2 de setembro de 2019

Pegue uma canção triste e torne-a melhor

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Pegue uma canção triste e torne-a melhor

Yestarday, o filme

Luiz Carlos Vaz (*)

No fundo o filme Yesterday é apenas mais uma história de amor. Como assim “apenas mais uma história de amor?”

Sim, é! Mas é uma história de amor com muitas referências a outros filmes, outros momentos, do cinema e da arte, para poucos entenderem, alguns apreciarem e para todos curtirem. Ed Sheeran ao perceber o talento de Malik relembra Amadeus, do Milos Forman, dizendo a ele “eu sou apenas Salieri, você é Mozart”. E não só a memória dos Beatles que desapareceu após o blackout mundial, a Coca Cola também sumiu do planeta!!! Em uma cena com Rocky ele faz referência a vontade de fumar um cigarro, ao que o “assistente” responde perguntando o que é cigarro? Muito humor britânico ao “escolherem” no cardápio da lanchonete fish and chips... e a precisão inglesa, também por parte de Rocky, ao cronometrar com detalhes de segundos o tempo que ainda sobrava a eles na gare. No rastro do “desaparecimento da memória dos Beatles”, some também da pesquisa Google o grupo Oasis... mas qual jovem se lembrará que em 1966 Noel Gallagher disse que o disco Definitely Maybe mostravam que sua banda era maior que os Beatles?

Mas Yestarday é uma história de amor... o amor entre Malik e Ellie, que começa aos dez anos de idade, que os transforma em “irmãos”, e é a barreira conservadora para que ele não floresça nos primeiros cinco minutos do filme... Yesterday vai atropelando um pouco nossa emoção por não dar tempo para curtir completamente as músicas que vão compondo a trilha sonora e vão saltando aos pedaços. A apresentação “pela primeira vez” de Let it be, “como se fora um privilégio dado para apenas para três pessoas assistirem Leonardo pintando Mona Lisa”, se transforma em comédia quando o pai diz, para desespero de Malik, “pule a introdução, eu já ouvi três vezes...”
Quando uma empresária caricata de L.A. perceba o possível sucesso de Malik, e o leva aos EUA, onde, no estúdio, rejeita todas as músicas efetivamente de sua autoria, como Summer Song, (ela também só gosta de “Beatles”) Malik começa a ter pesadelos com medo de ser descoberto mundialmente como um enganador... mas seu intuito é de apenas manter a verdade da célebre frase: “o mundo seria bem pior sem o Beatles”... É John, um pintor recluso morando numa casinha à beira da praia, já com 78 anos... que aconselha Malik,
Diga a ela que a ama! Só isso.

Para quem já não aguenta as trapalhadas de Jack Malik, ao final, Hey Jude, com seus generosos seis, oito ou dez minutos, mostram os extensos créditos do filme e nos colocam de volta aos anos sessenta.... 
Hey, Jude
Hey, Jude, não fique mal 
Pegue uma canção triste e torne-a melhor 
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração 
Então você pode começar a melhorar as coisas 
Hey,Jude, não tenha medo 
Você foi feito para ir lá e conquistá-la 
O minuto que você deixá-la debaixo da sua pele 
Então você pode começar a melhorar as coisas 
E qualquer vez que você sentir dor 
Hey, Jude, vá com calma 
Não carregue o mundo nos seus ombros 
Você bem sabe que é tolice 
De quem lida com isso com indiferença
Por deixar este mundo um pouco mais frio 
Na na na na na na na na 
Hey, Jude, não vá me desapontar
Você a encontrou, agora vá e a conquiste 
Lembre-se (Hey, Jude) de deixá-la entrar em seu coração 
Então você pode começar a melhorar as coisas 
Então coloque para fora e deixe entrar
Hey, Jude, comece 
Você está esperando por alguém com quem realizar as coisas 
E você não sabe que essa pessoa é exatamente você? 
Hey, Jude, você vai fazer! 
O movimento que você precisa está nos seus ombros 
Na na na na na na na na 
Hey, Jude, não fique mal 
Pegue uma canção triste e torne-a melhor 
Lembre-se de deixá-la debaixo de sua pele 
Então você começará a melhorar as coisas 
(melhorar, melhorar, melhorar, melhorar, oh!) 
Na, na na na na na, na na na, Hey, Jude 
Na, na na na na na, na na na, Hey, Jude

(*) Luiz Carlos Vaz
    jornalista e editor deste Blog

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