10 de janeiro de 2010

Felizes? Sim...

Vejam só a raridade que o colega Hamilton Caio envia: uma foto de um churrasco da turma do 3o Científico, em dezembro de 1964, no Bosque, onde aparecem, além dos colegas da turma dele, quase todos identificados, o professor Avancini, (no churrasco, mas de terno e gravata...), Don José Gomes, primeiro Bispo de Bagé, que foi, segundo a tradição da época, o "paraninfo religioso" da turma, além do professor Guido Moraes, com seu violão. Num texto bem emotivo, Hamilton relembra fatos memoriais muito importantes, como as provas orais e o ensino de quatro línguas para a gurizada do velho Estadual...Que tempos, heim?
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Pela ordem, da direita p a esquerda, em pé: Rubem Martinez Cuña (orador de despedida), de óculos; Estênio Seoane, usando na cintura a faca do churrasco; Osmar D. Urdangarin, de óculos; Hamilton Caio Vaz; Favorino Gonçalves do Couto, de óculos; Nelson Grivicich Netto; um colega pouco visível, não identificado; D. José Gomes, primeiro Bispo de Bagé e Paraninfo religioso; Danilo Cunha Silveira; Claudio da Silva Ricalde; Prof Guido de Jesus Machado Morais, o paraninfo civil, com violão; Armando Corrêa Pacheco, parcialmente encoberto pelo violão; um colega de outra turma que não lembro o nome; Prof José Albino Avancini (diretor), de óculos; Nilva Barreto Moreira; outro não identificado, atrás da Nilva; José Carlos M. Marques, parcialmente encoberto; Lorival Octávio Ribeiro, de óculos; Dea Mariza Alves Branco; Luiz Carlos Nunes.
Agachados, na mesma ordem: Édison Uwe B. Zahler, Lulo José Pires Corrêa e Emilio Wagner Kourrouski.
E, como dá para ver, a cerveja esteve bem presente.


Estudar no Estadual, nos anos 50 e 60, era, na realidade, fazer um curso de sete anos. Depois de ter passado no Concurso de Admissão ao Ginário, o equivalente a um vestibular, com o mesmo nervosismo, expectativa e a aura que envolve este, mas com a agravante de quem só tinha onze ou doze anos, enfrentava-se quatro anos de ginásio e três anos de científico ou clássico, de modo contínuo, portanto, perfazendo os sete anos.

O impacto do rítmo do novo curso, para nós, saindo do curso primário, era muito grande. Eram várias disciplinas, cada uma com um professor; a novidade do estudo simultâneo de três linguas (incluindo o latim, uma lingua morta), além do português (o Espanhol, como a quarta lingua estrangeira, só entraria no Científico ou Clássico); muitas provas; prova final escrita e oral, esta com banca de examinadores, sendo mais de um examinador para cada matéria. O "ponto" (assunto) era sorteado na hora pelo próprio aluno.

Os churrascos, picnics, cock-tails, festas e bailes, além do cinema, eram a saída natural para desanuviar e relaxar. E, como é normal, os churrascos no Bosque eram uma grande diversão. Além do próprio churrasco, com tudo que envolve a sua organização, havia muita conversa, muitas histórias e até artistas, como o Prof Guido Morais, cantando e tocando violão. Um de seus hits era a música "Al di lá" , acompanhada com violão, grande sucesso dos famosos festivais de San Remo, dos anos 60, já no final da Era Romântica do Estadual. Depois o professor Guido tomaria uma vertente regionalista.

Esses churrascos, em fim de ano ou curso, eram muito frequentes. Os professores, também, gostavam de participar. Nem o nosso estimado Frei Plácido deixava de ceder a essa tentação "gastronômica-social-festiva". O Bosque, famoso e formoso, do Estadual, era um dos locais preferidos para isso. Os picnics, cock-tails, festas e bailes costumavam ser em locais externos ao colégio. Só as festinhas eram mais realizadas nas dependências do Estadual, até na própria sala de aula. As vezes, os professores paraninfos ofereciam cock-tails em suas casas e os colegas, quase sempre, levavam irmãs(ãos) ou namoradas(os). Aí, era uma festa! Muitas vezes "dava namoro"! E havia os bailes !

Os churrascos e outras festas de final de Científico eram os mais marcantes, pois culminavam com o fim de um longo ciclo de estudos, maior que de uma faculdade. A turma estava às vésperas de se dispersar radialmente. Os colegas, finalmente, iriam tomar as mais variadas direções, na busca da formação profissional.

