Poeta
gaúcho Mário Quintana, natural de Alegrete/RS (1906/1994)
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O velho no espelho
Mário Quintana
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Por
acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que
me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém,
seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu
Deus, meu Deus... Parece
Meu
velho pai - que já morreu!
Como
pude ficarmos assim?
Nosso
olhar - duro - interroga:
"O
que fizeste de mim?!"
Eu,
pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente,
ruga a ruga... Que importa?! Eu sou, ainda
Aquele
mesmo menino teimoso de sempre
E
os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas
sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra! -
Vi
sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste...
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publicado em maudepoesia
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4 comentários:
Oi Vaz,
Parabéns,
Ontem fui visitar meu filho, que é um grande pai de Cora. E hoje esse poema de Quintana vem como um abraço. Sentimos falta até desses olhares duros.
E todos vivemos a grande guerra. A nossa e a geral.
grande abraço
E sabemos, Helena, que fora da poesia não há salvação...
Um abraço e duas saudades
Uma bela escolha para o dia dos pais.
Mário Quintana sempre me lembra o quanto a Academia Brasileira de Letras perdeu por não contar com ele entre seus componentes. Mas, Quintana não perdeu nada, todos sabemos. A Academia não o mereceu.
Mário Quintana “crescia” junto com os leitores, já que também tinha uma obra destinada ao público infantil. O primeiro livro de literatura que dei para minha filha pequena, nos anos 80, foi “Pé de Pilão”. Depois ela seguiu, ao natural, lendo a sua obra adulta. É, pois, uma boa maneira de iniciar os jovens na tão necessária ferramenta da leitura, com um autor que tenha também livros infantis publicados.
O cometa Halley também passou pela vida de Mário Quintana. Ele está entre os poucos privilegiados que conseguiram observar duas vezes a vinda desse astro. Na segunda passagem no século XX do mais famoso cometa, em 1986, lembro que o poeta falou na imprensa que ele tinha visto o Halley em 1910. O auge do cometa ocorreu em abril, e o guri Mário Quintana faria quatro anos em julho daquele ano. Esse fato gravei bem porque eu tinha mostrado o cometa para meus filhos pequenos, e disse a eles que ainda poderiam ver a próxima passagem em 2061. Eles estarão com a idade aproximada com a qual o poeta viu a segunda visita do Halley no século passado.
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