26 de janeiro de 2010

Recuerdos da 28

Numa época sem toilette à bordo,
uma parada técnica na volta, já perto de Bagé
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Com as rédeas, o Élvio Rangel Cásseres, atrás do cavalo, Luiz Carlos Vaz,
bem à frente, o Roberval Lannes de Carvalho
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No ano de 1968 os estudantes do Estadual foram a um congresso da UGES, União Gaúcha de Estudantes Secundários, em Santana do Livramento, que era uma preparatória para o famoso 30º Congresso Nacional da UNE, que reuniria no mês de outubro, em Ibiúna, SP, mais de 700 estudantes de todo o Brasil sob a liderança do presidente Luís Travassos (1). 

Fomos até Livramento em um ônibus da Empresa Lima. Era inverno, as estradas estavam “naquela base” tanto na ida como na volta. Entre teses, manifestos e discussões bem próprias para a época, achamos tempo também para nos divertir na terra dos hermanos. Havia um misto de cassino e boate, de nome Farolito, bem ali na divisa das duas cidades, que seduzia a todos com as luzes de neón que faziam o Farolito ficar piscando para nós. 

No lado brasileiro, descobrimos o restaurante Pedrinho, num subsolo levado por uma escadaria íngreme, que nos serviu diariamente um Carreteiro da Casa por 950,00 cruzeiros. Pagávamos mais 50 pila e tínhamos direito a uma porção extra de pão (pela primeira vez na vida senti saudade da comida da minha mãe...). 

Fomos também ao cinema na cidade de Rivera, onde flertamos em portunhol com moças que eram, na verdade, brasileiríssimas.... Dormimos duas noites dentro do ônibus da Empresa Lima. Tínhamos alugado um quartinho de solteiro num hotel, entre sete ou oito colegas, onde nos permitiam deixar as malas, tomar banho e também as outras providências. 

Na volta passamos em Dom Pedrito e fomos recebidos pelas colegas do colégio Nossa Senhora do Horto. Aliás, muito bem recebidos... Tiramos fotos pela cidade e fizemos uma certa bagunça que deve ter despertado muita gente naquele início de manhã geladíssimo da cidade da Caixa d’Água. Um carroceiro que distribuía leite de casa em casa nos emprestou (fazer o que?) sua carroça para uma foto. 

Livramento ficara para trás com o carreteiro do Pedrinho, o quartinho de solteiro para oito e as luzes do Farolito. Dizem, até hoje, que um colega mais impetuoso teve um affair com a Porca Rabona e teria enfrentado um índio curto e grosso, de nome Pescoço, num entrevero bem bagual, lá pelos lados da 28... mas são só recuerdos, recuerdos...
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(1) Alguns estudantes encarregados de providenciar alimentação para todos teriam chegado numa pequena padaria (Ibiúna tinha 6.000 habitantes) e encomendado dois mil pãezinhos... o dono ficou preocupado, ligou para a polícia e todos foram presos... O 30o Congresso da UNE não terminaria. O ano de 68, segundo Zuenir Ventura, também não terminou..

5 comentários:

Luiz Carlos Vaz disse...

O Roberval foi o primeiro desfalque da nossa turma. Ainda jovem, recém formado pela UFSM, já professor de Educação Física da FUnBa, foi trocar uma lâmpada em casa e um pequeno choque elétrico parou seu coração para sempre.

Léli disse...

Olha não pude deixar de rir com a legenda da foto, atrás do cavalo "Luiz Carlos Vaz". Muito legal, recordações que reavivam a memória. Beijão

Luiz Carlos Vaz disse...

Bem, como não aparecem os "documentos" usei o genérico... mas poderia ser uma égua, hehehe

J.L. disse...

Kodak Brownie C, filme 620... acho que ainda tenho os negativos, até. Mas vou procurar as fotos mesmo pra recuperar os nomes dos demais. Posto assim que conseguir.

JL

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, José luiz, tem uma turma grande aí... vamos identificar alguns.