7 de agosto de 2012

Tempo e matéria


Fotografia Marcelo Soares

Tempo e matéria.
Marcelo Soares


Um dia abri um buraco na grama do jardim - quando ainda morava numa casa que o tinha – e protegidas em sacola plástica embalei minhas memórias.

Da janela espio ansioso a passagem do tempo, tento, sem atenção, decorar a matéria: os corpos são feito de átomos; nêutrons e prótons circulam pelo quarto.

Se o dia for colorido correrei para a rua, se nublado, deito para pensar na vida.  Se chover convido meu irmão para um banho no pátio.

Qual a hora para a primeira namorada? Saberei criar meus filhos? Aprendi um instrumento.

Minhas canções são antigas para a idade, despertam sentimentos que ainda não comovem.

O tempo passa na janela, outras lições ficam dispersas.  - Não tão rápido, não tão rápido... já sou precoce!

Desde o dia que fechei o buraco com as minhas memórias, elas surgem assim: soltas, indivisíveis como os átomos perdidos no meu quarto.
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Marcelo Soares
publicado em diariodecanto
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