O Cinema marcou
de forma indelével a nossa vida no Estadual. Ele era o mais
importante renovador de energias para se enfrentar a semana de aulas. As
conversas de segunda-feira, invariavelmente, giravam em torno dos filmes que
haviam passado no fim de semana. Cada detalhe era comentado e discutido pela
turma, e, logicamente, a beleza e os dotes físicos das mocinhas também.
Como sabemos, o cinema criou uma legião de fãs pelo mundo afora e aqui não foi
diferente.
E, como era
natural, nós, guris e gurias, éramos muito suscetíveis a esse tipo de
admiração. Já tínhamos, mesmo antes de chegar ao ginásio, as nossas namoradas
de "faz de conta". Então, a essa lista foram acrescentadas as
namoradas platônicas das telas do cinema. E as gurias, também, não fugiam à
regra. Mas, nem todos confessavam essa paixão por alguma deusa das telas.
Muitos filmes se tornavam marcantes para nós, narravam histórias que nos
causavam muita emoção, principalmente quando havia uma atriz que acabava
mexendo com nossos sentimentos.
Uma sessão de
cinema, no velho Glória, se tornou inesquecível para mim. Foi no ano de 1960.
Uma gloriosa sessão dupla, à noite. O primeiro filme foi O
Escorpião Negro, uma "fita de monstro", comum na época, com a Mara
Corday (os nomes das mocinhas, claro, nós não esquecíamos). Era um bom
filme de suspense. Mas, o outro, A intocável (Sea wife), com a Joan
Collins e o Richard Burton, lembrei e relembrei sempre. Ela era lindíssima,
tinha uma leve semelhança com a Liza Minnelli. Esse filme conta a história de
um naufrágio. A mocinha, entre outras pessoas que conseguem se salvar em
um bote, era uma noviça, fato que o mocinho, também sobrevivente,
desconhecia, daí ...
A partir de
então, a Joan Collins ficou sendo a minha musa do cinema, tomando o lugar da
Deborah Kerr, a Lídia de Quo Vadis?, que assisti em 1958.
Depois, a esta lista, se somaria a estonteante espanhola, Sarita Montiel,
de La violetera. Dá para acreditar que por 27 anos estive à procura do
filme A intocável ? Buscava diariamente na programação dos filmes em
cartaz, tanto no cinema como da televisão, até que o encontrei num madrugadão
da TV. Hoje, revendo esses filmes, nos damos conta que eles não têm tanto da
força hipnótica que pareciam ter quando éramos meninos.
Mas, servem para
nos transportar ao passado juvenil, para nos sentirmos guris outra vez, para
nos lembrarmos das nossas namoradas dos filmes e até das namoradas de "faz
de conta", aquelas colegas inatingíveis com as quais sempre sonhávamos, e,
eventualmente, de uma namoradinha real e efêmera. Contudo, essa fantasia é a
força da grande Arte do Cinema, a arte da telona, a arte das artes, a magia da
sétima arte. Magia que era o bálsamo do nosso dia a dia de estudantes do
Estadual.
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Enviado pelo
colega
Hamilton Caio
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6 comentários:
Essa é uma bela lembrança das sessões duplas do Glória. Os dois filmes são bem representativos da época. Hoje, só os veremos na sessões da madrugada ou nos canais "cult" das tvs por assinatura.
Belo post !!!
Nessa linha de filmes raros, outra película difícil de encontrar foi "A Grande Escapada" (La Grande Vadrouille), filme francês de 1966. Desde que vimos pela primeira vez no Mini Cini Difusora, por volta de 1972, só o encontramos em cartaz, cerca de 20 anos depois, na extinta tv Guaíba, que tinha recepção só em Porto Alegre. Mais recentemente, ganhamos uma cópia em dvd, importada, no original em francês. Esse filme se tornou "cult" na França. Se fosse lançado aqui em dvd, teria boa aceitação. O roteiro mistura comédia com aventura de guerra aérea (2a guerra mundial). As cenas aéreas de perseguição de um caça nazista a pilotos ingleses, que fogem num planador e ainda são bombardeados pela artilharia antiaérea inimiga, na qual o artilheiro é vesgo, são hilariantes. Mas, estas são apenas algumas das passagens engraçadíssimas dessa comédia/aventura.
Hamilton Caio
Por falar em "A intocável", não tive a mesma sorte do colega Hamilton que o encontrou, ainda que na tv. Assisti no Cine Sete um filme chamado "Cover me babe", horrorosamente traduzido por "Uma sombra passou por aqui",(o mesmo título em português do livro "The illustrated man" do Ray Bradbury). Foi dirigido pelo Noel Black, com Robert Forster, Sondra Locke (mulher do Clint) e Susanne Benton. No cartaz, uma chamada dizia: How far from truth is reality? (Quão longe da verdade está a realidade?) Desse sim, eu NUNCA mais ouvi falar... Um estudante de cinema seduz uma colega e a força a fazer cenas de sexo em seu filme de conclusão de curso.
amei este blog!
fui do carlos kluwe de 1972 a 1978, amo meu colégio!
lembrei agora, a propósito de cinema, de um programa incrível que esteve em cartaz no avenida: sessões do famoso, meloso e imperdível "Dio come ti amo" com propaganda ao vivo do sabão em pó OMO. Alguém lembra??????? era menina e acho que vi umas 10 vezes o filme!!!!!
Obrigado Cecy! Que bom que gostou. Procura ai nos teus guardados uma fotografia dessa época do Estadual e manda para a gente! A música do filme "Dio, como te amo!" é uma composição do Domenico Modugno, o filme foi dirigido pelo Miguel Iglesias, com a Gigliolla Cinquetti e Mark Damon. Interessante é que o nome da personagem é Gigliola Di Francesco.
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