6 de janeiro de 2010

O cinema em Bagé

Um volante do Cine Sete, impresso no Instituto de Menores, lá por 1971,
dá conta de várias estréias para aquele período do ano

Sem voltar muito ao passado podemos afirmar que o cinema em Bagé foi consolidado pela Socex, Sociedade Comercial Exibidora Ltda. O Cine Avenida, o Cine Capitólio e o Cine Glória, encantaram fiéis plateias cinéfilas durante anos. A Rádio Difusora entrou no ramo do cinema depois do desinteresse dos ouvintes pelos programas de auditório, e inaugurou o Mini Cine Difusora com o filme Esses homens maravilhosos e suas máquinas voadoras, já no finalzinho da década de 60. 

Mais tarde a Difusora abriu uma outra sala no auditório do Colégio Auxiliadora, com o nome de Cine Ritz, onde estreou o filme O planeta dos macacos. Chegamos ao apogeu do cinema na nossa cidade quando uma outra empresa distribuidora inaugurou o Cine Sete. Todas essas cinco salas, com exceção do Mini Cine, eram enormes e lotavam sempre. Eram três empresas concorrendo e disputando um público aficionado pela Sétima Arte, para usar um termo da época. Quando passavam filmes famosos, filas enormes se formavam nas calçadas e faziam a alegria dos pipoqueiros e dos voyeurs.

Lembro do lançamento de filmes como Quo Vadis?, ...E o vento levou, Psicose, Exodus, o primeiro filme de James Bond, 007 contra o satânico dr. No, ou ainda 2001, uma odisséia no espaço. Sem falar, claro, em Coração de luto, do Teixeirinha, que lotou as salas por semanas. Convidar uma colega de aula para a matinèe de domingo no Avenida era garantia de três horas no escurinho do cinema. A matinèe era sempre um programa duplo: o filme de sábado e um outro que tivesse estreado durante a semana. Quando o namoro já estava mais firme, o chic era ir na Sessão das quatro, ou Sessão Vermouth, quando um filme romântico facilitaria o clima para arriscar o primeiro beijo. Algo como: Dio, como te amo! ou Love Story criava um clima perfeito para dar esse importante passo no relacionamento ou fazer uma declaração de amor infalível...

Impossível imaginar que saindo hoje do Estadual não se dará uma pequena volta para passar na frente do Avenida, ou do Sete, ou do Mini Cine, só para olhar os cartazes dos filmes proibidos até 18. Europa à noite, Mundo cão ou E Deus criou a mulher... Impossível imaginar que os alunos do Carlos Kluwe terão de esperar que o novíssimo Avatar, do James Cameron, saia em DVD para assistí-lo numa tela de 20, 32 ou mesmo de 42 polegadas, mas de televisão.


Onde foram parar nossos cinemas? E o tão esperado Cine Consórcio que nunca saiu do impressionante piso de concreto inclinado? Que saudades do Aristides Kucera e da sua Socex, que mantinha inclusive, a programação do Cine Rádio Upacaray, em Dom Pedrito... Será muito saudosismo fazer essas perguntas?
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4 comentários:

Anônimo disse...

Manoel disse...
Está ficando cada vez mais gostoso este blog,
além do Estadual, está brotando os anos dourados, belos dias, belas coisas, belas imagens, cinemas, filmes, Av Sete, guris e gurias em efervescência, em agitação, inquietudes de adolescentes. Beleza!
Estou gostando muito e relembrando muito.
Parabéns a todos os participantes.
Manoel Ianzer

BLOG DA JAN disse...

Oi, lendo a matéria, lembrei da Sessão Vermouth no Avenida...aos domingos iámos assistir à Sessão Vermouth que começava às 16h, já que ainda não tínhamos idade pra ir ao cinema à noite. E depois atravessávamos a rua e íamos lanchar no "Amarelinho". Antes de voltar pra casa, claro, um passeio pela "Sete" para dar uma olhadinha nos meninos...

Luiz Carlos Vaz disse...

Isso Janice, Sessão Vermouth, até acrescentei no texto...

Luiz Carlos Vaz disse...

Grato pelo comentário, Manoel Ianzer, realmente as memórias começam a brotar e não param mais, e, com a colaboração dos colegas, vamos remontando essa verdadeira colcha de retalhos.