O Rinso era verde-claro ou branco? Não lembro. |
Brancura Rinso
Sérgio Fontana (*)
1953. No Brasil, até [pelo menos]
essa data, botar as roupas de molho com uma pedra de anil - para deixar mais
brancas as roupas brancas e dar um realce às cores das roupas coloridas -,
alvejar [com água sanitária], esfregar, torcer, quarar - colocar as roupas
brancas ensaboadas no sol para clareá-las ainda mais - e enxaguar, fazia parte
da rotina das donas-de-casa, de acordo com as orientações passadas de mãe para
filha desde... desde sempre.
Prometendo um branco ainda mais branco, a
Sociedade Anônima Irmãos Lever, filial brasileira da Unilever - empresa criada
em 02 de setembro de 1929, um mês e meio antes da maior queda da bolsa de
valores de Nova York - lançou o Rinso, primeiro sabão em pó fabricado no
Brasil, a base de gordura e óleos vegetais. A fábrica ficava na Vila Anastácio,
zona oeste da cidade de São Paulo.
Prevendo dificuldades na
divulgação e utilização do produto, a empresa contratou demonstradoras que iam
de porta em porta perguntando às donas-de-casa: "Posso usar seu
tanque?" Assim, mostravam como se utilizava o novo produto. Em seguida, as
demonstrações passaram a ser públicas, em tanques montados em parques, cinemas
ou teatros e caminhões. Fizeram isto em mais de 120 cidades brasileiras.
Amparada pelo sucesso da mais
nova forma de lavar roupa [ainda sem máquina], a Irmãos Lever resolveu lançar,
em 1957, um "concorrente" para o seu Rinso. Nascia o OMO - acrônimo
inglês para Old Mother Owl, cuja tradução literal é "Velha Mãe
Coruja", um sabão em pó sintético, à base de matérias-primas químicas, e
de coloração azul-claro, talvez em referência [ou reverência] às antigas pedras
de anil, associadas a roupas, digamos, super-brancas.
Enquanto isso, lá nos 60's,
imaginando que o OMO era um "rival" do Rinso, eu prestava atenção
sobre qual das duas marcas de sabão-em-pó era a preferida da minha mãe. Em
seguida me dei conta que o fator principal da escolha dela era o preço. Ela
comprava o que estava mais barato. Ora um, ora outro.
A crescente escalada da marca OMO
deu a seus fabricantes a segurança de, aos poucos, abandonar seu primogênito.
Assim, imagino que lá pelo início dos 70's, após perder mercado para o seu
irmão caçula, o Rinso parou de ser fabricado no Brasil, mas de lá para cá muita
gente por aqui, quando quer se referir a qualquer sabão-em-pó diz
"Rinso".
Post scriptum para os
saudosistas:
Na Austrália, EE.UU., Indonésia e
U.K. o Rinso ainda é fabricado.
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(*) Publicado no Blog do Sergio Fontana, O século XX
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