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O Sexto Sonho
J.J. Oliveira Gonçalves
O sexto sonho
meu (adolescente) foi meu Sonho de Amor.
Infelizmente,
não se concretizou. Viveu apenas a Magia precoce dessa Estação da Vida.
Flamante. Risonho. Quintessente! Adendo: embora na adolescência, foi, na
verdade, o Sexto Sonho ao longo destes passos, (dissimuladamente tranquilos),
que seguem a diária e melancólica sangria do Sol - ao Ocaso...
Um pouco antes,
naquela Primavera de Projetos e Esperanças - de Destemor e Imortalidade - eu
assistira a um filme belamente colorido (em tela cinesmascope) sobre Franz
Lizt. Aquele Sonho de Amor de Lizt nunca mais saiu de dentro de mim! Nunca mais
saiu do coração. Nunca mais saiu desta Alma equivocadamente requintada -
sofrida, incompreendida, apaixonada... Aquele piano "congelou" sua
imagem febril e palpitante em minhas retinas - embora, hoje, desbotadas pelas
distâncias que não posso mais percorrer... Aqueles acordes impregnaram meus
Sentidos e se transformaram em doces e indescritíveis arrepios que varam o
Tempo, a Carne, o Espírito e, ainda, hoje, fazem meus olhos poças d'água... Eis
que, nunca imaginei, aquele filme seria um significativo ícone no HD de meus
arquivos cheios de pó e ais!
O tempo não
espera. Palavra de rei: não volta atrás. A Vida passa. Não permite seja passada
a limpo. No jogo fero e vivo da Vida, as apostas são altas - mesmo capitais!
Corremos todos os riscos, pois é risco inerente e velado o próprio ato
ilusoriamente fácil mas inexplicavelmente insano de viver!
Depois do Sexto
Sonho, vieram outros - pois dizem que o homem, enquanto vive, sonha... (Ah, o
que será viver?) Mas, entre os que se seguiram, raros tiveram a Magia dos Seis
anteriores...
Poeta e
homem-comum, continuo a Sonhar... Quem sabe, Devanear, seja mais correto e mais
honesto dizer. E porque assim belos e encantados, tais Devaneios se realizem e
me façam feliz apenas nas Fantasias que teço sob o olhar graúdo e paciencioso
da Solidão - que entretém meus dias de tédio e de vazio...
Sonho de Amor -
de Lizt. Sonho de Amor - de um poeta. Em minhas "Místicas Caminhadas em
Beleza", a Carta VI - do Tarot: Os Amantes, Os Enamorados, A Escolha
Amorosa... (Reminiscências Mágicas de quando - em Tempos de Trigo e Mel, de Rosas
e Vinho - eu lia Tarot.) Ah, sendo a Vida feita de Dualidades, confesso que as
notas febris e apaixonadas desse piano ao tempo em que me acariciam a memória
da Saudade, me apunhalam - sem querer! - as paredes remendadas e doídas das
Lembranças... Fazer o quê? Não é a isto que chamamos de Vida - como se viver
fosse tão fácil quanto respirar?
Paro por aqui.
Escrever mais seria lembrar mais. Sofrer mais!
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JJ Oliveira
Gonçalves
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7 comentários:
Oi, Vaz...
Feliz - pela gentileza da postagem!
Mudo e estático, esse belo cartaz mexeu em meus Sentidos... Despertou-me líricos acordes n'Alma e movimentou cenas de rara beleza no Escaninhos da Memória... Não tenhos certeza se esse filme passou no então confortável e moderno "Avenida", em 60 ou 61. (Será isso?)Cursava, à época, a 4ª série Ginasial ou o 1º Científico, do nosso carismático "Estadual".
Saudade... é a palavra-chave que abre o Cofre do coração - onde são guardados Suspiros e Sonhos de anteontem...
Abraço agradecido, JJ!
O Blog é que fica agradecido, JJ, mas o Hamilton é quem pode saber a data certa de quando passou esse filme por Bagé. Vamos dar essa tarefa a ele.
Um belo texto, JJ, parabéns!
Conheço a história do filme, mas não assisti. Naqueles bons tempos do cinema em Bagé, passavam até seis títulos diferentes por dia. Não era fácil a escolha das películas (e passavam muitos filmes de guerra e westerns!), e ainda tínhamos que conciliar o cinema com as aulas. Mas tenho uma pesquisa paralela sobre o cinema em Bagé, em andamento. Vou chegar até esse filme e muitos outros. Quanto ao Liszt, ficou só nos vinis que eu tenho e mais alguns CD da era digital.
Pela minha memória, este filme foi exibido em 1963, no cine avenida.
Na década de 1990, revi o filme em um dos canais telecine da net.
Oi, Hamilton...
Prazer te reencontrar por aqui!
Obrigado, pelo elogio!
É verdade: fitas e cinemas não faltavam na nossa querida Bagé! Eu mesmo - quando fui morar no centro - ia todas as noites ao cinema. Não importava se era um frio danado, nem se o Minuano rugia... rs... (E a gente dava conta de tudo, meu amigo: do cinema, do chá-dançante, das namoradas e... dos estudos - não é mesmo?) Crê: agora, até suspirei... Fazer o quê? Sou assim mesmo. (Ah, também tenho vinis e uma eletrola ano/60 - da qual só me separarei quando me for para o Poente...)
Abraço,
JJ!
Olá, Olmiro!
Prazer!
(Será que fomos contemporâneos de "Estadual"?)
Creio que estás certo. Fiz uma retrospectiva de minhas jovens andanças, então lá naqueles saudosos e Dourados Anos, e creio que é isso mesmo. 1963: quando eu estava no terceiro Científico, em nosso conceituadíssimo "Estadual de Bagé".
Obrigado e abraço bem bageense,
JJ!
Meu caro JJ
Fomos contemporâneos sim, em 1963 eu estava na 4ª série ginasial.
Acho que da tua turma eram Gerley, Medina, Bolachão, Jamir, Kourroski, Oly, Davi Pegas, Jarbas
e outros que não lembro.
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