Passados quarenta e cinco anos, vem a tentação de fazermos aquela conhecida pergunta ou exclamação nostálgica: Será que éramos felizes e não sabíamos?

Ah... se pudéssemos voltar no tempo!
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Enviado pelo colega
Hamilton Caio
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7 comentários:

Luiz Carlos Vaz disse...

Mais uma fotografia que conta muitas histórias. Além da identificação de quase todos os colegas, temos os professores Avancini e Guido, e o primeiro Bispo de Bagé, Don José Gomes. Uma preciosidade bem conservada.

cigana disse...

Grandes lembranças!!!!!!!!!!!!!!!Me fez chorar de saudade.Com certeza éramos felizes e não sabíamos.E o que é a maravilha da fotografia!!!!!!!!!!!!!

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim "Cigana", é uma das melhores fotografias que já publicamos pela riqueza de detalhes e pela identificação precisa dos professores e dos colegas. A presença de D. José Gomes, primeiro bispo de Bagé, é inédita. Deves ter também alguma tua por ai... manda para a gente publicar e conta as tuas histórias. Obrigado por acessar o "nosso" blog. Divulga para teus contatos e segue nos prestigiando. Um abraço.

Luiz Carlos Vaz disse...

O Carlos Moraes, irmão do Guido, mandou este comentário (publicado em forma de post, dia 23 de fevereiro de 2010) que mostramos a seguir:
Caro Luiz Carlos, que baita concentração de tempo e eternidade naquela foto do churrasco do terceiro científico de 1964. Dom José sorrindo, Guido ao violão, os professores.
E aquele polaco maluco, o Emílio, onde andará?
Dom José, já bispo de Chapecó, foi acometido de uma doença degenerativa e teve, pelo que soube, uns últimos anos bastante dolorosos.
Guido de violão e cigarro cantando Al di lá... Legal essa tua batalha pela memória,
dos "al di lá" e dos "al di cá".

Abraço
Carlos

Nelson Grivicich Netto disse...

Puxa gente! Valeu mesmo caro amigo Hamilton! E a Clara está bem? Lembra que foi eu que os apresentei, servindo como cupido? Esta foto guardo comigo até hoje, e vê-la posta na internet foi muita emoção. O Cláudio, o Rubem, o Lulo, o Armando Pacheco, para citar apenas alguns. Copm certeza foram os melhores anos de nossas vidas. Sempre que vou a Bagé olho para o Colégio Estadual com muita saudade e lembro de alguns professores queridos que tives: Peri Coronel, Eva da Nova, Petruci, Silvinha, Madame Louise, Valdemar, Terezinha Almeida, Mairon, o inspetor Catalino e muitos outros que teno na memória mas não recordo o nome. Me formei em agronomia na UFSM em 1969, trabalhei como pesquisador da FUNDACEP-FECOTRIGO (por 28 anos) em Cruz Alta, onde moro, e onde exerço a função de Coordenador do Curso de Agronomia da UNICRUZ, onde trabalho há 17 anos. Meu endereço é Rua Pedro Bonini 322, CEP 98035-060, Cruz Alta, RS. Meu e-mail é:nnetors@uol.com.br. Espero notícias. Apesar dos meus 67 anos, estou forte! VIVA O COLÉGIO ESTADUAL DE BAGÉ E OS FORMANDOS DO CIENTÍFICO DE 1964. ABRAÇOS. NELSON GRIVICICH NETTO.

Luiz Carlos Vaz disse...

Alô Nelson! Obrigado por passar aqui e comentar. Deves ter mais algumas fotos dessa época... manda para o Blog publicar (e pode contar algumas histórias também). Um abraço.

Hamilton Caio Vaz disse...

Caríssimo colega e grande amigo Nelson Grivicich Netto! Fiquei emocionado com a tua chegada aqui no blog do Estadual. Há um bom tempo já andamos vasculhando a web, à tua procura. A surpresa foi grande quando, por volta das 13h, encontrei teu comentário. Mas, logo precisei sair e só agora as atividades calmaram para responder. Aqui tudo bem, a Clara já andou escrevendo textos e muitas fotos que ela tirou já foram postadas pelo Luiz Carlos, aqui no blog.
E lembro de tudo, inclusive do almoço no Augusto, em Santa Maria, lá pelo final dos anos 70. O cardápio foi “Suprema de frango”. Lembras? Aguarda mais notícias, e muitas novidades. Um grande abraço.