21 de agosto de 2012

Um baú no Pampa - XVI, Sal & Queijo

O famoso Saleiro e seu criador,  Benvenuto Cellini

Sal & Queijo
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Gerson Luis Barreto de Oliveira
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  Quando criança, lendo um manual, eu o vi pela primeira vez: "O Saleiro de Benvenuto Cellini". Uma das obras primas do Renascimento, em pleno século XV, este brilhante artista e ourives, após inúmeras estripulias, que incluía trocar as joias da coroa do Papa, fugiu para a França.

  Reinava naquele país o célebre Francisco I, mecenas e protetor de Leonardo da Vinci, este rei era admirador do que era belo, e pagava bem por isto. Celine encontrou ali o terreno ideal para trabalhar e ganhar dinheiro.

  O saleiro ficou no tesouro da França até ser dado como presente para um potentado do Império Austríaco, e lá permaneceu. Uma verdadeira joia, representa a união do mar, como o deus Netuno, com a terra, a deusa Ceres. Todo confeccionado em ouro, há um local para o sal, um pequeno templo e um recipiente para pimenta, não medindo mais que 30 centímetros de altura. Todo articulado, ele se move como um carrinho de brinquedo, e servia para o rei divertir os convidados à mesa, era a tecnologia que os poderosos começavam a exibir para se diferenciar, revelava poder e prestígio naquela Europa saindo da opressão religiosa da Idade Média.

  Séculos depois um playboy austríaco achou uma turista, uma boa paquera, e correu atrás dela dentro do Museu Kunsthistorisches, em Viena, e foi lá que viu a preciosidade, era o ano de 2003 e ele perpetrou um roubo digno de "Missão Impossível”, do Tom Cruise, e levou o Saleiro...

  A polícia austríaca ficou atordoada pois percebeu a insegurança que cercava a obra prima. Mesmo com uma total falta de pistas, num verdadeiro jogo de gato e rato, anos depois o ladrão foi localizado e o Saleiro de Benvenuto Cellini recuperado intacto.

A quejeira da família está hoje com a prima Tânia Guasque de Beron
   Peças articuladas não saíram de moda até o final do século XIX. Minha bisavó Guasque tinha uma peça assim na mesa de jantar que sempre chamou a minha atenção. Era uma queijeira muito linda, no formato de um globo, que podia ser aberta e fechada com um movimento suave. Aberta, expunha um pequeno prato para o queijo e, no lado externo, dois ganchos para amparar uma faca, ou colher, já há muito perdida. Não mede mais que 30 centímetros, tal qual o Saleiro famoso, que é de ouro puro, digno de reis. A queijeira da Familia Guasque é de uma modesta alpaca, mas igualmente bela e que levava as crianças da família a brincar de abrir e fechar a peça, enquanto estavam à mesa, como os verdadeiros reis da casa.
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Gerson Luis Barreto de Oliveira
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