13 de maio de 2011

O Trovador que virou Menestrel

Nunca posei tão sério ao lado de um humorista
Foto de Moizes Vasconcellos
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- O que você faz?
- Sou um trovador.
- Não, você não é um trovador, você é um Menestrel!

Este diálogo aconteceu nos estúdios da Rádio Guaíba entre o compositor e cantor de modinhas, Juca Chaves, e o repórter Flávio Alcaraz Gomes. A recém fundada Rádio Guaíba de Porto Alegre entrevistava, lá no início dos anos 60, um jovem baixinho e narigudo que compunha músicas satíricas recheadas de fina ironia, tendo como mote principal a política e os políticos da época. Jânio, Jango e JK e outros tantos eram os temas preferidos das modinhas do – a partir dali, Menestrel.
Juca é antes de tudo um intelectual. Sempre lendo e relendo os grandes escritores, é um apaixonado pela música clássica, sendo um admirador confesso do russo Piotr Ilich Tchaikovsk e dos Cinco Grandes – Mussorgsky, Cesar Cui, Rimsky-Korsakov, Balakirev e Borodin, além de Liszt, Beethoven, Schubert... Quando exilado na Itália, durante o “regime”, conheceu – e se tornou leitor assíduo, da obra de Trilussa, anagrama de Salustri – Carlo Alberto Salustri, poeta satírico italiano que dava nome à rua onde ficava seu hotel em Roma. Salustri compunha músicas escritas em dialeto romanesco, uma espécie de gíria da capital italiana, usando diálogos entre animais para satirizar os homens. Uma das mais famosas, e de que mais gosto, disse Juca Chaves, é a que conta a história do reencontro de dois sapos socialistas.
Ao falar das duas filhas adotivas – Maria Clara (12) e Maria Morena (10) desaparece o Menestrel e surge o pai amoroso, comum, preocupado com o futuro e a educação das meninas.
O espetáculo que será apresentado logo mais à noite (*) no Theatro Guarany, em Pelotas, Finalmente em pé, é inspirado na nova geração de humoristas do stand up comedy, e Juca apresenta, em pé, para um público que sempre o acompanha e prestigia, suas velhas - e novíssimas, sátiras e piadas tendo sempre a classe política, "minha maior concorrente", como tema favorito, disse ele, mais uma vez em no estúdio de uma emissora de rádio do Rio Grande do Sul, desta vez na Rádio Universidade AM, 1.160 KHz, em Pelotas.
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(*) Texto publicado dia 12 de Maio e que desapareceu após a pane mundial do Blogger.  Recuperação feita a partir de rascunhos e da memória pessoal.
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2 comentários:

olmiro muller disse...

Juca Chaves tem talento, mas é controvertido, gerando mais reações de ódio do que de amor.
Se é que houve, esse exílio dele na Europa foi voluntário, pois não consta que ele tenha sido perseguido pelo "regime".
Juca foi um crítico alegre da ditadura, mas não era um ativista político.

Luiz Carlos Vaz disse...

Eu creio, Olmro, que ele fez como o FHC, saiu antes de ser convidado a sair.