11 de dezembro de 2011

A poesia necessária - XIII, Tocaia!

Margem Oeste da Lagoa Mangueira/RS, foto LCVaz

Tocaia!

(À Amiga Vera Luiza dos Santos Vaz!)

J.J. Oliveira Gonçalves

Que momento haverá em minha vida
Em que a Dor não me espreite - de plantão?
Se em cada Flor também há uma Ferida
E um Sofrer (oculto) em cada mão?

Minh'Alma já morreu... Anda perdida
Pelos vazios caminhos da Ilusão!
Ah, em cada Alma viva - e aguerrida
Minh'Alma vê o Farol - na Escuridão!

Vesti a juventude de Quimeras
E os Sonhos os pintei de furta-cor
E a Deus Amei com Infinito Amor!

Por onde eu andei me fiz Esperas
Pois nunca, vê: colhi as Primaveras
Aquelas que esperei com tanto ardor!

Porto Alegre, 22 de novembro/2011. 14h22min - HS
.

2 comentários:

Vera Luiza SVaz - maudepoesia.blogspot.com disse...

Disse tão bem Fernando Pessoa em Autopsicografia que "o poeta é um fingidor/ finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente/
Ao manifestar sua dor, tão fortemente, faz-nos, o poeta, dela participar, com ele sofrer...
Se verdadeira, não nos cabe questionar... Também já disse Quintana que não lhe perguntassem se seus versos traziam o conteúdo pessoal, porque, segundo ele, não havia como arrancar o poeta de dentro dele...
Então, ficamos cá a participar da dor do poeta...
Devo confessar, todavia, que meu coração fica pequenino diante de tanto sofrimento e a perguntar-se o quanto do amigo estará nos versos do poeta...
Obrigada, poeta, pela dedicatória de versos tão sofridamente belos!!
Abraço ao Vaz e a todos os leitores do Blog! Feliz domingo!!

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Pois, Vera...
Apesar da demora involuntária, chego aqui para dizer-te que temos sentires e percepções singularmente "aparentadas" em nossa (vã?) tentativa de decifrar o "Enigma Íntimo" das dolências de um poeta...
De forma "lógica" e contraditória, Pessoa nos desafia a "penetrar" esse "Enigma" e sobre ele refletirmos... Todavia, refletirmos de forma poética, pois, do contrário, poderemos enlouquecer. O poeta é um fingidor? Sim e não. Antes, finge (ou não) para ele mesmo. Sabes? Adolescente, ainda, me pareceu que o poeta e o palhaço eram criaturas (emblemáticas) primas-irmãs... Desde muito, tive um fascínio por palhaços... Rindo o tempo todo. Alegres sempre. Vestes espalhafatosamente coloridas... Não é ele um mestre singular e arrojado na "Arte de bem fingir?"
Ah, nosso irônico e irreverente Quintana disse-o de forma brilhante e abrangente: "como arrancar o poeta de dentro do outro" - a quem chamo de homem-comum? Como separar as Dores, os Sofreres? Como separar os olhares - desses "dois-em-um" - sobre os fatos da Vida, do mundo, do homem?
Com certeza, minha amiga, esse é um "Tema Universal" sobre o qual poderíamos debater - numa mesa de debates literários (e filosóficos) - e, quanto mais debatêssemos, mais nos sobraria debater... É o que penso.
Bem, quanto às minhas próprias Dores, elas estão - ostensivamente - nos versos, nas rimas que componho. Não consigo fingir. Não consigo "amainar" meus sentimentos. São Sentimentos do coração... Dores d'Alma... Creio que, por isso mesmo, tanto me identifico com os "sentires" (pungentes!) de Augusto dos Anjos e de Florbela Espanca.
Sou eu quem agradece, minha amiga, pelas palavras de Conforto e Luz que sempre tens para este poeta pequeno e dorido aprendiz da Vida...
Ao Vaz, grato pela publicação do texto e pela bela e significativa foto - que nos leva a reminiscentes e profundas filosofias sobre nós mesmos, ante as intempéries desta difícil Jornada Terrena que corre, célere, na irreversível Ampulheta chamada Tempo!
A ambos, um abraço bageense e franciscano!
JJ!