29 de julho de 2013

Parada para o próximo sonho

Óleo sobre tela de Carlo Andrei (*)

Parada para o próximo sonho
Angelo Alfonsin

quando nasci
chorei
como quem acorda do último
sonho
a palmada de boas-vindas
não garante vida boa
minha cor preferida é a poesia
por isso não bebo água que não tem
sequer gosto de cor
e destroi as impurezas que me humanizam
escrevo coisas para senti-las
por isso as coisas me entendem
ao contrário de quem necessita
coisificar um sentimento até transformá-lo
em matéria orgânica
para talvez senti-lo profundamente
não consegui ultrapassar a cela
de ar
que me encerra
minha vocação para nada
pelo menos me salva
de fazer parte de algum movimento
organizado
que não seja pelos ventos e marés
timoneiros dessa nau dos insensatos
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Mais de Angelo Alfonsin AQUI
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(*) Carlo Andrei, pintor bageense
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27 de julho de 2013

20 de julho de 2013

O tal "Passo" mais importante do homem

O envelope parecia vir direto da CIA, que rebuliço!

O meu exemplar é uma raridade no ramo da Filatelia

Fisrt Man on de Moon (*)

No dia 20 de Julho de 1969 a Nave Apollo 11 pousou no nosso satélite natural e fez com que Neil Armstrong se tornasse o primeiro homem a pisar na Lua. Assistimos a esse feito pela nossa televisão em preto e branco na maior e mais importante transmissão de TV ao vivo já feita na história. Bilhões de pessoas do mundo inteiro acompanharam esse feito. Era a resposta que os Estados Unidos davam à União Soviética que saíra bem na frente na corrida espacial lançando o primeiro satélite artificial, o Sputinik, e também colocando o primeiro homem em órbita da Terra, o russo Yuri Gagarin. Sempre incentivado pelo meu irmão Hamilton a conhecer as investidas humanas ao "espaço", acompanhei também toda a epopeia pela rádio A Voz da América que ofereceu, aos primeiros 100 ouvintes que escrevessem uma carta à emissora, um envelope com o selo e o carimbo do primeiro dia de circulação. Claro, foi aquele alvoroço quando recebi uma carta da "CIA" com toda aquela pompa e circunstância... mas é uma relíquia que guardo muito bem há 42 anos...
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(*) Publicado orinalmente em 20 de Julho de 2011, aqui no VG
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17 de julho de 2013

O Inverno de Dom Diogo, 202 anos depois

Dom Diogo de Souza acampou às margens
do Passo do Príncipe em julho de 1811...

... para descansar sua tropa, consertar alguma coisa
e esperar passar...

... os rigores do inverno pampeano que branqueava campos...

... e congelava sangas e arroios.

Mas, ao receber ordem da corte portuguesa
de partir para a Banda Oriental,

... deixou muita gente acampada por lá,
onde até os animais sentiam frio,

... pastos viravam espinhos de gelo...
... e árvores ornamentavam - com a poética geada -
o lugar que receberia o nome de
BAGÉ.

Hoje, no aniversário de 202 anos de Bagé, republicamos o texto do Hamilton, de 2010, que demonstra como um inverno rigoroso pode servir como fato gerador de várias coisas, inclusive de fundação de uma cidade. Quando passarmos outra vez pelo Passo do Príncipe, vamos tentar imaginar Dom Diogo com sua tropa, sua gente, sua família, seus animais... ali, na beira desse arroio, onde outras garças, joãos-grandes - e outros guris como o Hamilton - já pescavam lambaris e carás há mais de duzentos anos...

As fotografias, feitas pela Clara Marineli, foram tomadas na região de Palmas, em dias de inverno rigoroso, como aquele, de 1811.

O Inverno de Dom Diogo

"Quando eu era guri, nos anos 50, minha família morou em uma chácara que existia no final da rua Gomes Carneiro, o número era 852. Distante apenas algumas centenas de metros, está o Passo do Príncipe, que fica na Rua do Acampamento, aquela rua que leva aos Cerros de Bagé. O arroio que passa ali ainda tinha águas transparentes e era cheio de lambaris e carás, que serviam de pesca para garças, joão-grandes e para os guris. Entrar na água do arroio, no fundo da chácara, era uma grande e perigosa diversão.

