As revoluções eram um fato comum no nosso Rio Grande do Sul. A cada período dos séculos XIX ou XX, espocavam tiros, ora vindos do lado dos Maragatos, ora do lado dos Chimangos.
Meu bisavô, José Luiz Guasque, médico homeopata no começo do século XX em Bagé, já vivenciara isto na família. Seu avô esteve no Governo Farroupilha, e tinha como interlocutor o Ministro Plenipotenciário Domingos de Almeida, como demonstram as cartas trocadas entre os dois e que hoje se encontram depositadas no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Ele sabia que, perdida a guerra, só lhe restava o exílio. E foi assim com o nosso avô. José Luiz, após a Revolução Federalista de 93, rumou para Cerro Chato, no Uruguai, e lá casou com Aniceta Correa.
Na família de José Luiz, Assis Brasil era alguém para se respeitar, tanto que nas primeiras revoluções da década de 20, quando este combatia Borges de Medeiros, um dos filhos mais velhos se engaja e vai para o combate. Passa o tempo e ninguém mais sabe notícias dele. É dado por morto até a chegada de uma fotografia endereçada para a irmã e afilhada Orphelina. Era o Austiclinio Guasque que mandava dizer que estava vivo e que em breve regressaria.
Quando começavam os combates, o cavalo era um bem precioso. Todas as estâncias eram vasculhadas para que se requisitassem os animais que achassem suficientes para as tropas. Quem se negava a colaborar corria o risco de ser morto. Minha avó, já casada, sempre nos contava que na casa todos ficavam de sobreaviso e os cavalos permaneciam escondidos em algum caponete. Logo após as tropas passarem, lá se ia o meu avô Idelmar levar os animais para vender no Uruguai, sob risco de ser encontrado com a tropilha e morto.
Desastre mesmo era se as tropas revolucionárias resolvessem acampar na propriedade. Durante a noite os oficiais mandavam carnear uma novilha, muitas vezes para retirar apenas a traquéia do animal e assim fazer uma lamparina para possibilitar um jogo de cartas noturno.
Mulheres, só dentro de casa! As poucas que se atreviam a por o nariz para fora da porta eram muito corajosas e usavam um bom 38 na cintura.
Tudo pareceu mudar com a chegada de Getúlio Vargas. Ele foi visto como um pacificador numa terra de lutas. Todos os filhos homens se alistavam na casa de José Luiz Guasque e este registrava tudo isso no seu diário. Os irmãos que moravam longe, mandavam telegramas para o manter informado e ele publicava no jornal O Correio do Sul. Após a publicação recortava os telegramas e colava na sobrecapa do seu diário.
.Meu bisavô, José Luiz Guasque, médico homeopata no começo do século XX em Bagé, já vivenciara isto na família. Seu avô esteve no Governo Farroupilha, e tinha como interlocutor o Ministro Plenipotenciário Domingos de Almeida, como demonstram as cartas trocadas entre os dois e que hoje se encontram depositadas no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Ele sabia que, perdida a guerra, só lhe restava o exílio. E foi assim com o nosso avô. José Luiz, após a Revolução Federalista de 93, rumou para Cerro Chato, no Uruguai, e lá casou com Aniceta Correa.
Na família de José Luiz, Assis Brasil era alguém para se respeitar, tanto que nas primeiras revoluções da década de 20, quando este combatia Borges de Medeiros, um dos filhos mais velhos se engaja e vai para o combate. Passa o tempo e ninguém mais sabe notícias dele. É dado por morto até a chegada de uma fotografia endereçada para a irmã e afilhada Orphelina. Era o Austiclinio Guasque que mandava dizer que estava vivo e que em breve regressaria.
Quando começavam os combates, o cavalo era um bem precioso. Todas as estâncias eram vasculhadas para que se requisitassem os animais que achassem suficientes para as tropas. Quem se negava a colaborar corria o risco de ser morto. Minha avó, já casada, sempre nos contava que na casa todos ficavam de sobreaviso e os cavalos permaneciam escondidos em algum caponete. Logo após as tropas passarem, lá se ia o meu avô Idelmar levar os animais para vender no Uruguai, sob risco de ser encontrado com a tropilha e morto.
Desastre mesmo era se as tropas revolucionárias resolvessem acampar na propriedade. Durante a noite os oficiais mandavam carnear uma novilha, muitas vezes para retirar apenas a traquéia do animal e assim fazer uma lamparina para possibilitar um jogo de cartas noturno.
Mulheres, só dentro de casa! As poucas que se atreviam a por o nariz para fora da porta eram muito corajosas e usavam um bom 38 na cintura.
Tudo pareceu mudar com a chegada de Getúlio Vargas. Ele foi visto como um pacificador numa terra de lutas. Todos os filhos homens se alistavam na casa de José Luiz Guasque e este registrava tudo isso no seu diário. Os irmãos que moravam longe, mandavam telegramas para o manter informado e ele publicava no jornal O Correio do Sul. Após a publicação recortava os telegramas e colava na sobrecapa do seu diário.
Enviado por
Gerson Luis Barreto de Oliveira
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5 comentários:
Grande Vaz
E as fotos dos revolucionários ?
Tá muito legal a postagem, parabéns como sempre.
Abraço
Gerson
Gerson, como o título ficou centrado no Diário, vamos esperar um outro sobre o mesmo tema - Revoluções, para usá-la.
Creio que o "conjunto da obra" está ficando muito bom.
Nossos avós e nossos pais também contavam essas histórias dramáticas vividas na Revolução de 1923, sobre esconderem a cavalhada para evitar o confisco, e ainda de os próprios homens se ocultarem para não serem incorporados à força nas fileiras revoltosas.
Realmente esse baú do meu xará tem um tesouro incrível, quero humildemente incentiva-lo pra que nos mostre todo tesouro guardado a sete cdhaves por essa familia. Eu prtgicularmente me alegro muito quando ele fala "os colorados!"
Ao xará Gerson
Vou tentar reproduzir tudo, com a incomparável ajuda do Vaz.
Abraço
Gerson
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