27 de março de 2010

Bagé em expansão

Na foto, enviada pelo Gerson, aparece a faixa
com o "slogan" criado pelo Antonio Pires

Já no folder, a frase: "Bagé, Terra do Presidente",
reforçava a idéia de compromisso da cidade com o Médici

A programação incluia várias atividades, inclusive, em Dom Pedrito
.
Foi o prefeito Antonio Pires que colocou Bagé na "modernidade" do anos setenta, da modernidade do "milagre brasileiro" do ministro Delfim Neto. Os militares haviam assumido o comando do país em 1964 quando, através de um golpe, depuseram o presidente João Goulart, que havia sido eleito como vice de Jânio Quadros que renunciara. A primeira medida tomada pelos milicos foi terminar com as eleições diretas para os cargos executivos de presidente, governador, prefeito de capital e de cidades das "áreas de segurança, fronteira, portuárias e estações hidro-minerais". Ora, fronteira e áreas de segurança podiam até ser explicadas mas "estações hidro-minerais" era dose prá cavalo! Bagé, cidade de fronteira, passou a ter interventores nomeados pelo presidente da república ao invés de prefeitos eleitos pelo povo. Antonio Pires foi um deles. Uma de suas frases mais famosas foi a de que "Não vim tirar o pó da mesa, vim virar a mesa!" Homem forte e polêmico, sua missão em Bagé, além de adminsitrar a cidade, era conseguir para a Arena, partido do governo, a maioria na câmara de vereadores. Era preciso tirar da oposição esse gostinho de ter a maioria na "terra do presidente". Antonio Pires cortou as árvores da Avenida Sete para colocar em seu lugar postes com iluminação à mercúrio. Ele quis cortar, inclusive, as palmeiras em frente ao IMBA. Lembro que a diretora disse a ele. "O senhor pode cortar todas as árvores da Avenida Sete e da cidade mas nas palmeiras do IMBA o senhor não mexe!" Essa virada de mesa ele perdeu. Antonio Pires falava "em cadeia" de rádio todos os dias após a uma da tarde, depois do expediente visitava vilas, centros de umbanda, clubes de várzea, batizava crianças, ia a casamentos e... criou um "slogan" para a cidade: "Bagé em expansão!" com logotipo e tudo mais que a tal modernidade dos anos setenta exigiam. O Duda Mendonça ainda usava calça curta e o Antonio Pires já se tornara o maior marqueteiro do Médici na região. Pelo primeira vez a cidade colocava a propaganda a serviço da administração pública. Foram produzidos folders, "plásticos" para colar no vidro do carro, flâmulas e tocavam jingles de propaganda nas rádios. O jornal Correio do Sul publicava várias notícias que davam conta das obras da Prefeitura. Faixas com a frase "Bagé em expansão" estavam presentes em todos os lugares. No dia da posse do general Médici como "presidente" do Brasil o Estadual desfilou, junto com todas as outras escolas da cidade, num "desfile da mocidade" fora de época. O resultado foi que nas eleições de 1972 a Arena, pela primeira vez na história, fez maioria na Câmara de Vereadores, os postes com iluminação a mercúrio foram instalados na Avenida Sete e foi iniciada a construção do ginásio Militão. Irresponsavelmente, quando da visita do Médici a Bagé, a cidade pediu ao presidente a construção de um "ginásio coberto" em vez de uma nova estação de captação e tratamento de água. Mas, era "Bagé em expansão" e, não ter um ginásio coberto, era coisa de cidade atrasada, não de uma cidade que era a "Cidade do Presidente..." Água... bem... água... água caia do céu!
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10 comentários:

Gerson Mendes Corrêa disse...