No início do inverno de 1811, o exército de Dom Diogo de Souza esteve acampado ali, na beira desse arroio, aguardando uma melhora no rigoroso inverno da região para prosseguir sua marcha. Foi então que no dia 17 de julho, uma quarta-feira, D. Diogo, cumprindo ordem da coroa portuguesa, partiu em direção aBanda Oriental del Uruguay (que depois seria o Uruguai, independente), tentando conter as constantes invasões dos espanhóis. Ficaram alguns militares, suas famílias e mais algumas pessoas, nesse acampamento, começando dessa maneira a nascer Bagé. Passaram-se 199 (*) invernos. O frio, que é a marca da nossa cidade, foi também a causa que lhe deu origem."

Enviado pelo colega
Hamilton Caio

membro do NPHTT

(*) Texto publicado em 2010, ano do aniversário de número 199 da Cidade.
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16 de julho de 2013

Zero Grau em Bagé


Em função desse "Zero Grau" (*) de hoje, lembrei desta velha anedota:

Temperaturas pelo Brasil afora
(Adaptado de vários autores)

30º C ou mais
- Baianos vão à praia, dançam, cantam e comem acarajé.
- Cariocas vão à praia e jogam futivolei.
- Mineiros comem um "queijin" na sombra.
- Todos os paulistas vão para Praia Grande e enfrentam 2 horas de fila nas padarias e supermercados da região.
- Gaúchos esgotam os estoques de protetor solar e isotônicos da cidade.

25º C
- Baianos não deixam os filhos saírem ao vento após as 17 horas.
- Cariocas vão à praia mas não entram na água.
- Mineiros comem um feijão tropeiro.
- Paulistas fazem churrasco nas suas casas do litoral, poucos ainda entram na água.
- Gaúchos reclamam do calor e não fazem esforços devido ao esgotamento físico.

20º C
- Baianos mudam os chuveiros para a posição "Inverno" e ligam o ar quente.
- Cariocas vestem um moletom.
- Mineiros bebem pinga perto do fogão a lenha.
- Paulistas decidem deixar o litoral, começa o trânsito de volta para casa.
- Gaúchos tomam sol no parque.

15º C
- Baianos tremem incontrolavelmente de frio.
- Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo.
- Mineiros continuam bebendo pinga perto do fogão a lenha.
- Paulistas ainda estão presos nos congestionamentos na volta do litoral.
- Gaúchos dirigem com os vidros abaixados.

10º C
- Decretado estado de calamidade na Bahia.
- Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas.
- Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão.
- Paulistas vão às pizzarias e shopping centers com a família.
- Gaúchos botam uma camisa de manga.

5º C
- Bahia decreta o armagedon.
- O prefeito lança a candidatura do Rio para as Olimpíadas de Inverno.
- Mineiros continuam bebendo pinga e quentão ao lado do fogão a lenha.
- Paulistas lotam hospitais e clínicas devido doenças causadas pela inversão térmica.
- Gaúchos fecham as janelas de casa.

0º C
- Desaparecem os sinais de vida na Bahia.
- No Rio, o povo veste sete casacos e lança o "ski-ladeira in Rio".
- Mineiros entram em coma alcoólico ao lado do fogão a lenha.
- Paulistas não saem de casa e dão altos índices de audiência às novelas e ao Silvio Santos
- Gaúchos aproveitam o friozinho gostoso para tomar um bom vinho e se achegar na prenda.
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(*) Previsão do site Climatempo
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13 de julho de 2013

Poema Selvagem!

Guernica, obra de Pablo Picasso (*)

Poema Selvagem!

J.J. Oliveira Gonçalves

Aziagos são os dias. Vazias as noites. A Vida: incerta. Ressequido paiol o mundo. (Prestes a pegar fogo!) E o homem: um bumerangue de violência. (Matando em nome da Vida. Em nome da Paz. Em nome da Liberdade. Mesmo em nome de Deus...) Os caminhos despiram-se de toda e qualquer perspectiva de Solidariedade. As pontes, (que nasceram para unir!), ruíram nos melancólicos desvãos da inconsciência.

A flor fechou os dedos de seda de suas pétalas delicadas sobre si mesma... E, silenciosamente, exalou seu último e inebriante aroma – em nostálgico e fragrante suicídio... A ave recolheu seu derradeiro vôo para além do Infinito... (Onde algemas de silêncio se rompem com o derradeiro grito!) O céu abrigou-se em chumbado poncho: cobriu o majestoso índigo e escondeu o piscar intermitente das Estrelas. Franziu o cenho. Então, turvou-se-lhe a visão. E milhões de pequeninos olhos choraram a Mãe-Natureza em agonia... E eu – eu compulsoriamente empurrado para o torvelinho do mundo deste homem-nada, (da impotência humana!) – arrasto o Coração ferido e a Alma em chamas!

