14 de dezembro de 2016

Fifty-Fifty no Tarragona Café

Alguns amigos que prestigiaram o lançamento ontem

Ontem, no Tarragona Café, da amiga Ana Alice Valls, tivemos mais uma etapa de lançamento do nosso livro Fifty-Fifty feito em parceria com a escritora Maria Alice Estrella. O livro que apresenta 50 fotografias minhas, e 50 poemas e crônicas da Maria Alice, ainda pode ser adquirido no próprio Café, em Bagé, ou remetido pelo correio. Faça contato aqui pelo Blog, nos comentários, ou pelo Facebook, na página do livro no endereço



O valor do livro é de R$ 50,00 reais mais a despesa de envio do Correio de R$ 9,85 - para um exemplar, para qualquer parte do Brasil.
O Tarragona fica em Bagé, na rua Gen. João Telles, 1174 D, tel (53) 3311 3113




17 de novembro de 2016

Fifty-Fifty na Feira do Livro de Bagé


O livro Fifty-Fifty será lançado dia 26 de novembro, sábado, às 14 horas, na Feira do Livro de Bagé. Do livro, disse Aldyr Garcia Schlee, no prefácio:

“...a inédita, reveladora e centrada poesia dela, 
complementando e sendo complementada
pela surpreendente, criativa e detalhada fotografia dele...”

Maria Alice  Estrella
Poeta premiada com primeiros lugares em concursos nacionais, membro da Academia Sul-Brasileira de Letras, e da Academia Pelotense de Letras; sócia correspondente da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul, sócia da Casa do Poeta rio-grandense; foi patrona da Feira Municipal do Livro de São Lourenço do Sul em 1992. Escreve coluna semanal no jornal Diário Popular.

Luiz Carlos Vaz

Jornalista e fotógrafo bageense, ex-aluno do Colégio Carlos Kluwe, atualmente se dedica à Street Photography; é pós-graduado  em Memória e Patrimônio, pesquisa fotografia, arquivos fotográficos e memória social. Já participou de várias mostras fotográficas e ilustrou livros e revistas; é autor de artigos científicos sobre conservação de fotografias, edita um blog de memórias, o  http://velhaguardacarloskluwe.blogspot.com.br/ e publica, como colaborador, em jornais e revistas do Brasil e exterior.

9 de novembro de 2016

Trump e o mi mi mi dos não norte-americanos


Trump e o mi mi mi dos não norte-americanos

Trump ganhou. Ponto. Terminou a eleição americana. Ponto. Lá não se ouvirá o mi mi mi da candidatura derrotada. Ponto. Hilary telefonou ao Trump e o cumprimentou. Acabou. E não haverá impeachment na terra que propagandeou o termo com o caso acontecido no Hotel Watergate quando mais de metade da população brasileira atual ainda não havia nascido.

Acalmem-se. Não fiquem se martirizando, declarando viagem para Marte, ou até mesmo para o vizinho Uruguai, país que só é lembrado como um lugar melhor para se viver quando as coisas apertam um pouco. Não se declarem viúvas da Hilary. Ora, vejam só!! Se lamentarem pela derrota dos “democratas” americanos! Menos, pessoal, menos...

Os Estados Unidos, dizem na televisão, é uma democracia consolidada. Na Democracia, como dizia o Técnico Dino Sani a respeito do futebol, se perde se ganha ou se empata... Eu não entendo bem como é que se vota e se elege um presidente lá. E nem quero. Eu não moro lá. Sei que aqui se elege um presidente pelo voto direto, sem delegados e outros subterfúgios constitucionais. Mas, depois, se umas 300 pessoas não gostarem, com ou sem motivos, eles destituem o eleito mesmo que tenha obtido mais de 50 milhões de votos diretos. Exista ou não motivo. Basta que uma pequena minoria de pessoas, de uns 50, já no Senado, não queira. E, para isso, usam de outros tantos subterfúgios processuais e constitucionais, como os da eleição americana, e já entronizam um vice qualquer, um vice que era só decorativo, puramente constitucional.

