Bagagem
Marcelo Soares
Em qual buraco
depositei as chaves do retorno?
Na saída, por
segurança, deixei à mão em algum dos bolsos de fora,  mas agora, devem estar num  escaninho sem fundo da menos importante das
malas.
Custo a dar o
primeiro passo, antes, evito o desconhecido até ser íntimo das possíveis
descobertas. Por isso, vejo, revejo, leio, observo e analiso todas as passagens
na tentativa de uni-las na distância. Então, por tudo que é aprendido, pelo que
pode no espaço e no tempo vir a ser vivido, 
encontro-me ao reverso:  sempre
mais próximo do começo.
Mas... onde terei
deixado as chaves?
Por que trazer
terços se não rezo? Peças que não servirão nem como enfeites ou fitas que
perderão o sentido e as cores?
Aqui só tem
papéis e presentes, ali notas, moedas e alguns pingentes...
Embora não as exiba
plenamente, guardo muitas fotografias, todas recortadas no contexto do efêmero
- do presente, que de um momento viram meras lembranças. Muitas lembranças, menos esta: de saber
onde deixei as chaves.
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Um comentário:
Que baita foto! o detalhe do corpo no vidro, sensacional.
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