5 de abril de 2012

A poesia necessária - XIX, Saudade


Foto LC Vaz

saudade
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vera luiza vaz
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saudade do verde de infância
do vento frio no rosto
da travessia pelas pedras no arroio
no caminho pra escola
do jogo de bola à tardinha
da correria pelos campos
do balanço no cinamomo
das tarefas na mesa da sala
do café debaixo das pitangueiras
dos recortes na revista cruzeiro
nos dias de friagem e chuva...
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saudade vem da memória
de tempos e de lugares
de amizades e de professores
saudade de amplos sabores...
.
saudade de lugares não visitados
de pessoas não conhecidas
de flores não observadas
de mares não navegados
de rios não atravessados
de céu não olhado
de abraço não abraçado...
 .
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publicado em maudepoesia
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6 comentários:

Hamilton Caio Vaz disse...

Um belíssimo poema, como todos do maudepoesia.
Mas, essa pitanga seria de Bagé, Pelotas, ou seria de Itu?

Luiz Carlos Vaz disse...

Essa Pitanga, Hamilton, é proveniente de uma das frutíferas do Pomar Orgânico, projeto da Embrapa, e está cultivada no Capão do Leão, no "Complexo Agropastoril" de um amigo teu... É muito saborosa, dá saudade das Pitangas de Bagé, como a poesia da Vera Luiza.

Hamilton Caio Vaz disse...

Luiz Carlos, é uma ótima iniciativa a preservação e a propagação de fruteiras nativas. Eu acho a pitangueira uma das árvores mais especiais dos nossos matos, pelas flores, pelos frutos e por fazer a festa dos pássaros e das abelhas nativas, e outros insetos.
As pitangas dão um ótimo visual para fotografia, quando apresentam, no mesmo galho, frutos verdes, amarelos, laranjas, vermelhos, em seus vários tons, e finalmente roxos, conforme o grau de maturação. Esta semana consegui umas fotos no meu pátio, mas ainda faltando o roxo. Os pássaros, logicamente, não esperam o fruto amadurecer: o chão já está cheio de frutos vermelhos. A “pitangueira de casa” dá frutos mais graúdos. A “pitangueira do mato” apresenta frutos menores. Parecem ser de variedades diferentes.

Anônimo disse...

Pois, Vaz e Hamilton Caio...
Esse belo poema - cheio de Saudades - da Maria Luiza, até me atrevo a dizer que parece que foi feito "a quatro mãos" com este conterrâneo, igualmente sentimental e saudoso de (quase) tudo... rs... Entre as muitas e mútuas identificações,(coração a coração... Alma à Alma), e para não "copiar" o poema da Vera Luiza, listo estes quatro versinhos, assim como se fora uma "terna sinopse espiritual": "Saudade do verde da infância/de amizades e de professores/de pessoas não conhecidas/de abraço não abraçado..."
Parabéns, Vera! E perdoa este teu conterrâneo pela audácia de "invadir" tua sentimental e espontânea "reminiscência poética"!
Abração para vocês!
JJ!

Gerson disse...

Tchê Vaz, vou te dizer uma coisa, voces estão divagando muito sobre as pitangas, já eu prefiro a Camila.

Luiz Carlos Vaz disse...

...e com cachaça, Gerson.