Portanto, não fujam do Planeta. Fiquem aqui. As bombas americanas continuarão a cair somente nos pátios das casas bem longe daqui. Casas onde moram e brincam crianças, como as nossas, mas em países que abrigam, dizem também na televisão, perigosos terroristas que ameaçam a democracia.

A deles, não a nossa, onde se põe e se tira um presidente eleito pelo voto de 20 em 20 anos. Mesmo que depois se absolva essa pessoa. Mas depois, bem depois de ter acabado o mandato dela.

Então, pessoal, menos mi mi mi... e não fiquem preocupados com o Trump, e nem fiquem nervosos como as “bolsas”, ou os “mercados”, que precisam urgente fazer psicanálise e parar de ter ataques histéricos... Estes, são bipolares por natureza.

Luiz Carlos Vaz

17 de outubro de 2016

Fifty-Fifty


Luiz Carlos Vaz e Maria Alice Estrella convidam para o pré-lançamento do seu livro Fifty-Fifty, no dia 22 de outubro, sábado, a partir das 16 horas, no Bem Brasil Cafeteria e Choperia, em Pelotas.
O livro, construído pelos dois autores ao longo de vários meses de trabalho, reúne 50 fotografias do Vaz e 50 poemas e textos inéditos da Maria Alice. Venha tomar um café e conversar sobre essas artes que nos unem. Será um prazer enorme receber os amigos.
Ah, vai ter música ao vivo!
Bem Brasil, bancas 14 e 15 do Mercado, pela rua XV de Novembro.

22 de agosto de 2016

Imagens Insulares

A Ilha dos Marinheiros em ilustração de Luciane Goldberg

Grupo Foto Comentário,
Projeto Ilha dos Marinheiros e
Bem Brasil Cafeteria e Chopperia
Apresentam
Exposição Fotográfica Imagens Insulares

Para marcar a passagem de um mês de funcionamento, o Bem Brasil Cafeteria e Chopperia convida a todos os amigos e frequentadores para a Mostra Fotográfica Imagens Insulares que inaugura no dia 22 de agosto, às 18 horas.

A exposição Imagens Insulares apresenta ao público uma visão fotográfica sobre a Ilha dos Marinheiros, localidade pertencente ao município de Rio Grande. É promovida pelo Grupo Foto Comentário e pelo Projeto Ilha dos Marinheiros que, em parceria, apresentam essa exposição com diversas imagens desse mundo quase desconhecido pela maioria das pessoas.

O Grupo Foto Comentário é formado por Alfonso Montone, Fabio Caetano, Luciano Piltcher, Luiz Carapeto, Luiz Carlos Vaz, Marcelo Soares e Paulo Krebs. São amigos que exercem distintas profissões, mas têm na Fotografia um interesse comum. Esse interesse os levou a criar em 2014 um grupo para discutir e comentar as técnicas, as novidades e suas próprias produções fotográficas, o GFC.

O Projeto Ilha dos Marinheiros é coordenado pelo pesquisador e fotógrafo Carlos Recuero que, há mais de 15 anos, realiza um trabalho de fotoetnografia na Ilha dos Marinheiros, registrando a história dos seus habitantes, sua estética, sua cultura e sua religiosidade.
A escolha da Ilha como lugar para a realização das fotografias deu-se pelo fato de que esta localidade nos remete a um ambiente e a uma cultura ainda pouco afetados pelas “novidades” do mundo moderno. Por isso, a Ilha dos Marinheiros possui histórias que habitam o imaginário das pessoas, relatos que guardam tempos imemoriais associados  a um ambiente nativo ainda quase intocado.

Vaz, Alfonso, Marcelo, Recuero (do Projeto Ilha dos Marinheiros),
Fabio, Paulo e Carapeto em f
oto de Pamela de Avila da Costa.

Desde a antiguidade os mundos insulares despertam a curiosidade de viajantes vindos dos continentes criando uma fantasia, a ponto do real e do imaginário se confundirem e contribuírem para a formação de mitos e lendas associados às ilhas.

