2 de fevereiro de 2011

"As lanternas da cidade..." - VI, Prá quem fica...tchau!

.Uma tesoura atrevida, por acidente, cortou o negativo que guardo desde aquele dia
.
Com um casaco sobre o ombro
Vou buscando o meu destino
Não importa essa gente
Vou seguindo meu caminho

Com um casaco sobre o ombro
E mil sonhos em minha mente
Desta vida não me assombro
Lutarei contra a corrente

Eu quero ser um triunfador
Pela vida e pelo amor
............
.
Prá quem fica... tchau!
.
Fiquei em Bagé até assistir o filme de Reginaldo Farias, Prá quem fica... tchau!  Junto com Marcelo Zona Sul, eram filmes que tocavam muito no coração e na alma da gente. Éramos jovens, muito jovens, e estávamos prestes a deixar a adolescência e entrar na chamada idade adulta. O milagre brasileiro não acontecia nas cidades pequenas e as oportunidades e perspectivas estavam somente nas cidades maiores. Além disso, as vicissitudes do amor, do sexo, uma possível gravidez e um bebê chorando nos braços, eram sempre uma possibilidade real. Pensava em ir para o Rio de Janeiro que era o lugar para onde todos queriam ir – e muitos foram (e voltaram). Eu não tive como ir, e a família não incentivou. Optei pelo mais simples. Ir para uma cidade onde houvesse universidade e emprego, onde poderia estudar, trabalhar e me manter. E foi assim que um velho trem da VFRGS me levou para Pelotas onde fui fazer Jornalismo. Quando resolvi que era hora de sair, pedi para o meu amigo e colega do Estadual, Ricardo Gonçalves, o Pernambucano, bater uma foto para que eu sempre pudesse me lembrar desse dia. Do dia em que fui embora... Lembrar o momento em que deixava a terra onde estava enterrado meu umbigo e partia, com um casaco sobre o ombro, ...seguindo meu destino... para ser um triunfador, pela vida e pelo amor, como cantavam os rapazes do grupo The Jordans. Sai de Bagé, trilhos afora, casado com a namorada, em direção a um mundo novo e desconhecido... Começaria uma nova vida, independente, sem hora para deitar ou levantar, dono (?) do meu nariz, para desespero de minha mãe e de meu pai. Na hora em que batiam as dúvidas e as incertezas e os olhos marejavam, para me consolar, eu só lembrava da frase do Lui, o personagem do filme vivido por Stephan Nercesian:
Prá quem fica... tchau!
.
Luiz Carlos Vaz
..................................
The Jordans
O Triunfador
(El Triunfador, Franco-Valdez-Loforte,
versão Sebastião F. da Silva e Mário Antônio Holvorcen)
.
Com um casaco sobre o ombro
Vou buscando o meu destino
Não importa essa gente
Vou seguindo meu caminho

Com um casaco sobre o ombro
E mil sonhos em minha mente
Desta vida não me assombro
Lutarei contra a corrente

Eu quero ser um triunfador
Pela vida e pelo amor

E seguirei buscando felicidade
Porque em alguma esquina...encontrarei

Com um casaco sobre o ombro
Vou cruzando a cidade
Namorados passeando
Se amando de verdade
Ruas partes mil lugares
Sabe a minha liberdade

O amor que estou buscando
Para ter felicidade
.
.
(Mande para esta série do Blog a história de sua saida de Bagé... 
a narrativa de quando você ficou fascinado pelas "Lanternas da cidade" grande...)
.

11 comentários:

Unknown disse...

Parabéns. És um grande representante daquela época, juntamente com o Reginaldo, o Stepan, os Jordans.
Retratasse muito bem os sentimentos de uma geração EXCEPCIONAL.

Gerson mendes Correa disse...

Por acaso essa ponte é a do paredão do lado da caieira, alí perto da artilharia? Ficou boa essa foto, apropriada à despedida.

Luiz Carlos Vaz disse...

Obrigado, Pedro. Tu és uma das testemunhas e cúmplices de muitas histórias vividas por nós no tempo em que (como está explícito no texto do Hamilton, publicado em 10 de Janeiro de 2010) éramos "Felizes? Sim..."

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, Gerson! Boa memória visual, hein? É exatamente a ponte férrea sobre o arroio que formava a represa da Panela do Candal... Ali foi o lugar escolhido por nós para bater a foto. Tenho também, da mesma oportunidade, umas fotos da Caieira Bageense. Estou por publicar, inclusive, uma postagem sobre a relação dela e o doce de abóbora da minha mãe.

Gerson mendes Correa disse...

Bastante interessante a tua estória, como todas as outras, esta também teve uma amarga decisão, deixar a casa dos pais para traz, e ir a luta visando um futuro que hoje é real e forjado, digamos com suor e muita entrega de nossa parte, e isso é uma tônica em todos depoimentos. Parabéns pela tua estória, muito interessante.

Luiz Carlos Vaz disse...

É, Gerson, e foi assim mesmo. E parece que deu certo! Não sei como isso acontece hoje. Mas acho que as famílias já veem com mais naturalidade a saída dos filhos de casa para estudar e buscar novas oportunidades. Tua filha mesmo, a Dafne, "nossa Princesa do Brasil e Mundo", que já rodou por vários países, creio que é um exemplo. Haja coração...

J.L. disse...

Muito bom, cara!... e não sei quando ou como vi essa foto, mas lembro dela! É, de um modo ou outro parece que deu certo pra todos nós. Hoje, claro, é meio diferente, mas no fundo, sempre essa hora chega - baixar os flaps e decolar do ninho...

Luiz Carlos Vaz disse...

Obrigado, Salva. Ela, e muitas outras, continuam guardadas naqueles envelopinhos amarelos onde eu colava um "contato" do 6x6 por fora.

Lin disse...

Oi Luiz,
Que belo presente você me deu com O Triunfador - The Jordans. Há muito que procurava essa música, perdida em minhas lembranças.
Bela foto.
Grata por compartilhar.
Grande abraço.

Luiz Carlos Vaz disse...

Lin! Que bom que voce chegou por aqui!!! Apareça sempre. Belo Blog o seu. Pura natureza, parabéns.

Lin disse...

Grata Luiz, volto sim, gostei do seu espaço.