Vaz, nessa foto do arriamento da Bandeira pelo Estadual, na foto eu sou o segundo e a minha direita e de corpo inteiro está o filho do prefeito Pires, aliás o apelido dele era pezinho devido ao tamanho, é lógico do pé do individuo, inclusive entre nós estudantes brincavamos com ele que o motivo do slogan "Bagé em Expanssão" seria para ele não tropeçar. E veja como são as coisas, coincidência ou não, ele está posicionado bem no meio da faixa com o slogan, interessante.

Luiz Carlos Vaz disse...

Gerson, detalhes importantes nesse teu comentário, eu mesmo não sabia que o Pires tinha filhos estudando em Bagé. Um abraço.

Gerson Mendes Corrêa disse...

Realmente, quando ele foi para Bagé foi sozinho, logo após ter sido indicado, pela Presidencia da Republica, até porque quando acontecia a posse era meio de ano letivo, então ele esperou que esse ano terminasse para que a familia o acompanhasse em Bagé, e foi o que aconteceu. Se não me engano ele era filho de Caçapava do Sul.

Luiz Carlos Vaz disse...

Não Gerson, me parece que ele era natural de Bagé mesmo, do distrito de Palmas. Certa vez eu estava lá com um grupo do Cartório Eleitoral, onde trabalhava na época, e ofereceram um "carreteiro" para a turma. Ele agradeceu dizendo e brincando com o pessoal: "Comi arroz demais quando era estudante de engenharia na UFRGS, agora só quero churrasco gordo..."

Hamilton Caio disse...

Esclarecendo a dúvida: Tchê, vocês andaram "raspando perto". Segundo a gauchada que conhece o "home", o Antônio Pires nasceu "nas Lavra" (Lavras do Sul), mais precisamente no Rincão dos Saraivas, mas muito criança veio "pras Palma" (Palmas), o distrito de Bagé, de onde já eram seus pais e tinham propriedade.

Luiz Carlos Vaz disse...

Hamilton, bom esclarecimento. Era das "Palma" afetivamente mas deixou o umbigo enterrado nas "Lavra" do Carlos Moraes e do Paulo José.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog! Para completar a informação, lembro que o Antônio Pires tinha também duas filhas: Eneida e Mônica a caçula. Ambas estudaram no Silveira Martins e faziam parte do Coral "Pequenos cantores do SM", onde as conheci. Em relação ao Slogam, lembro que na época faltava água em Bagé sim e, também, a "repetidora" da TV Globo ficou muito tempo "fora do ar"...então havia um complemento ao slogam Bagé em expansão, sem água e televisão". Nas viagens do coral para participar dos festivais de coros em POA, o Prefeito e a esposa também participavam muito. Lembro de sentir medo da presença dele, mais do que respeito pela autoridade e eu tinha uns 10 anos de idade.

Luiz Carlos Vaz disse...

Alô Anônimo das 08:45. Obrigado por visitar o Blog. Se não tiver uma "conta Google" e quiser assinar a postagem, faça ao final, escrevendo o seu nome. Seja também um seguidor do nosso blog e, se quiser compartilhar outras memórias e informações, mande para nosso mail. Obrigado.

Assoarte disse...

gostaria de saber noticias de um cinema e radio que funcionava no mesmo lugar,onde la tinha shoou de calouros onde eu participava era mais ou menos no ano de 1974,lembro que era no centro em frente a praça,o jornal ou foto zero hora naquela epoca tirava fotos ,onde posso achar alguma coisa sobre isso,esperarei resposta.

Luiz Carlos Vaz disse...

Olha, "Assoarte", cinema+rádio+perto da praça = Cine Capitólio e Rádio Clube de Bagé. A Rádio Difusora também teve o Mini Cine Difusora junto, mas não ficava perto da praça Silveira Martins, a do centro. Hoje só existem as rádios, os cinemas, conforme várias postagens que podes ler no Blog, fecharam. Material sobre os festivais, só na coleção do jornal Correio do Sul, que está no Arquivo Público Municipal. Grato por ler e comentar no nosso blog. Estudou no Estadual? Em que ano? Abraço.