A exposição, que apresenta rostos do presente e cenas da atualidade, busca resgatar através das imagens a história de um passado povoado de esperanças, de lutas e de muito trabalho na Ilha dos Marinheiros. Ela mostra um pedacinho dos habitantes e da sua cultura, num exercício de etnografia fotográfica em que, o trabalho, a religiosidade, o misticismo e a natureza são fixados através da arte fotográfica permitindo ao público conhecer uma parte desse universo insular e ali poder contemplar, em uma ilha, um mundo.
Público prestigiou a abertura da Mostra

O Bem Brasil Cafeteria e Chopperia, iniciativa dos sócios Alex Sander, Bruno e Renata Pereira, tem como ponto de destaque a música brasileira ao vivo e a valorização da cultura local. Além da tradicional linha de cafés, a casa oferece uma variada carta de bebidas, com destaque para o chopp e as cervejas artesanais.

O Bem Brasil ocupa as bancas 14 e 15 do Mercado Central de Pelotas, na parte externa da Rua XV de Novembro.

1 de agosto de 2016

Glauco do Brasil


Glauco do Brasil

Sapiran Brito

Nos anos 90 dei uma câmera ao meu filho Zeca, e ele começou a fazer filmes. Quando nosso amigo Glauco Rodrigues comemorava 70 anos, oferecemos um jantar para ele em nossa casa, rodeados por amigos artistas, sons e sabores da terra. O Zeca aos doze anos entrevistou o Glauco, e ali nascia o longa-metragem "Glauco do Brasil", filmado em Paris, Roma, Veneza, Rio de Janeiro e Bagé.

Glauco Rodrigues com a sua arte inclassificável, que nasceu no realismo socialista e culminou na Pop Art, juntamente com seus amigos Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar lançaram um modelo econômico possível para Bagé; viver de arte, sobreviver de uma produção artística. E levaram o nome da cidade por onde foram, nos engrandecendo.

Quando fui secretário de cultura criei o Programa Cinema na Fronteira, que realizou mais de 50 oficinas de cinema em Bagé e região com diferentes professores de todo o Brasil. Recursos que buscamos lá em Brasília com o Ministério da Cultura que foram aplicados em dois anos de atividades das oficinas, resultando em mais de 100 curtas-metragens produzidos pela nossa gente.

Acreditamos na transformação cultural pela linguagem audiovisual e no desenvolvimento social, econômico e tecnológico que podemos alcançar com a indústria audiovisual. Bagé tem potencial para a produção local e para atrair recursos de fora, e somente atraindo investimentos poderemos movimentar nossa economia e crescer.

Durante as filmagens de "O Tempo e o Vento", enquanto eu era secretário de cultura, Bagé viveu na pele a Economia da Cultura, foram cerca de 10 milhões de reais, vindos de empresas privadas, investidos em Bagé e região, movimentando restaurantes, hotéis, transporte privado, comércio e a construção civil, além do legado da cidade cenográfica de Santa Fé.

Política que transforma se dá a longo prazo e precisa de continuidade para mostrar os resultados. Se toda criança tiver aceso a um computador, uma câmera, um lápis e um livro, teremos uma Bagé que caminhará junto com o mundo desenvolvido, uma Bagé que prepara seus filhos para o futuro e para os desafios da economia e da tecnologia.

Glauco Rodrigues levou Bagé consigo, e sua obra ganhou o mundo.


Nesta noite assintam o Glauco do Brasil do Zeca Brito, às 22h no Canal Brasil, é Bagé de exportação!

24 de maio de 2016

O violão de Octacílio Amaral

Dois LPs de Octacílio Amaral com o nome de "S. Excia o Violão"

O Violão de Octacílio Amaral

Domingos Sávio Marimon Deble

Poucas pessoas daqui de Bagé conheceram Octacílio Amaral, um bageense que tocou violão por muitas décadas, inclusive para a Rainha Elizabeth, na Inglaterra. Eu tive a honra de conhecê-lo pessoalmente. Ele era extraordinário e bem humorado, fazia o que queria com o violão. Foi meu amigo e tocou pra mim e mais uns amigos. Era tio da esposa do Rocha, nosso amigo e colega da ABAFC. Tocou em nossa sede em 1982, um show inesquecível. Já idoso teve um AVC e o braço esquerdo ficou comprometido... ele chorava, e eu falei:

"Otacílio, véio danado, tu tens que tocar com a mão direita (ele tocava até com uma mão só)."

