de tudo e de todos "...no entanto é preciso cantar."
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Marcha de Quarta-feira de cinzas
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Poema de Vinicius de Moraes
Musicado por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra
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Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
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(1) Lembro de uma excursão de um time de futebol amador do Bairro São Judas, numa Sexta-feira Santa, em que o ônibus da Empresa Frederico, que levava jogadores e torcedores, na volta da festa virou com toda a turma dentro. Toda a cidade comentou que seria castigo por não respeitarem a Paixão de Cristo. Não morreu ninguém, mas muitos feridos foram encaminhados para a Santa Casa na ambulância do SAMDU. Castigo ou não, meu tio, José Oliveira, que estava na tal excursão pecadora, teve as costas totalmente queimadas e dormiu de bruços por muito tempo.
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(2) Era costume entre os guris receber os colegas pela manhã na escola com um chute na bunda quando, depois do gesto, se gritava dizendo: Aleluia!
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16 de fevereiro de 2010

Máscara negra - III

O texto desta flâmula do Clube Recretivo Brasileiro
faz alguma confusão com o Centenário da cidade
e o Cinquentenário do clube. Clique na imagem e confira.

Nas fotos enviadas pelos colegas que ilustram as postagens com o título "Máscara negra", mostramos cenas de bailes de carnaval dos clubes Comercial e Caixeral. Mas um outro clube, que era bem popular, o Clube Recreativo Brasileiro, também fazia suas festas e seus bailes de carnaval. Como todo clube social da época - numa época em que se frequentavam clubes sociais - o Recreativo tinha suas regras, e uma delas era muito interessante: não se podia entrar no clube "vestindo calças Lee". Isso para os guris era uma verdadeira tragédia pois as calças Lee eram um símbolo de sua geração e precisava ser ostentado, principalmente numa época em que só haviam as Lee importadas. Isso deu muito pano para manga (ou perna) quando, depois de se apresentarem no Cine Glória pela tarde, Renato e seus Blue Caps animaram um baile à noite no Recreoso (1). O que deu de guri voltando da porta do clube para ir até em casa trocar de roupa, não foi mole. E, pasmem, todos os integrantes do Renato estavam usando calças Lee dos mais variados modelos e cores... Mas, nós, tivemos que ir até em casa trocar as Topekas, as Santistas, as Brim Coringa e até as raras Lee, por calças de outros modelos. Eu, não tive dúvida, coloquei as calças do uniforme do Estadual e dancei a noite inteira ao som de Saudade que ficou, Feche os olhos e Meu bem não me quer...
Uma vez pensei em me fantasiar de James Dean, com calças Lee, jaqueta de couro e tudo mais, e aparecer na porta do Recreativo só para ver se iria ser barrado... Coisa de guri, como diz a Heloisa: "não me levem a mal, hoje é carnaval..."
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(1) Recreoso era a forma carinhosa de se referir ao Clube Recreativo Brasileiro. A sede do clube, na Sete de Setembro, fechou as portas há algum tempo e não se entra mais lá nem "com" ou "sem" calças Lee.
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11 de fevereiro de 2010

Leitura de férias - V

Simbad foi o primeiro "livro grande" que ganhei

No dia 21 de dezembro de 1960 ganhei meu primeiro livro de histórias: Simbad, o marujo (1). Foi presente de aniversário de meu irmão e irmãs. Um livro belíssimo, formato grande, capa dura, ilustrado com bicos de pena de “Nils” que mostram as situações incríveis vividas pelo corajoso marinheiro de Bagdá. Além da narrativa das sete viagens do marujo, a metade final do volume traz algumas das histórias das 1001 noites, como O cavalo de ébano, Os encontros noturnos de Harun-al Raschid, A história de Abou Hassan, e outras.

As ilustrações do livro forneciam as dicas para imaginar o resto

No início senti falta de mais figuras, mas logo a imaginação se encarregou disso e as ondas gigantes de oceanos nunca vistos por mim, e que ameaçavam o barco de Simbad, já estavam perfeitamente configuradas na minha mente. Eu era um guri do primário mas logo fui me acostumando com a leitura dos livros mais robustos.

Mas, imaginação mesmo, era preciso ter para ler o Barão

Julio Verne era o nosso George Lucas

Depois, em 1963, fui presenteado com As aventuras maravilhosas do Barão de Münchausen e, em 14 de agosto de 1965, cai nas garras de Julio Verne com Cinco semanas num balão. Nunca mais pude parar. As leituras de férias foram ficando cada vez maiores e, no Estadual, uma professora de português diferenciada, a professora Maria Veleda, colocou em minhas mãos, em 1964, ainda na primeira série do Ginásio, O Pequeno Príncipe, do Exupéry, e na terceira série, o maravilhoso livro de Henri De La Vaux, A volta ao mundo por dois garotos. A professora Maria Veleda ficou me devendo as férias de 1966, pois nelas acabei lendo as quase 400 páginas do De La Vaux...

