O famoso Saleiro e seu criador, Benvenuto Cellini |
Sal & Queijo
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Gerson Luis Barreto de Oliveira
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Quando criança, lendo um manual, eu o
vi pela primeira vez: "O Saleiro de Benvenuto Cellini". Uma das
obras primas do Renascimento, em pleno século XV, este brilhante artista e
ourives, após inúmeras estripulias, que incluía trocar as joias da coroa do
Papa, fugiu para a França.
Reinava naquele país o célebre
Francisco I, mecenas e protetor de Leonardo da Vinci, este rei era admirador do
que era belo, e pagava bem por isto. Celine encontrou ali o terreno ideal para
trabalhar e ganhar dinheiro.
O saleiro ficou no tesouro da França
até ser dado como presente para um potentado do Império Austríaco, e lá
permaneceu. Uma verdadeira joia, representa a união do mar, como o deus Netuno,
com a terra, a deusa Ceres. Todo confeccionado em ouro, há um local para o sal,
um pequeno templo e um recipiente para pimenta, não medindo mais que 30
centímetros de altura. Todo articulado, ele se move como um carrinho de
brinquedo, e servia para o rei divertir os convidados à mesa, era a tecnologia
que os poderosos começavam a exibir para se diferenciar, revelava poder e
prestígio naquela Europa saindo da opressão religiosa da Idade Média.
Séculos depois um playboy austríaco
achou uma turista, uma boa paquera, e correu atrás dela dentro do Museu Kunsthistorisches,
em Viena, e foi lá que viu a preciosidade, era o ano de 2003 e ele perpetrou um
roubo digno de "Missão Impossível”, do Tom Cruise, e levou o Saleiro...
A polícia austríaca ficou atordoada
pois percebeu a insegurança que cercava a obra prima. Mesmo com uma total falta
de pistas, num verdadeiro jogo de gato e rato, anos depois o ladrão foi
localizado e o Saleiro de Benvenuto Cellini recuperado intacto.
A quejeira da família está hoje com a prima Tânia Guasque de Beron |
Peças articuladas não saíram de moda
até o final do século XIX. Minha bisavó Guasque tinha uma peça assim na mesa de
jantar que sempre chamou a minha atenção. Era uma queijeira muito linda, no
formato de um globo, que podia ser aberta e fechada com um movimento suave. Aberta, expunha um pequeno prato para o queijo e, no lado externo, dois ganchos para amparar
uma faca, ou colher, já há muito perdida. Não mede mais que 30 centímetros, tal
qual o Saleiro famoso, que é de ouro puro, digno de reis. A queijeira da
Familia Guasque é de uma modesta alpaca, mas igualmente bela e que levava as
crianças da família a brincar de abrir e fechar a peça, enquanto estavam à mesa, como os verdadeiros reis da casa.
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Gerson Luis Barreto de Oliveira
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