12 de agosto de 2012

Um poema para o Dia dos Pais

Poeta gaúcho Mário Quintana, natural de Alegrete/RS (1906/1994)

O velho no espelho

Mário Quintana
.
Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus, meu Deus... Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar - duro - interroga:
"O que fizeste de mim?!"
Eu, pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga... Que importa?! Eu sou, ainda
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra! -
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste...
.
publicado em maudepoesia
.

4 comentários:

Helena Ortiz disse...

Oi Vaz,
Parabéns,
Ontem fui visitar meu filho, que é um grande pai de Cora. E hoje esse poema de Quintana vem como um abraço. Sentimos falta até desses olhares duros.
E todos vivemos a grande guerra. A nossa e a geral.
grande abraço

Luiz Carlos Vaz disse...

E sabemos, Helena, que fora da poesia não há salvação...
Um abraço e duas saudades

Hamilton Caio Vaz disse...

Uma bela escolha para o dia dos pais.
Mário Quintana sempre me lembra o quanto a Academia Brasileira de Letras perdeu por não contar com ele entre seus componentes. Mas, Quintana não perdeu nada, todos sabemos. A Academia não o mereceu.
Mário Quintana “crescia” junto com os leitores, já que também tinha uma obra destinada ao público infantil. O primeiro livro de literatura que dei para minha filha pequena, nos anos 80, foi “Pé de Pilão”. Depois ela seguiu, ao natural, lendo a sua obra adulta. É, pois, uma boa maneira de iniciar os jovens na tão necessária ferramenta da leitura, com um autor que tenha também livros infantis publicados.

Hamilton Caio Vaz disse...

O cometa Halley também passou pela vida de Mário Quintana. Ele está entre os poucos privilegiados que conseguiram observar duas vezes a vinda desse astro. Na segunda passagem no século XX do mais famoso cometa, em 1986, lembro que o poeta falou na imprensa que ele tinha visto o Halley em 1910. O auge do cometa ocorreu em abril, e o guri Mário Quintana faria quatro anos em julho daquele ano. Esse fato gravei bem porque eu tinha mostrado o cometa para meus filhos pequenos, e disse a eles que ainda poderiam ver a próxima passagem em 2061. Eles estarão com a idade aproximada com a qual o poeta viu a segunda visita do Halley no século passado.