1 de janeiro de 2010

Férias grandes - II

Bem que a menina lançada por Washington Olivetto
poderia ter estudado no Estadual...
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Na década de 50, no Estadual, as férias de final de ano eram tão grandes - de final de novembro a início de março, que muita coisa mudava nesse intervalo de tempo, principalmente para os alunos dos primeiros anos do ginásio. Então, quando voltávamos em março do ano seguinte, sempre achávamos algum colega diferente. Ou tinha começado a aparecer a barba em algum, ou outro tinha raspado a barba pela primeira vez, ou mudado o penteado, ou estava mudando a voz!
Era moda entre os guris, que já chegavam à adolescência, trocarem o penteado. O que mais se usava na época era o corte cadete (penteado para o lado), chamado assim por ser o corte oficial dos recrutas no quartel. Daí passar a pentear, por exemplo, para trás, como a maioria dos galãs do cinema, era um avanço, principalmente se inspirados nas melenas do Elvis Presley, no auge da sua carreira como ídolo da juventude. A mudança começava com o tal cabelo à escovinha, cortado bem curto no topo da cabeça, e penteado para trás. Era comum carregar um pente Flamengo no bolso de trás da calça e, de cinco em cinco minutos, reforçar aos fios de cabelos a idéia de que a partir de agora eles deveriam permanecer naquele sentido. Lembro de dois colegas que fizeram isso na mesma época, o Ricardo Mendes Costa e o Luiz Carlos Costa Madeira.
No meu caso, num desses intervalos de férias, o que mudou foi o tamanho do meu pé! Em novembro eu ganhara um par de sapatos novos, que tinham ficado um pouco folgados, por isso não os usei nas férias. Quando voltei em março... pasmem, os sapatos estavam apertados, e tive que abandoná-los sem uso!
As colegas, na volta dessas férias de verão, sempre pareciam mais bonitas, e, claro, não deixávamos de observar e comentar entre nós, também, a possibilidade de estarem usando o primeiro sutiã, que foi como mais tarde, em 1987, esta peça íntima das garotas foi consagrada no famoso comercial da W Brasil, onde a menina Patrícia Lucchesi, então com 11 anos, aparecia diante do espelho experimentando o seu. Os cabelos das gurias sempre estavam diferentes. Ou quanto ao modo de pentear, ou pelo uso de tiaras, passadores, fitas e outros adereços. Um furtivo, (e bem vindo!) batom, às vezes se apresentava nos lábios desejados, mas sempre estávamos sob o patrulhamento do nosso implacável Inspetor Catalino! Era sempre muito agradável rever as gurias no retorno das aulas, e, muitas vezes, apareciam colegas novas, vindas de outros colégios, de outras cidades e até mesmo de outros estados.

Março era uma festa!

Enviado por

Hamilton Caio

2 comentários:

Ana Saturnina disse...

NossA! Lembrei de quando usei o 1º sutiã, passei em frente ao Quartel General, caminho pro Estadual, e os milicos mexeram comigo.

Luiz Carlos Vaz disse...

E com razão Ana, e com razão... hehehe