Não sei o que o os alunos do Estadual lêem hoje. Mas, é certo que existem muito mais livros na Biblioteca, nas livrarias, nos supermercados, nas bancas de revista etc. Tomara que eles não estejam perdendo o precioso tempo dessas férias com o biguibroder. Ora, é claro que não estão!
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.(1) O livro é uma publicação da Casa Editora Vecchi, em 3ª edição. Uma impressão muito boa, capa dura, 90 páginas no formato 22x32, tradução de Lívio de Almeida. Logo no início há uma informação de que “Simbad, o marujo, foi filamdo pela RKO, numa produção de Stephen Ames com direção de Richard Wallace. Argumento de John Twist e Geoge Yates”. Ainda informa o pequeno quadro, no centro da página quatro, que “o filme foi estrelado por Douglas Fairbanks, Mauren O’hara, Walter Slezak, Anhotny Quinn, George Tobias, Jane Greer, Mike Mazurki, Sheldon Leonard e Alan Napier.” Meu irmão (sempre ele...) me levou para assistir esse filme, muito tempo depois, no saudoso Cine Capitólio.
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10 de fevereiro de 2010

Máscara negra - II

Alaide Ianzer é a quarta da esquerda para direita
ao lado do "chinês" sem chapéu

É... estamos mesmo na semana que antecede ao "reinado de Momo" (1). Os colegas gostaram da fotografia enviada pela Heloisa e já começaram a revirar os baus. O colega Manoel Ianzer mandou uma fotografia que mostra um bloco composto por guris e gurias do Caixeral, onde aparece a nossa colega do Estadual, Alaide Ianzer. Já mostramos um bloco composto por Índias e outro por Caveiras. Pois este bloco do Caixeral, que brincou no carnaval de 1963, é composto por Chineses e Chinesas. Vamos aguardar para ver o que mais aparece... por onde andarão Pierrot e Colombina?
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Foto enviada pelo colega
Manoel Ianzer
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(1) Momo é uma das formas dos deuses Dionísio e Baco. Vivia no Olimpo como os outros deuses da mitologia grega. Filho do Sono e da Noite, Momo tinha como diversão ridicularizar e debochar das outras divindades. Por esse motivo foi expulso do Olimpo e mandado para a Terra onde, como castigo, passou a ter um reinado efêmero de apenas três dias.
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9 de fevereiro de 2010

Máscara negra

Numa bela alusão a música Máscara negra, de Zé Kety (1), a colega Heloisa manda esta bela lembrança do Carnaval dos tempos que era aluna do Estadual...

Clique na foto para aumentar
"Tanto riso, Oh! quanta alegria... e ainda mais juntando dois blocos nada a ver... as Índias com os Caveiras!!! No Carnaval de 1966, em Bagé, no Clube Comercial. Da esquerda para a direita: Eliana Pibernat, Heloisa Beckman entre as gêmeas Clarice e Berenice Martins Brasil, Cármen Beatriz Fuchs e Marília Lo Iácono. Em pé, no centro, Edmundo Gomes e o último é o Marco Antônio Bidone. Os outros não lembro, não me levem a mal, hoje é Carnaval...".
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Enviado pela colega
Heloisa Beckman
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(1) Zé Kéti (José Flores de Jesus) nasceu no Rio de Janeiro em 06 de Outubro de 1921 e faleceu em 14 de novembro de 1999. Sambista da Ala de Compositores da Portela, compôs, entre outras, as músicas A voz do morro e Leviana que foram incluídas no filme Rio, 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos; Malvadeza Durão, Opinião, Acender as velas e Diz que fui por aí.
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8 de fevereiro de 2010

Leitura de férias - IV

O número um, do Pato, tem somente a capa em cores

Na apresentação, o Pato Donald se diz amigo do Bando da Lua,
músicos de Carmen Miranda,
e do personagem brasileiro, Zé Carioca

