17 de agosto de 2010

Tinha que ser em Bagé! – IV, Um balão caiu do céu

As fotos de Julio Cordeiro mostram o balão do Fossett
embrulhando
as árvores para presente

A peonada incrédula nunca tinha visto nada igual

Não resisti e fiz uma pose com o super pano
que ficou em pedaços por Bagé
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Quem poderia imaginar que a jornada do excêntrico milionário-aventureiro-balonista-aviador Steve Fossett acabaria, de repente, em um ponto do Pampa gaúcho? Ninguém! E isso, claro, tinha que ser em Bagé! O milionário americano chegado a aventuras inusitadas programou dar a volta ao mundo, sozinho, em um balão. Preparou-se durante anos, estudou cartas de navegação aérea, clima, estações do ano, tudo. Construiu um balão sofisticadíssimo usando um “pano” desenvolvido com a mais alta tecnologia disponível na Inglaterra, e partiu da Austrália no dia 4 de agosto de 2001. 
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Fossett batizou seu balão com o nome de Solo Spirit, numa referência evidente ao avião do piloto norte americano, Charles Lindbergh, The Spirit of St Louis, que entre os dias 20 e 21 de maio de 1927 atravessou pela primeira vez o oceano Atlântico, também num voo solo, feito inédito até então. O que ele não contava era com os rigores do nosso conhecido Agosto! Tão logo adentrou ao espaço aéreo do Pampa sofreu com as variações climáticas e o seu ultra-mega-balão passou a correr o risco de formar gelo sobre o pano e foi perdendo a altura, perdendo a altura.... e caiu em Bagé há exatos nove anos. 
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A peonada da Estância dos Banhados, comandada pelo capataz Luiz Carlos Arce, estava no campo tropeando uns animais e ficou de sobressalto quando o enorme balão apareceu em meio a enorme cerração da manhã e deitou seu pano prateado sobre enormes árvores como se as enrolasse para presente. Sem dúvida, isso não é uma imagem que se veja todo o dia. A queda propiciou a Fossett conhecer de imediato a mais bela paisagem do Rio Grande do Sul. A paisagem do interior de Bagé. Tão logo aportou em campo aberto, foi recebido com a cordial hospitalidade gaúcha, naquele momento traduzida por um poncho, um par de botas Sete Léguas e um mate para aquecer os ossos.  
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Recuperado do susto, Fossett – que estava há duas semanas sobrevivendo somente com enlatados e água, pode se deliciar com uma boa refeição quente preparada por Cristina, a cozinheira da estância. Fosset fez as contas e resolveu levar apenas a cápsula do seu balão e o invólucro interno que sustentava a mistura de gás Hélio e o oxigênio aquecido. O enorme pano externo prateado do balão, que tinha 43 metros de altura por 18 de largura, já meio rasgado pela galharia das árvores, foi deixado para trás. Repartidos como relíquia, metros e metros do sofisticadíssimo “pano” (desenvolvido com a mais avançada tecnologia britânica), foram usados pelo pessoal para os fins mais prosaicos: cobertura de casinha de cachorro, oleado para a mesa de jantar, telhado de galinheiro, forro de almofada... eu mesmo não resisti ao inusitado fato e bati uma foto enrolado em um pedaço do super-high-tech-pano do Solo Spirit. Afinal, um balão tinha caído do céu, e isso... tinha que ser em Bagé!em Bagé!
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O fotógrafo do jornal Zero Hora, Júlio Cordeiro, fez fotos fantásticas que foram reproduzidas pelo mundo afora. Ele diz em seu site:
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“Não é minha foto preferida. Mas é a que mais repercutiu. Rodou o mundo e foi capa até do The New York Times do dia 18 de agosto de 2001. O americano Steven Fossett estava dando a volta ao mundo em um balão. Íamos fotografá-lo sobrevoando o Estado do alto. Só que Fossett caiu na região de Bagé. Voamos para lá, literalmente, e fiz uma foto aérea. Enquanto todos iam para o local do acidente, decidi enviar a imagem logo para ZH. Pousei numa fazenda com internet “movida” a bateria e rádio e mandei. Em instantes, a foto que seria capa também de Zero Hora estava em todos os cantos do mundo.”
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5 comentários:

Gerson Mendes Corrêa disse...

E depois tem gente que diz que em Bagé não acontece nada. Diga-se de passagem que Fosset contou para o país dele o quanto era gostoso o nosso churrasco, e a nossa cultura riograndense.

Luiz Carlos Vaz disse...

Enganam-se essas pessoas, Gerson. Coisas incríveis acontecem em nossa cidade. E isso, de balão cair do céu, tinha que ser em Bagé!

Argemiro de Brito disse...

Caramba, essas coisas caem aqui no Rio quase todos os dias, e o pior, pegam fogo nas matas. São um peligro daqueles!!!

Aninha disse...

tenho que levar a Maísa lá... ela não pode ficar sem conhecer ;)
beijão tio!!!

Luiz Carlos Vaz disse...

Sábia decisão, Ana. É em Bagé que as coisas acontecem... e essa guria precisa sentir o minuano no rosto para se vacinar do frio!