 Ele riu e disse:

"É mesmo, tchê"...

Octacílio faleceu algum tempo depois. Essa é minha homenagem a esse grande artista bajeense, quase esquecido. Fica na Paz de Deus, Octacílio, obrigado!


Ah... às vezes ele ligava para meu serviço e mentia que precisava de mim, pra ensiná-lo a operar um 3 em 1, queria gravar e blá blá bá. Eu já sabia, ele só queria conversar comigo e contar algumas de suas muitas façanhas.
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O Domingos Sávio achou outro dia em sua memória a figura do notável violonista bageense Octacílio Amaral. Escreveu o texto acima que me provocou a procurar material sobre o Octacílio. Achei! Não só achei, mas reparto com vocês esta preciosidade.

Para ouvir "Um Fandango em Bagé", com Octacílio Amaral, basta CLICAR AQUI. O link é do programa "Violão com Flávio Zanon", que vai ao ar pela Rádio Cultura FM de São Paulo.

L.C. Vaz
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29 de abril de 2016

UNPLUGGED

Foto LC Vaz

UNPLUGGED
Angelo Alfonsim

às vezes não percebo
meu vazio todo de fora
que nem noto meu dentro
assim tão do avesso
parado na esquina sem saber
de onde a vida vem
de onde vem essa obrigação
de estar sempre vivo
para garantir a existência
do que me mata
de dia dou um jeito de manter
a ilusão
à noite a ilusão me pega de jeito
não há prova que eu exista
não há realidade que me aceite
como prova

23 de abril de 2016

Dia de São Jorge - Amei um bicheiro

Cartaz do filme

Hoje é 23 de abril, é o dia de São Jorge, dia em que tradicionalmente o número correspondente ao Cavalo é condenado no marginal Jogo do Bicho. Numa produção de  1952 a Atlântida abordou esse tema no filme Amei um bicheiro, usando essa máxima para desenvolver sua trama. A mocinha Laura, vivida pela atriz Eliana, necessita de uma cirurgia de urgência e seu marido, o apontador de jogo, Carlos, interpretado por Cyl Farney, resolve dar um golpe no bicheiro Almeida, o tradicional vilão do cinema brasileiro vivido por José Lewgoy, fazendo um chaveco no dinheiro das apostas justamente no dia 23 de abril, o dia de São Jorge, quando as apostas no cavalo naquele dia seriam responsáveis pela arrecadação de uma grande soma em dinheiro. É possível assistir pelo youtube clicando AQUI.

Cena do filme da Atlântida marcando o dia do Santo
Para entender a história e as gírias referentes ao tema, só assistindo ao filme.
Boas apostas, digo, bom espetáculo a todos!


Texto já publicado aqui num outro dia 23 de Abril.

18 de abril de 2016

Segunda-feira de cinzas

Foto LC Vaz

Segunda-feira de cinzas (*)

A música sempre nos salva quando faltam as palavras.


Marcha de Quarta-feira de cinzas

Poema de Vinicius de Moraes
Musicado por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
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(*) baseado em texto publicado aqui mesmo dia 17 de fevereiro de 2010

1 de abril de 2016

1º de abril. Apenas três lições nos "Anos de Chumbo"

O deputado Justino e a pequena Angelina. Arquivo da família.

1º de abril. Apenas três lições nos "Anos de Chumbo"

Angelina Quintana (*)

Minha casa, da infância em Bagé, era diferente. Morávamos com os meus avós, pais da minha mãe, as duas irmãs dela, três sobrinhas, meus dois irmãos e meu padrinho. No total, éramos 13. Mas, nem sempre foi assim. Esse formato de lar começou quando o meu pai, o deputado estadual pelo antigo PTB e ex-secretário de educação do Brizola, Justino Costa Quintana, foi cassado pelo Golpe de 64. Ele integrou a primeira lista de políticos gaúchos cassados e, quando saiu da prisão, só havia duas saídas: Deixar o país ou tentar recomeçar a vida em nossa terra natal. Optou pela segunda alternativa.