As páginas internas são impressas em um tom azul escuro

O Estadual ainda não havia sido fundado e Walt Disney lançava no Brasil, em 1950, uma revistinha mensal chamada O Pato Donald. Numa iniciativa da Editora Abril, do ítalo-americano Victor Civitta que, recém chegado ao Brasil, revolucionaria o mercado editorial dos quadrinhos e das revistas para adultos, o Pato demoraria alguns anos para se firmar como um sucesso editorial. Dizem que vem dessa época a expressão "Quem vai pagar o Pato?", pois a revista foi por muito tempo deficitária e precisava do rendimento das outras publicações da Editora Abril para se manter viva. Neste número "1", somente a capa é impressa à cores. O miolo da revista é impresso com um azul escuro. Há uma mensagem de apresentação do Pato Donald, através do que pretendia ser uma coluna interativa, chamada Radio Pataquada (sic), onde era prometido, inclusive, remunerar "com dez cruzeiros" a quem enviasse uma piada que fosse publicada na respectiva seção. O Pato número um traz, além de histórias do Pato Donald e seus sobrinhos, Huguinho, Luizinho e Zezinho, aventuras do Mickey, Pluto e Pateta, do Lobo e Lobinho e da turma do João Honesto. Foi somente durante os anos sessenta que as revistas com a marca Disney passaram a dominar o mercado, dito infantil, e se tornaram leitura obrigatória de crianças e adultos. O Pato Donald passou a ser semanal e a Editora Abril iniciou a publicação do Mickey, como uma revista mensal e com mais páginas. Tempos depois vieram os Almanaques Disney mas também a disputa pelo público infantil, com a Turma do Pererê, do Ziraldo e dos personagens do Maurício de Souza, Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão etc. Incrível, mas esta edição Número Um do Pato Donald, que ilustra o post, e que comprei já há algum tempo num sebo, vai fazer 60 anos em julho...
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7 de fevereiro de 2010

Alláh-la-ô ôôô ôôô

O paredão da Panela do Candal com um fiozinho d'água... (1)


...dias depois, as águas procuram seu lugar e devastam tudo. (2)

Estamos atravessando o Deserto do Saara, o Sol está queimando a nossa cara. Mas não falo da marchinha de carnaval. É o atual Verão que derrete nossos miolos e lembra, ai sim, a antiga marchinha de Haroldo Lobo e Nássara, Alláh-lá-ô, para o carnaval de 1941, interpretada pelo Carlos Galhardo. Não estamos no Egito, mas vamos ter que rezar para que Alláh mande água para ioiô, iaiá e para a represa da Sanga Rasa, para que Bagé, neste início de 2010, não fique com problemas de abastecimento para o resto do ano. Isso de faltar água não é coisa antiga, é coisa de 20, 30 anos... por ai. No nosso tempo do Estadual a cidade era menor, claro, mas nunca tivemos grandes problemas com falta d’água. A cidade cresceu e não se preocupou com o abastecimento da população. Os arroios foram assoriando, foram sendo canalizados e praticamente desapareceram. Quando chove muito e as águas procuram os antigos leitos dos rios, muitos deles ocupados irregularmente, aparecem as cheias e ai... temos que pedir para Alláh parar com água senão ioiô e iaiá poderão morrer afogados.
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Adicionamos no Blog uma janela do Tempo Agora com a Previsão para Bagé. Dessa forma os leitores e colegas podem acompanhar a situação do clima na terra do Estadual.

(1) Foto de Liliana Telles
(2) Foto de Ângela Diaz
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6 de fevereiro de 2010

Leitura de férias - III

Este Almanaque do Fantasma foi lido dezenas de vezes
durante as férias de 1955, 1956, 1957...


Mas uma das coisas mais esperadas nos finais de ano no Estadual (1) era o Almanaque de férias do Fantasma. Lee Falk, o criador do "espírito que anda", nunca deve ter imaginado a expectativa que causava em nós. O Almanaque era reforçado em número de páginas e sempre trazia uma história longa onde o Mr. Walker, acompanhado do lobo Capeto, do cavalo Herói e do falcão Fraka, ia além das florestas de Bengala. Passando por portos e aeroportos, andando em trens ou caminões de carga, o Fantasma desmantelava quadrilhas de contrabandistas, traficantes de armas ou animais, deixando em seus rostos a marca feita com o anel da caveira depois de um único e potente soco. Guran, o líder dos pgmeus de Bandar, amigos e protetores dos segredos de todas as gerações dos Fantasmas, sorriria ao final da aventura quando o herói, sem nenhum superpoder, mas que empunhava com maestria duas pistolas calibre 45, devolvia a tranquilidade a todos e podia voltar para os braços de sua noiva Diana. O Almanaque do Fantasma seria lido muitas vezes durante o período de férias do Estadual. Fico me perguntando se Mr Walker achou tempo para se casar com a noiva Diana e deixar um sucessor para a geração dos Fantasmas. Certamente Guran, já bem velho mas ainda lider dos pigmeus de Bandar, deve estar mostrando, ao novo sucessor da dinastia, as cavernas secretas com os baús de pedras preciosas e os livros que contam a história das Gerações dos Fantasmas iniciada há mais de 500 anos. Sim, o Espírito que anda é, na verdade, o continuador de uma geração de homens que luta, de forma permanente e implacável, contra o mal e a corrupção. Bem que o filho do Fantasma poderia aparecer por aqui...
.(1_)
(1) O Almanaque do Fantasma que ilustra este texto é de 1955, ano de fundação do Colégio Estadual de Bagé.
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5 de fevereiro de 2010

