26 de outubro de 2011

Quarta-feira, Dia Nacional do Sofá - II, Vermelho de raiva

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Vermelho de raiva! Sim, ele está bem assim. Acomodou por muito tempo o casal (a marca dupla da gastura no assento não o deixa mentir) e agora? Rua com ele! Certamente duas cadeirinhas metidas a besta estão ocupando o seu lugar na sala. Vai ficar ali, junto ao meio-fio, esperando o homem da carrroça levá-lo para casa. Uma nova casa, uma nova vida, uma nova esperança. Dois lugares, vermelho... ele já foi um sofá chic!
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"Hoje é quarta-feira. Dia Nacional do Sofá. Dia de visitar a namorada. De namorar sentadinho no sofá da sala. Dia do chá-de-pera ficar ali, numa poltrona, fazendo nada, só cuidando o namoro dos namorados. Não há tv, computador, celular ou  vídeo-game. Só o namorado e a namorada, no máximo de mãos dadas, também fazendo nada. Mas isso tudo há muito tempo, mas muito tempo atrás... Mas a denominação ficou. Hoje é o Dia Nacional do Sofá. Hoje, nas quartas-feiras à noite, o sofá não recebe mais os namorados. É dia de “jogo direto na tv” e, ao invés de chá-de-pera, se toma muita cerveja, se come pizza, enquanto os namorados namoram sozinhos no quarto e torcem por uma prorrogação, por uma decisão por pênaltis... pois é quarta-feira, é o Dia Nacional do Sofá, dia do sogrão ficar sentado no sofá, tomando cerveja, comendo pizza, das nove às onze, enquanto os namorados fazem um neto no quarto, torcendo por uma prorrogação, por uma decisão por pênaltis..."
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Com este texto, publicado no dia 31 de agosto de 2011, sem querer, iniciamos uma nova série no Blog. "Quarta-feira, Dia Nacional do Sofá". São tantos os sofás abandonados em via pública que vão merecer um destaque. Como os guarda-chuvas, eles têm sido abandonados sem cerimônia, na rua, na chuva, no "lixo"... Se você achar um deles por aí, mande para nós com uma pequena narrativa do "encontro", pois aqui, às Quartas-feiras, será sempre o Dia Nacional do Sofá.
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4 comentários:

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Pois, Vaz...
Embora aqui meio perdido entre "o pó e o barulho", não poderia deixar passar o momento para dizer que esse pobre e maltratado sofá pode estar vermelho de raiva, até... Todavia, creio que o vermelho dele é mais de vergonha... Vergonha de ter sido humilhado - publicamente - depois de ter servido de descanso, de prazeroso aconchego... quem sabe, de alegres, febris e guturais chamegos... Pois, é... depois de vermelho e confortável sofá, o coitado virou traste! Poxa! De repente, (como já versejou o poeta), lembrei-me de um samba-canção que cantarolo como se fora meu tempo de menino, em Bagé. Minha querida Ângela Maria cantava (e canta) - na primeira parte dessa letra belíssima e sentimental: "Foi na esquina da vida/que você me deixou/sem motivo sequer/Como coisa perdida/que a gente abandona/num canto qualquer." Ai, meu Deus, que Saudade me deu do sofá lá de casa... E de outras casas, também... rs... De minha parte, jamais maltrataria ou exporia ao ridículo um sofá: Metáfora saudosa, lírica e bela de um tempo em que - sem saber! - fui feliz!!
(*O samba-canção a que me refiro chama-se "Esquina da Vida" - de Carolina C. de Menezes e Armando Fernandes.)
Abraço poeticamente bageense e... viva o sofá que, se falasse...
JJ!

Luiz Carlos Vaz disse...

JJ, nunca vi colocarem tantos sofás na rua... tem uns que dá vontade de levar para o estofador e aproveitar, rsrsrs

Anônimo disse...

...sinais dos tempos... sinais dos tempos... Não só sofás colocam-se fora hoje, já perceberam? Amizade, companheirismo, solidariedade, respeito... melhor não adentrar nesse mundo... Fiquemos com os sofás... mas... não consigo deixar de considerar que são mesmo sinais dos tempos... hoje tudo, absolutamente tudo é descartável, concordam? Vera Luiza

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, Vera Luiza, tudo agora é descartável. Lembro de quando era um "guri do Estadual" ouvir dizer que "no Japão eles colocavam até TV no lixo..." e eu pensava que isso era um sinal de desenvolvimento, progresso... hoje eu sei bem que era - e é - apenas o resultado de um traço cultural, dito moderno: a produção massiva de lixo, fruto do consumismo inconsequente. Sofás e outros valores imateriais, como amizades e relacionamentos nas "redes sociais" ... tudo absolutamente descartável. Lixo!