Meu pai falava pouco, lia muito e raramente saia de casa. No entanto, nunca perdeu o bom humor. Por isso, vivíamos em meio a muitos cuidados e recomendações. Entre a mais repetida: "Ninguém comenta fora de casa nada do que se fala aqui dentro." Dentro desse contexto, destaco três momentos emblemáticos na minha memória de criança. O primeiro foi quando cheguei do colégio e pedi que o pai me ajudasse a fazer o tema, mostrando-me no Diário de Notícias a foto do Governador do Estado, Euclides Triches, porque deveria colocar no meu caderno. O pai mostrou-me a foto de Triches e disse-me que eu não colocaria aquela foto no meu caderno, porque ele representava a ditadura militar. E, no local destinado ao tema, colocou um bilhete explicando as razões por eu não ter feito o tema. No outro dia, a professora leu, fez cara de braba e mandou que eu sentasse. Não ganhei, nem perdi nota. Ficou um pacto de silêncio no ar.

Na mesma década de 70, a minha memória registra outro fato marcante. A cidade de Bagé mobilizava-se para receber o presidente Emílio Garrastazu Médici e no meu colégio não foi diferente. Ao retornar do Grupo Escolar Mestre Porto, entreguei ao meu pai a notificação de que era obrigatório esperar a passagem do "ilustre conterrâneo" desfilar pelas ruas da cidade. Eu deveria estar uniformizada (de tapa-pó e lenço de seda marinho), com uma bandeirinha do Brasil em mãos e a desobediência representaria três dias de suspensão. Foi o momento em que o pai endereçou um novo bilhete à escola. Desta vez, destinado à diretora. Fui a única da minha escola que não fui saudar o presidente e não perdi nenhuma aula. E ninguém me perguntou o porquê?
Assim, fui aprendendo a lidar com o que se ensinava na escola e as verdades da minha casa. A terceira imagem e, talvez, a mais forte também foi na saída da escola. O meu colégio ficava às margens do Arroio Gontan -hoje canalizado e com várias construções irregulares erguidas sobre o seu leito- e, quando eu estava chegando na ponte, vi o meu pai saindo de casa escoltado por soldados armados e entrando num Jeep do Exército. Naquele momento, senti uma mistura de medo do que aconteceria com o meu pai e a vergonha das minhas colegas e amigas que assistiram a cena comigo. Não recordo quanto ele ficou preso, mas que somente a mãe ia visitá-lo e trazia notícias dele e garantia que logo estaria de volta a nossa casa. Ainda bem que, naquela época, eu não sabia que torturavam presos políticos.
Creio que, ali, começava a aprender a lidar com as mentiras de casa e as mentiras da rua. Depois, avançamos. E muito. Acompanhei com o meu pai o retorno dos exilados políticos, as eleições diretas para governadores e prefeitos das Áreas de Segurança Nacional (Bagé era uma delas), a luta pelas Diretas Já, a Constituinte de 1988 e lamento que ele não chegou a votar para Presidente.
Diante desse quadro, hoje comemoro que o Golpe de 64, do dia 1º de abril, ficou na História do Brasil como página virada.
Ditadura nunca mais.
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(*) Angelina Quintana é jornalista e amiga deste blog
Artigo publicado aqui mesmo em 2015.

19 de março de 2016

Por que hoje é sábado


Foto Luiz Carlos Vaz
O dia da criação (*)
Vinícius de Moraes
Macho e fêmea os criou
Gênese 1: 27

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo

Porque hoje é sábado
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(*) Publicado aqui mesmo várias vezes...

15 de março de 2016

Valeu Jéssica! Valeu Cristina!


"Hoje me reuni com a Reitora da Urcamp, Lia Quintana, e com o Reitor da Unipampa, Marco Antonio Hansen, para tratar de projetos de desenvolvimento regional. Quando estava em deslocamento, vi esta faixa que parabeniza as jovens que moram nesta humilde casa pelo ingresso na faculdade. Lembrei do Lula e do Tarso por terem criado a Unipampa e o ProUni. Tenho orgulho de ter contribuído para que os jovens de baixa renda possam ascender na pirâmide social. Ninguém apagará nossas conquistas !!!!"

Deputado Luiz Fernando Mainardi, no Facebook

Reitora da Urcamp, Lia Quintana
Reitor da Unipampa, Marco Antonio Hansen