Todavia, impõe-se queimar no fogo das Lembranças... É preciso arder na pureza incandescente das Paixões. É preciso luzir na Chama Azul do Amor-Sem-Fim! É preciso ser a própria chama que me acende. E me consome. (É preciso, sim, achar o rumo que a escuridão humana desfez em mim!) É preciso ser a Fênix que arde, arde, morre, vira Cinzas... e não tem fim!

Olho as coisas ao redor: pedaços de outras matérias que incorporei ao transitório da Carne e ao perene do Espírito. (Calcinados rescaldos a reacenderem-me histórias guardadas nos Escaninhos da Memória!) Mas, continuo a Caminhada. E a Alma é alva Gaivota em loops candentes nas Fronteiras da Liberdade! (Ah, Liberdade, irmã-gêmea dos meus ardentes sonhos e Redenção definitiva...) Perscruto, na parede que me olha com olhos estáticos e acinzentados, minha combalida e etérea sombra. Inseparável confidente, ela me responde em igual e uníssona linguagem – visceralmente silente e dolorida... (Ah, meu Deus, quanto a Existência é dolorida!)

Enquanto isso, (lá fora!), os homens gritam – no prazer do Ódio – suas misérias: alucinações fratricidas! Maquinações ambiciosas! Tristes disputas de poder. (Semideuses já mortos – obcecados Senhores das Trevas corroídos pelo próprio ácido corrosivo... Letal veneno!) Suas armas falam o estúpido matraquear da Morte! O aniquilamento feroz da Vida! Suas bocas, (doidas babéis!), liberam Ódio e Extermínio. (Palavras de ordem dos ensandecidos Generais da Extinção!) Fazem a horrenda e desfigurada guerra! Que pena: mutilam a Musa... sangram a Poesia... desfiguram o Poema!

Guerreiros da Escuridão despidos de Razão! Almas mortas! Metáforas de Destruição! Assassinam o Amor – Útero da Vida! O Amor que Ele, da solidão da Cruz, regou com Sangue. Tatuou na Carne. Eternizou em Luz! No Genocídio Universal da Terra, escureceu-se o Sol! Apagou-se a Lua! Desfigurou-se o Homem! Guilhotinou-se o Dia!


Na Praça Pública do Mundo, Fétido Odor percorreu o Ar... Então, o piche – espesso e lúgubre! – da Noite caiu sobre o Planeta... E amortalhou a Vida! Irreversivelmente!!!

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(*) Guernica é um painel pintado por Pablo Picasso, em 1937, por ocasião da Exposição Internacional de Paris, tendo sido exposta no pavilhão da Espanha. Medindo 350 por 782 cm, a tela pintada a óleo representa o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica, em 26 de abril de 1937, pela aviação nazista, em apoio ao ditador Francisco Franco. Atualmente está no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madri.
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9 de julho de 2013

Saudade Cor-de-Rosa...

Corte em foto enviada pelo autor

Saudade Cor-de-Rosa...
J.J. Oliveira Gonçalves

Saudade cor-de-rosa, de Bagé
Rainha da Fronteira do meu peito!
Foi lá que nasci João... também José
Um índio assim pequeno e deste jeito!

Bagé - doce aconchego às invernias
Onde o frio temperou-me a Alma gaúcha:
Moldava-me à Intempérie das Porfias
O coração poeta e pequerrucho!

Domingo... Ah, que Saudade que me dá
Do velho *Avenida... Voltar lá
Para beijar de novo o meu Amor!

Ah, sei que é um acesso de loucura
Recuerdos facetados de Ternura:
Alegrias de Outrora... Agora, Dor!

Domingo... A Chuva cai... Frágeis respingos
De chuvosos... pretéritos domingos...
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7 de julho de 2013

E a "pelota" atravessou com duas passageiras...

A momento crucial da Travessia da Pelota em foto de Rafa Marin (*)

Equipe do Parque Gaúcho de Gramado responsável pela encenação

As "passageiras", a novidade da edição de 2013 da travessia da pelota
O peloteiro, na ocasião, regateou "um saco de erva-mate", por este serviço

A edição 2013 da Travessia da Pelota este ano teve novidades. O peloteiro, atendendo ao "grito" de um castelhano do outro lado, buscou "mãe e filha", transportando - com segurança e coragem as - as nativas  pelas águas frias do Arroio Pelotas, em troca de uma petaca de erva-mate, feita pelos índios missioneiros, como bradava ele.

