Pirai - Lagoa do Amaral,1957. Da E para D: Bayard Bittencourt, Neimário Carneiro, Sirio Bianchetti,
Don Mac Oll, Luiz Brossard, Icyla Brossard Mello, Nei Carneiro, Naiá e Glênio Carneiro.
Nei Carneiro e Don Mac Oll.
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Quando o agosto terminava começava a temporada de pescarias. Don Mac Oll injetava ânimo em todos e se apoiava nos amigos que lhe indicavam os melhores locais de pesca, como a Lagoa do Amaral, no Pirai.
Por ser o manda-chuva da Fábrica de Enlatados Paysandu, ele desenvolveu a manufatura da língua bovina, com os animais abatidos no frigorífico, e esta era enlatada e exportada para a Europa.
Mas também havia outra iguaria que ele enlatava para consumo próprio, a rabada. Rabada enlatada. Nunca ouvi falar disso, mas meu pai, que o conheceu e era seu amigo, conta que era uma delícia. Pedaços de rabada, com osso e tudo, eram colocados em latas e depois avidamente consumidos nas pescarias. Don Mac Oll também mandava dessas latas para os seus parentes na Escócia.
Don Mac Oll foi um dos primeiros a fazer emplacamento de carro. Não sabia disso, mas os carros em Bagé, até os anos 50, não tinham o costume de ser emplacados.
Outros locais de destino das pescarias eram Tacuarembó, no Uruguai, e Jaguarão. Naquela época os agrotóxicos não haviam entrado em pauta na agricultura, quebrando a cadeia alimentar da fauna, a caça era farta, e eles aproveitavam também, assim como a pesca.
Após tanto peixes e caçadas como se dava o consumo do pescado e dos perdigões? Meu pai é Bianchetti, uma família que sempre cultuou o bem comer. Minha avó Pepa, e as irmãs dela - Julieta e Joana, todas viúvas, se dedicavam a cozinhar e fazer o molho escabeche.
O molho é um capítulo à parte na cozinha da região, herdado dos vizinhos uruguaios, que receberam dos espanhóis, é na verdade de origem árabe (scabech). Tem como ingredientes o óleo, o vinagre, a massa de tomate, a cebola, a pimenta preta, o louro em abundância e o açúcar.
A minha avó Bianchetti, e as irmãs, tinham que preparar, conforme a temporada, ou perdigão ao escabeche, ou peixe com o mesmo molho. Tudo isso o Don Mac Oll e seu grupo consumiam avidamente em porções generosas.
Gerson Luis Barreto de Oliveira
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Enviado pelo colegaGerson Luis Barreto de Oliveira
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2 comentários:
Dos 11 aos 18 ( quando saí de Bagé) meus verões eram de pescarias com meu pai e meu tio. Íamos do Rio Negro às lagoas lá no Uruguai, atŕas da "bocudas":as traíras realmente grandes, com 4 kg ou mais, Era meu pai mesmo quem as preparava à escabeche, para serem então seladas em vidros "Vecchi" e consumidas ao longo do ano.
Ô tempo bom...
É verdade, conheci "seu" Vasco, e posso comprovar!
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