7 de outubro de 2013

Shopping

Foto LC Vaz

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Aldyr Rosenthal Schlee

Danda. Era como chamávamos a madrinha do meu pai, Arminda Aymone, minha tia avó. Apesar de ter nascido em Piratini, era uma jaguarense convicta. Para ela, Jaguarão era o máximo! Quando éramos guris pequenos e íamos - eu e meu irmão - passar férias na Cidade Heroica, saíamos em companhia da Danda para passear no fim da tarde, 27 afora (a rua principal de lá, para quem não sabe, é a 27 de Janeiro), para ver as "casas dos ricos", como ela fazia questão de frisar. Pelas mãos dela, fomos conhecer o Armazém Oscar Amaro (uma espécie de supermercado pré-histórico), a piscina do Cruzeiro, o modernoso prédio do Cine Regente (onde uma vez assisti a um "filme de piratas" com Errol Flynn) e o recém inaugurado Hotel Sinuelo. Tinha ela fixação por velórios e enterros, o que aumentava seu orgulho pelo Cemitério das Irmandades, lá de Jaguarão, no qual, ressaltava com um brilho nos olhos, as cerimônias fúnebres podiam ser realizadas à noite (era dotado de iluminação).

Arminda Aymone e ARS. Foto arquivo do autor

A Danda morreu faz muito tempo. Foi enterrada no Cemitério das Irmandades. De dia.

Lembro-me dela muito seguidamente, mas hoje especialmente por causa da inauguração do Pelotas Shopping.

Percebo que está todo mundo meio Danda nesta quinta-feira. Se ela estivesse viva e fosse pelotense, estaria com o tal "brilho nos olhos" e, muito provavelmente, se disporia a, pelas mãos, levar a mim e a meu irmão até o novo prediozão da Ferreira Viana.


Em homenagem à Danda (e a todas as "dandas"), evitemos de observar a efeméride sob o "viés" (expressão muito em voga no meio acadêmico) da "alienação", tal qual pensada por um certo barbudo alemão do Século XIX. Relaxemos e gozemos, pois!
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Publicado no Bipolar Flexível

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