12 de outubro de 2013

As crianças Guasque e o fotógrafo Greco

Acima: Ernesta e Opheclides em dois momentos.
Abaixo Ophinizia, Ernesta e uma criança não identificad
a.

As crianças Guasque e o fotógrafo Greco

Gerson Luis Barreto de Oliveira

Criança hoje em dia é o centro das atenções de uma família. Escola, aulas de futebol, tênis, inglês para os meninos. Para as meninas, ballet, jazz, e o que mais elas inventarem, para as mais dispostas de aulas de dança do ventre a cursos impensáveis para outras épocas. E bota pai e mãe correrem de um lado a outro, em intervalos apertados das suas profissões, a carregar os pequenos.

Na nossa Bagé da virada do século XIX para o XX as crianças recém começavam a despontar como elemento catalisador da atenção dos pais para a formação, lentamente foram ficando mais afetivos com seus filhos, e a educação entrando na ordem do dia.

Do histórico da França pré revolucionária a grande escritora Elisabeth Badinter criou o polêmico livro " O Mito do Amor Materno ". Onde fala das condições desumanas, e antimaternais, que a França, da Idade Média até a Revolução Francesa, tratava como um todo às crianças. As mães, e diga-se aí as mulheres das classes altas, mandavam os filhos para o interior, para serem criadas com amas de leite, muitas morriam, as condições de higiene eram péssimas, não existiam remédios.

Depois ficou "chique" trazer a ama para dentro de casa. Já na Inglaterra onde a Rainha Vitória marcou uma época, reinando por décadas até o ano de 1901, o moderno era criar as crianças por perto. Esta rainha se mostrou o protótipo a ser seguido como mãe, e com um filho por ano ela determinou todo um tipo de comportamento, do currículo do que era para ser ensinado, às roupas para seus filhos, tudo era avidamente copiada por toda mãe ocidental.

As meninas com um ar de pequenas damas eram imersas em rendas e babados, para os meninos era reservado o traje de marinheiro, ou pequeno soldado estilizado.

Nos primeiros anos das crianças, governantas e  mestras eram contratadas para educar os filhos das grandes famílias, e isto foi uma realidade também na nossa Bagé, os grandes estancieiros ousavam trazer professoras francesas para os filhos. 

Poly Guasque


Nas famílias não tão favorecidas, a filha mais velha tinha um melhor preparo, e assim poderia ajudar na educação dos irmãos. Para os meninos do início do século já havia instituições religiosas que davam orientação para o ensino.

Um artista iria captar tudo isso com suas lentes de fotógrafo. José Greco era um italiano que chegou em Bagé nos estertores do II Império, tinha convivido com um companheiro seu, Ricardo Giovanni, este além de fotógrafo se dizia pintor, cantor, ator, cenógrafo, juntos fizeram um estúdio na Bagé do século XIX. Mas antes trabalharam em Pelotas, fizeram a cenografia do Teatro 7 de Abril.

Greco tinha seu estúdio na Belle Époque da nossa Rainha da Fronteira, como homem do mundo retratava as famílias opulentas ou não, nas poses definitivas de cada um, vemos como era a sociedade de então.

E a família Guasque muito usou os seus serviços para retratar os pimpolhos abundantes que nasciam na Rua General Netto, filhos do médico José Luiz e sua esposa Aniceta Guasque. As crianças em seus melhores trajes, em poses estudadas, apoiadas em colunas, porque a exposição ao fotógrafo era longa, tinham que ser ajudadas para  passarem pelo suplício de permanecerem imóveis.

Conforme a lenda familiar umas das meninas Guasque tinha um rosto tão lindo que o já velho Greco tinha verdadeira fascinação por retratá-la, e nada cobrava pelas fotos. Hoje todos já partiram, restam as lindos retratos de um tempo já bem longínquo.
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19 comentários:

Unknown disse...

Luiz Carlos, que maravilha as fotos! Na primeira foto da terceira coluna aparece o "adulto disfarçado de fundo" para manter a criança na posição para a foto, recurso pré era digital da fotografia e que pode explicar muitas carinhas apavoradas dos pequenos. abraço

Luiz Carlos Vaz disse...

Assina, meu amigo.. um abraço.
(pode postar de novo que eu republico)

BLOG DA JAN disse...

sensacional, adorei!!

BLOG DA JAN disse...

Vaz achei sensacional a matéria e as fotos!!!!!