O evento que marcou neste dia 7 de julho de 2013 a passagem dos 201 anos de Pelotas aconteceu sob a responsabilidade do Dr Marcos Gomes, idealizador e criador do Parque Gaúcho de Gramado.
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(*) Foto de Rafa Marin, publicada no Facebook

O Mercado Público de Porto Alegre

Foto L C Vaz

O Mercado Público de Porto Alegre

Valacir Marques Gonçalves


Porto Alegre, 06 de julho de 2013. A notícia chega feito navalha, daquelas que cortam até a alma, o mercado está sofrendo um grande incêndio. É mentira digo pra mim. Hoje, como sempre faço com visitantes, levei dois amigos do Norte para almoçar no velho Gambrinus de guerra.

Mas é verdade. O Mercado Público de Porto Alegre incendiou. Levou junto com ele um pedaço de cada um dos que o amavam. Ontem de manhã não entendi a despedida: ele transbordava de gente atrás de todas aquelas coisas que só encontrávamos lá.

Foi inevitável a reflexão. O que está acontecendo? Depois da tragédia de Santa Maria, agora um pedaço da história é arrancado da gente. Eu que já estava inconsolável com as maldades que os malditos vândalos fizeram na nossa Porto Alegre, agora vejo o mercado queimado, transformado em cinzas.


Vou parar por aqui. Estou de luto, meu fim de semana foi embora. Não consigo olhar as fotos do incêndio, prefiro ilustrar essa postagem com uma foto do jeito que o mercado sempre me recebeu: imponente, belo e iluminado. Tomara que ele consiga voltar, Porto Alegre já está com saudade.

Foto publicada por VMG no Facebook
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5 de julho de 2013

Trinta anos esta noite - Le feu follet


O Ciclo "A Filosofia e o Cinema Existencial" exibirá, na próxima sexta-feira, dia 05 de Julho, o filme "Trinta anos esta noite", de Louis Malle. Cineasta Francês (1932), Malle é autor de obras cinematográficas como "Zazie no metrô" e "Adeus meninos". O IV Ciclo de Cinema, promovido pelo Departamento de Filosofia da UFPel, sob a coordenação do professor dr. Luís Rubira, ocorre todas as sextas às 20h, no Centro de Integração do Mercosul, em Pelotas. 
entrada é FRANCA (retire sua senha no local, no dia da sessão, em horário comercial).
A programação completa do CICLO está disponível na página da UFPel:

Trinta anos esta noite. Le feu follet, 1963, França. Direção: Louis Malle. Com: Maurice Ronet, Léna Skerla e Yvonne Clech.

4 de julho de 2013

A Água Santa da Farmácia Torre

O rótulo da Água Santa explica que era medicamento de "uso terno"

A minha amiga Maria Isolete, que é de Torrinhas, tem uns guardados bem interessantes. Entre eles, encontramos outro dia uma garrafa de Água Santa, fabricada na Farmácia Torre, de Torre & Cia Ltda, estabelecida na Avenida 7, lá em Bagé. 

Antigamente, no interior do pampa gaúcho, não ter uma garrafa de Água Santa era uma temeridade, já que o medicamento podia ser utilizado em quase tudo. Lá em casa a gente conhecia como Água da Guerra que, na verdade era – e é   a conhecida água oxigenada dez volumes. 

Aquela que fervia quando derramada sobre o esfolado, sobre a ferida de onde havia caído a casca... e por aí afora. 

Uma água com o nome de “santa” deveria servir, mesmo, para curar de tudo. Hoje tem esse monte de remédios, um para cada hora, um (ou mais) para cada tipo de moléstia, com embalagens e cores convidativas. E tem artista e jogador de futebol vendendo remédios milagrosos, mas nenhum deles é como a velha e boa Água Santa. A Água Santa da Farmácia Torre. A Água Santa de “uso terno”, da Farmácia Torre, da Avenida 7, lá de Bagé. 
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2 de julho de 2013

Domingo tem pelota no Pelotas


Domingo, no aniversário número 201 da cidade, acontece a segunda edição da Travessia do Arroio Pelotas em uma pelota de couro. Antes, ao meio-dia, o pessoal da Charqueada Boa Vista servirá um legítimo Carreteiro. A entrada para o evente é franca.

Confira como foi a primeira travessia, nos 200 Anos de Pelotas,  AQUI.


A cena, até então inédita, vista em 2012, ...
... só era conhecida por antigas narrativas e ilustrações.

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