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Hoje se completa uma semana do falecimento de Edmundo Castilhos Rodrigues. O artista nascido aqui em 1936, deixa, além de uma belíssima obra, muitos amigos e muita saudade para a cultura da cidade de Bagé. O Ezio Sauco, colega que passou rapidamente pelo Estadual, seu jovem amigo e admirador, escreveu esta nota sobre o Edmundo, que alçou seu voo para a eternidade no dia 4 de maio passado. O irmão do também artista Glauco Rodrigues, foi membro fundador do Cultura Sul, e integrante do Núcleo de Pesquisas históricas Tarcísio Taborda. A biografia completa do artista pode ser apreciada no site
."Bagé perdeu na última semana (ou a eternidade recebeu?) um dos seus mais significativos artistas e cidadãos. Edmundo Castilhos Rodrigues voou aos céus para integrar uma estrela, formada pela alma dos homens que viveram, respiraram, e hoje são parte daquilo que melhor compõem a essência da alma bageense. É difícil imaginar Bagé sem Edmundo, sem seus quadros exaltando as raízes pampeanas, sem seus versos universais ultrapassando fronteiras e tornando-se harmoniosos símbolos diante a céus de inquietude. Confesso, e não com receio, que via ele como um velho amigo de longa convivência, como aqueles amigos que se debruçam em uma ponte para observar as águas passarem e os sonhos reacender-se depois de anos de lutas e desilusões. Nosso convívio perdurou menos de um ano, onde aprendi a respeitá-lo e admirá-lo, e soube que nasceu no recentemente longínquo ano de 1936, tendo como irmão mais velho Glauco Rodrigues, e menos de dez anos depois recebe Menção Honrosa no concurso de pintura e desenho realizado pela Prefeitura de Bagé, tendo como mesa julgadora o prefeito Gil de Souza e o escritor Pedro Wayne. Depois disso universalizou-se, realizando inúmeras exposições individuais e coletivas de pintura e desenho no Brasil e exterior. Viajou e recebeu em Estocolmo premiação por sua participação nas forças de Paz da ONU no Egito, em 1659 e 1960, quando pintou diversos painéis em cantinas e barracas dos soldados brasileiros. Conquistou diversas premiações como o Prêmio Chico Buarque de Holanda, no II Salão Esso de Artistas Jovens, no Rio de Janeiro, em 1968. Em 1982, lança seu primeiro livro de poesias, “Repartida Poesia”, editando em seguida o livro “Clovis Assumpção Irmão Maior” (1988), lançado na Feira do Livro de Porto Alegre. Em 1995 cria o Sobrado Galeria de Arte, Bar e Café Concerto, onde organizou diversas Exposições de Pintura, Desenho, Gravura, Escultura, além de lançar vários livros de autores bageenses. Organizou o livro da poetisa Iolanda Abero Sá, com prefácio do professor Eduardo Contreiras. Suas aventuras são tantas, que somente uma minuciosa pesquisa acadêmica poderia descobri-las.
Partiu, para em cada esquina desejarmos encontrá-lo, caminhando lentamente pelas ruas de Bagé, no incansável caminho das artes.
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Partiu, para em cada esquina desejarmos encontrá-lo, caminhando lentamente pelas ruas de Bagé, no incansável caminho das artes.
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.......................................................Ezio Sauco"
.Nas Ruas de Bagé
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Por onde anda o poeta?
Pelas Ruas de Bagé?
aquelas que sentem à presença
dos arbustos amordaçados
pela ausência de seu filho
desaguado do mundo para cá.
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Que ruas são essas?
nas quais enxergo minha alma
na pedra ríspida.
E o fronte do palacete
Amedronta fantasmas
- rejeitados do novo continente –
Contidos nas armas
da batalha não muito recente.
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Ruas onipotentes
onde trafegam artistas,
músicos, dançarinos e pensadores,
Onde caminham poetas anarquistas
Entre filósofos com velhas dores.
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Cai uma folha aqui
E outra lá.
Trazendo lembranças férteis
daqueles cafés embriagados,
transbordando memórias poéticas
diante de Ernesto Wayne.
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Ventre frio e aconchegante
gera música dispersada
pelo dia fechado.
Para o sol resguardado
passos ao vento
Ode a calor,
E quando se vê
Sara Ramirez no esplendor
do dia que passou.
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Zombam os clarinetes!
começa a noite
Cobrindo com o longo manto negro
a velha agência bancária,
Na escadaria Edmundo Rodrigues
embrandecendo a arte
Nas ruas de Bagé.
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Ézio Sauco
2009
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Enviado pelo colega
Ezio Sauco
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4 comentários:
Obrigado por ter mencionado minha mãe,
da qual tenho o privilégio de ser filho.
Sara Ramirez.
Jerônimo Ramirez Vicêncio
Ézio, meu amiguinho de poesia, gostei muito de suas manifestações neste espaço. Não só gostei, como fiquei ainda mais surpresa e admirada de tua precoce sensibilidade e perfeição no trato com as palavras. Ed merece. Abraço. Sheila
Ézio, prezado amigo, você me surpreende a cada dia, com sua precoce sensibilidade e pela forma inteligente no trato com as palavras e com as ideias. Ed merece suas homenagens. Abraço. Sheila
O Edmundo Rodrigues nos idos 60, foi o dono da Boate Cacimba na Galeria Kalil. Ambiente bem sofisticado onde o Conjunto O Grupo tocou algumas vezes. Lembram disso?
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