Luiz Carlos Vaz disse...

São as memórias Guasque, guardadas carinhosamente pelo Gerson, compartilhadas por ele, e curtidas pelas Guasqueada toda, pelo mundo afora, Jan. Um abraço

Anônimo disse...

Vazamigo

Desci da árvore, finquei os pés no chão e, zás!, voltei. Voltei aqui, cansado de ter estado tanto tempo ausente, mas as maleitas diversas, de cada cor seu paladar, iam dando cabo cá do rapaz.

Mas, consegui safar-me e, assim, cá se apresenta o soldado recruta N.º 72-2009. Classe de 1941.

Permita-me, meu comandante, aproveitar o ensejo para felicitar o contra-general Gerson Luís Barreto de Oliveira. Belíssimo texto e belíssimas fotos do tal Greco. O homem era bué da fixe!

Como vão todos por aí? Deus queira que bem. E, se dá licença, meu comandante, arretiro-me fazendo marcha atrás... :-) :-) :-) Direitaaaa volver!!!! Em frente!!!!

Ó Luiz a nossa Travessa ainda continua aberta e não cobra IVA aos visitantes, especialmente se eles forem cmentadores.

E já agora, podes ser meu colaborador; ou melhor, quero que sejas meu colaborador. Em Bagé? Sim, mas também no Brasil...

Não pago, ponto. Mas mando-te as condições da colaboração.

Qjs & abçs ao teu gangue em especial para a Maribel e um abção para tu (não gosto de usar o ti...)

Henrique

Luiz Carlos Vaz disse...

Com ou sem imposto vou trafegar por essa Travessa em breve, Henricamigo...
(Inda há pouco degustei um JP Azeitão aqui em Porto Alegre, cidade onde me encontro no momento, e lembrei de ti e de Raquel...)

Sérgio M. P. Fontana disse...

A melhor publicação que já li, relacionada ao Dia da Criança.
Vem de Bagé o melhor da história da humanidade. E chego à conclusão, sem medo de errar, que a cidade conhecida como Rainha da Fronteira é, na verdade, o centro do mundo, Luiz Carlos Vaz e Gerson Luís.

Luiz Carlos Vaz disse...

Somos a Atlântida Pampeana, Sergio Fontana (essa saiu de sopetão!)..Um abraço, isso nos deixa mais balaqueiros ainda. Vaz

Leandro (Guasque) disse...

Adorei a menina sentada na cadeira. Um momento... Cadeira? Ou é o colo de um encapuzado da Ku Klux Klan? :)

Anônimo disse...

Adorei as fotos das crianças Guasque!!!! Principalmente a do meu avô Poly Guasque!!!!!

Malu Guasque

Feliciano Mesquita disse...

Trabalhei como fotógrafo profissional em Porto Alegre na década de 60 (Já sei, todos vocês vão querer me dizer que não eram nascidos nesta época!) e o Greco era um dos nossos "gurus", junto com o Santos Vidarte do Correio do Povo. No tempo do Greco, as "chapas fotográficas" tinham baixa sensibilidade e exigiam que o modelo ficasse absolutamente imóvel diante da câmera por alguns minutos. Conseguir esta façanha com crianças era quase impossível, mas o Greco, com a sua paciência e afabilidade conseguia!

Anônimo disse...

Gerson,
Adorei o texto e as fotos. Vou ter que fazer um inventário das histórias das Abreu de Dom Pedrito, para que não se percam. Excelente inspiração!
abs, Claudia

Luiz Carlos Vaz disse...

Bem humorado comentário, Don Leandro Guasque! Continue nos visitando. Abç, Vaz

Luiz Carlos Vaz disse...

Então conte-nos uma história do seu avô Poly, Malu, um abraço! Vaz

Luiz Carlos Vaz disse...

Mas Feliciano... deves ter muitas histórias para nos contar! Faça isso. Um abç, Vaz

Luiz Carlos Vaz disse...

Olha só! Já temos uma nova colaboradora, é isso, Claudia? Vamos contar as histórias das Abreu de Dom Pedrito?
Um abraço, vaz

Anônimo disse...

Vaz, e amigos

Que bom que gostaram.
Agora temos que sentar, eu e minha querida Cláudia Abreu, para começarmos o " inventário " dos Barreto Abreu de Dom Pedrito.
Abração
Gerson

Luiz Carlos Vaz disse...

Abrir os baú é preciso.
Um abraço
Vaz