Uniformes


Este "monograma" era carregado bem junto ao nosso coração

Nos anos sessenta o Estadual redesehou seus uniformes. Calça em xadrez pied-de-poulle com camisa branca para os guris, e saia, no mesmo xadrez, e blusa branca, para as gurias. Complementavam o uniforme blusões de malha nas cores vermelha para o Ginásio, verde para o Científico e preta para o Clássico. Foi realizado um concurso para o desenho do novo logotipo que serviria para ostentar no peito a nova marca do Colégio Estadual Dr. Carlos Antonio Kluwe, o CECAK. Vários desenhos foram apresentados pelos alunos da disciplina de desenho e o vitorioso foi o de uma colega com uma concepção bem moderna, em linhas retas, com as cores tradicionais do colégio. A Ana Saturnina enviou para o Blog esta lembrança que por muito tempo enfeitou o peito dos alunos do Estadual. Ele foi confeccionado em dois tamanhos. O menor para usar na camisa ou blusa, "no lado do coração", e um maior, para usar sobre o meio dos blusões onde reluziam as tradicionais cores do nosso velho Estadual. Alguém lembra o nome da moça que fez o desenho?
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4 de fevereiro de 2010

Leitura de férias - II

O nosso Anjo antecedeu James Bond na forma glamurosa de combater o crime


Mas, se as gurias se deliciavam com as fotonovelas, os guris do Estadual tinham também os seus heróis. Um, entre tantos, se destacava por ser um herói nacional, brasileiríssimo, carioca da gema! O detetive "Anjo". Surgido como uma série produzida para o rádio por Álvaro Aguiar, foi levado aos quadrinhos pelo excelente desenhista Flávio Colin. O Anjo era um detetive bom vivant, que desvendava com astúcia, só vista depois em James Bond, crimes e mistérios que ocorriam sempre no Rio ou em São Paulo. O Anjo formava, com mais três amigos, um quarteto imbatível. O mais famoso era o Metralha, que portava uma submetralhadora sob o paletó e resolvia tudo na base do ratátátátá... o Faísca era o intelectual do grupo. Havia também um jovem motorista que vestia uma jaqueta de couro no melhor estilo James Dean, de nome Jarbas. A série radioafônica, com episódios diários de 10 minutos, era acompanhada pelos guris do Estadual através das ondas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e era trasmitida por volta das seis da tarde. Uma pedida era ouvir a série com a revista "as aventuras do Anjo" na mão, olhando os personagens e imaginando-os em ação. Depois, um pouco antes das sete horas, antes da Voz do Brasil, ainda podíamos acompanhar as aventuras de Jerônimo, o herói do sertão, que, sempre ajudado pelo Moleque Saci, lutava constantemente contra o Caveira que queria dominar o tal sertão e lesar os pequenos agricultores... Jerônimo, que foi criação de Moysés Weltman, foi também levado aos quadrinhos pelo Flávio Colin. Essas revistas são hoje muito raras e só são encontradas em locais especializados em quadrinhos nacionais cult. Anjo e Jerônimo - juntos - só perderam a batalha contra a indústria americana dos Comics. Foi uma luta desigual. Superman, Batman, Mandrake, Fantasma... e mais todos os mocinhos do Far West, se associaram ao Caveira e aposentaram, cedo, os nossos heróis da cidade e do sertão.
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3 de fevereiro de 2010

Danúbio Gonçalves em Bagé

O mestre Danúbio entre amigas no dia do seu aniversário dia 30 de janeiro

"Danúbio Gonçalves completou 85 anos. Integrante do famoso Grupo de Bagé, Danúbio é considerado o maior artista plástico residente em nosso Estado. Para nosso orgulho, possui vínculos muito fortes com nossa cidade, e frequentemente vem a Bagé para receber homenagens, rever amigos, realizar exposições (1), cursos, gravar entrevistas e cenas para documentários e filmes. Comemorou seu aniversário rodeado da família, artistas, amigos e admiradores. Com agenda lotada de encomendas, trabalha incansavelmente em vários projetos, muitos relacionados a Bagé. Entre os que foram abraçá-lo, Rosa Reschke, Consuelo Cuerda e Heloisa Beckman."
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Enviado pela colega
Heloisa Beckman
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(1) Uma exposição de gravuras de Danúbio Gonçalves inaugurou no dia 11 de dezembro de 2009 o novo espaço dedicado às artes no antigo porão do Estadual. Danúbio nasceu em 30 de janeiro de 1925, em Bagé.
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