Henrique Oswaldo era da turma que entrou em 1964 para o Ginásio do Estadual.
Na foto maior ele aparece em pé, à esquerda, com as mãos nos bolsos.
.Na foto maior ele aparece em pé, à esquerda, com as mãos nos bolsos.
"Neste dia 25 de Fevereiro de 2010 completa-se um
ano desde a partida do professor Dr. Henrique Oswaldo Camargo Nunes. Um ano de
muita luta e saudade para aqueles cuja vida foi marcada pela presença iluminada
do professor Henrique. Impossível descrever tal indivíduo. Cada pessoa que
conviveu com ele aprendeu como lição, um exemplo de carisma e determinação. Era
uma figura singular, notável, de personalidade forte e aguerrida, daqueles
seres humanos que nos orgulhamos de ter conhecido num saldo final. Com sua
maneira despojada, transformava a química em um denominador comum entre ele e
os alunos; animava os discípulos usando uma linguagem simples e acessível para
comentar os mais complexos conceitos da química. Seus princípios educacionais
baseavam-se na educação tradicional sem interrupções e conversas paralelas,
mesmo isso não sendo levado a sério por parte dos estudantes. Manteve sempre
consigo frases expressivas para chamar a atenção, entre elas as que ficaram
marcadas na memória de todos são: “Está
se achando o Highlander Imortal” (dizia
quando um aluno falava uma gracinha); Tá
tchê, tá tchê... Margarete Thatcher (quando
o aluno falava paralelamente com ele, durante uma explicação. Depois quando o
mesmo olhava em sua direção, ele completava a frase dizendo: Margarete
Thatcher), Olha os bombeiros oh!
Calma, calma, calma (quando
alguém perdia a paciência com outro colega ou professor). Esta última muito
utilizada comigo, quando exaltava-me ao ver o desleixo e a forma que alguns
profissionais da educação tratavam alunos e funcionários, no final ele
conversava e o sentimento que vinha depois de seus diálogos era sempre alegria
e compreensão. Compreensão que talvez tenha sido o maior dos ensinos que
propagou, porém sempre batalhou por um mundo melhor, em diversos aspectos. Como
bibliotecário na Biblioteca
Ernesto Wayne da Escola Estadual Frei Plácido,
organizou, catalogou livros e adquiriu computadores para os alunos que
frequentam o local. Como Professor, seu nome ficou marcado na história daquela
Escola, sendo homenageado recentemente pelos formandos 2009. Homenagem justa ao
homem que trabalhou honrosamente pela instituição, homem que travou batalhas
contra os “podadores de sonhos”, sonhos que muitas vezes eram só o que restava
para vários alunos. Persistiu em seus ideais até o fim, mesmo quando todos já
haviam abandonado a guerra e perdido as esperanças, inclusive eu. O Doutor em
Ciências de Alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ganhou o
mundo através da eternidade de seus atos, marcados na memória de todos nos.
'Morrer é só não ser mais visto'.
Assim
o jornal Zero Hora noticiou seu desaparecimento, aos 56 anos de idade, no ano
passado:
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Formado em Engenharia Química pela UFRGS, e graduado em Química Industrial pela PUCRS, em Porto Alegre, Nunes era figura conhecida em Bagé. Por suas mãos, passaram gerações de alunos da região durante os últimos 30 anos em que exerceu atividades no magistério estadual, em colégios particulares e cursinhos e como professor de petrografia no curso de agronomia do Centro de Ciências Rurais da Urcamp. Filho de Oswaldo da Cunha Nunes e Ondina Camargo Nunes, destacou-se pela liderança familiar e pela dedicação ao esporte. Fundou dois times amadores em Bagé: o Esporte Brasil e o Fabricio Pilar. Apaixonado por futebol e futsal, o professor era considerado expansivo, de fácil tratamento e com jeito despojado de fazer amigos.Deixa a mãe e três irmãos: o militar e advogado Luís Celso, a pedagoga e gerontóloga Ida Gleci e a professora Nara. Divorciado, tinha três filhos: o jornalista Eduardo, o professor de educação física Luis Henrique e a estudante de fonoaudiologia Eveline.
Formado em Engenharia Química pela UFRGS, e graduado em Química Industrial pela PUCRS, em Porto Alegre, Nunes era figura conhecida em Bagé. Por suas mãos, passaram gerações de alunos da região durante os últimos 30 anos em que exerceu atividades no magistério estadual, em colégios particulares e cursinhos e como professor de petrografia no curso de agronomia do Centro de Ciências Rurais da Urcamp. Filho de Oswaldo da Cunha Nunes e Ondina Camargo Nunes, destacou-se pela liderança familiar e pela dedicação ao esporte. Fundou dois times amadores em Bagé: o Esporte Brasil e o Fabricio Pilar. Apaixonado por futebol e futsal, o professor era considerado expansivo, de fácil tratamento e com jeito despojado de fazer amigos.Deixa a mãe e três irmãos: o militar e advogado Luís Celso, a pedagoga e gerontóloga Ida Gleci e a professora Nara. Divorciado, tinha três filhos: o jornalista Eduardo, o professor de educação física Luis Henrique e a estudante de fonoaudiologia Eveline.
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Ézio Sauco"
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Nosso
colaborador Ézio Sauco, que foi aluno do professor Henrique Oswaldo, nos enviou
este belo texto sobre o nosso colega. Na véspera do nosso encontro em 12 de
dezembro, ilustrei uma chamada intitulada "Nosso encontro é amanhã"
com a foto que ilustra este post. Postei um comentário dizendo que nosso colega falecera no
início daquele ano e era também um excelente aluno que só passava por média (1). O poeta Fernando
Pessoa, diz na sua poesia lírica A
morte é a curva da estrada, que morrer
é só não ser visto. Se o poeta disse, deve ser isso mesmo. Em homenagem
ao Henrique Oswaldo publicamos abaixo a poesia
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A
morte é a curva da estrada
.
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
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A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
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Fernando
Pessoa,
Lisboa,
23 de maio de 1932
.
(1)
Comentário à postagem
dia 11 de dezembeo de 2009: "Em primeiro plano, de jaqueta e mãos nos
bolsos, aparece o colega Henrique Oswaldo Camargo Nunes, falecido em março
deste ano. Henrique era engenheiro e professor da Urcamp. Grande inteligência,
passava sempre "por média". 11/12/09 às 11:28.
2 comentários:
Uma lembrança diária.
A praça Silveira Martins sempre foi uma obsessão minha, adoro ela e seus encantos. Nos meus tempos de cursos e caminhadas rumo ao sebos, em busca dos números para completar minha coleção de Tex, encontrava o professor conversando e chamando "gritando" todos os conhecidos que passavão na Avenida Sete. Era um lugar caracteristico dele, ou melhor nosso, até hoje quando passo por lá lembro deste fato, e as vezes espero surgir a presença desse velho amigo em meio a estatua do Gaspar. Uma eterna espera.
Sim, esse era exatamente o Henrique Oswaldo. Quando jogávamos futebol no Estadual só se ouvia a sua vóz na quadra. Ora xingando, ora reclamando, ora exigindo mais dedicação dos companheiros, mas sempre rindo e brincando.
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