23 de julho de 2014

Brancura Rinso



O Rinso era verde-claro ou branco? Não lembro.

Brancura Rinso


Sérgio Fontana (*)


1953. No Brasil, até [pelo menos] essa data, botar as roupas de molho com uma pedra de anil - para deixar mais brancas as roupas brancas e dar um realce às cores das roupas coloridas -, alvejar [com água sanitária], esfregar, torcer, quarar - colocar as roupas brancas ensaboadas no sol para clareá-las ainda mais - e enxaguar, fazia parte da rotina das donas-de-casa, de acordo com as orientações passadas de mãe para filha desde... desde sempre.

Prometendo um branco ainda mais branco, a Sociedade Anônima Irmãos Lever, filial brasileira da Unilever - empresa criada em 02 de setembro de 1929, um mês e meio antes da maior queda da bolsa de valores de Nova York - lançou o Rinso, primeiro sabão em pó fabricado no Brasil, a base de gordura e óleos vegetais. A fábrica ficava na Vila Anastácio, zona oeste da cidade de São Paulo.

Prevendo dificuldades na divulgação e utilização do produto, a empresa contratou demonstradoras que iam de porta em porta perguntando às donas-de-casa: "Posso usar seu tanque?" Assim, mostravam como se utilizava o novo produto. Em seguida, as demonstrações passaram a ser públicas, em tanques montados em parques, cinemas ou teatros e caminhões. Fizeram isto em mais de 120 cidades brasileiras.

Amparada pelo sucesso da mais nova forma de lavar roupa [ainda sem máquina], a Irmãos Lever resolveu lançar, em 1957, um "concorrente" para o seu Rinso. Nascia o OMO - acrônimo inglês para Old Mother Owl, cuja tradução literal é "Velha Mãe Coruja", um sabão em pó sintético, à base de matérias-primas químicas, e de coloração azul-claro, talvez em referência [ou reverência] às antigas pedras de anil, associadas a roupas, digamos, super-brancas.

Enquanto isso, lá nos 60's, imaginando que o OMO era um "rival" do Rinso, eu prestava atenção sobre qual das duas marcas de sabão-em-pó era a preferida da minha mãe. Em seguida me dei conta que o fator principal da escolha dela era o preço. Ela comprava o que estava mais barato. Ora um, ora outro.

A crescente escalada da marca OMO deu a seus fabricantes a segurança de, aos poucos, abandonar seu primogênito. Assim, imagino que lá pelo início dos 70's, após perder mercado para o seu irmão caçula, o Rinso parou de ser fabricado no Brasil, mas de lá para cá muita gente por aqui, quando quer se referir a qualquer sabão-em-pó diz "Rinso".

Post scriptum para os saudosistas:

Na Austrália, EE.UU., Indonésia e U.K. o Rinso ainda é fabricado.

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(*) Publicado no Blog do Sergio Fontana, O século XX
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