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Foto L.C.Vaz |
Para Vera,
Gleide e Hamilton
"Se é Bayer é Bom!"
Luiz Carlos Vaz (*)
Eu sei, eu sei, eu mesmo vivo
dizendo “eu minto muito (mas tem
livros que, realmente, só eu tenho!) ...mas
sempre mostro as provas!”
E esta semana a coleção dos “impossíveis”
aumentou! A Vera me ligou dizendo que tinha uma coisa muito antiga para me
dar... Nem lembro se cheguei a colocar os sapatos e a camisa, mas em cinco
minutos eu já estava lá no portão da casa dela gritando “Tu tá aí, Zeferina?” (**).
E estava ali, dentro de uma
sacolinha de matéria, o meu presente!
Aqui um breve espaço para uma propaganda de
Cafiaspirina
O
rádio sempre foi um companheiro fiel de todas as nossas horas. Mas foi através
da leitura da Revista Sesinho que conhecemos a literatura no universo infantil.
Muitas fábulas, jogos, e diversas atividades lúdicas chegaram até nós pela
criação de Vicente Guimarães - o Vovô Felício, o escritor mineiro que, incentivado por Guimarães
Rosa, criou, entre outras coisas, a revista, que seria dedicada aos filhos dos
trabalhadores da Indústria, pertencentes ao SESI – Serviço Social da Indústria,
e que “teria como objetivo formar a
consciência da futura classe trabalhadora, cujos valores deveriam estar
centrados na disciplina, na moral, na família, no progresso, no trabalho e na
religiosidade, criando uma imagem de mundo idealizada e sem conflitos” (SIC). (Bah! Aí é sem comentários, pois o tema é outro.)
Num
concurso para esses jovens, meus irmãos – que já estavam na escola, incentivados
pela nossa Mãe, resolveram participar! E não deu outra! Minha irmã acabou recebendo
pelo Correio como prêmio o livro de Vicente Guimarães, Anel de Vidro! (***).
Foi
o primeiro livro de poesias que eu conheci! E era para “crianças” – ou quase. Fora isso, já conhecíamos a Seleta em Prosa e Verso, de
Alfredo Clemente Pinto, uma antiga edição de 1883, que o nosso Pai seguido lia para
nós, ou fazia “ditado” de vários trechos para que os que já sabiam escrever “treinassem
a caligrafia”...
Conversamos
um bom tempo sobre literatura, autores e livros... trocamos dicas, e depois fui
para casa correndo, encantado – nos dois sentidos - com o presente.
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O livro tem prefácio de Malba Tahan e várias dedicatórias |
Depois,
em casa, folheando a edição de 1956 do Anel de Vidro, pude ver dois carimbos dos quais eu não lembrava, ou nem sabia; em
um se lê “Prêmio da Revista Sesinho” e no outro “Oferta de Cafiaspirina, Símbolo da Confiança”. Lembrei na mesma hora o famoso jingle do rádio quando se
ouvia a máxima “Se é Bayer é bom!”
Nas
páginas do “Anel” há muitas marcações a lápis, feitas pela Gleide, quando
estava cursando a Escola Normal, apontando temas dados, certamente, por alguma
professora de Português...
O importante é que, ao contrário d“O
anel que tu me deste, era de vidro e se quebrou”, o livro permaneceu quase intacto,
e agora está comigo, lembrando “A ditosa infância minha era curta e se acabou.”
Será? Não creio...
__________________
(*) Luiz Carlos Vaz é
Jornalista, Fotógrafo, Escritor e Editor deste Blog
(**) Quando eu, com três
ou quatro anos, “fugia de casa”, ia até a vizinha ao lado, que tinha uns
cachorros enormes e brabos, e gritava lá da frente: “Tu tá aí, Zeferina?” Isso virou piada na família, até hoje.
(***) O Hamilton ganhou
o livro Vida de Rua, creio que também do V.G.
Mas isso é assunto para outro dia...
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