Neste dia 1º de dezembro Portugal comemora 370 anos da Restauração da Independência
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Antunes Ferreira.
“O levantamento dos Portugueses contra a Coroa espanhola que dirigia os destinos do País ocorre num contexto que muito tem sido estudado e não se pode alhear dele quem quiser escrever sobre o tema. É sabido que ninguém é bom juiz em causa própria. Porém, nestas tramas, há que ter o maior cuidado e o equilíbrio q.b.; um passo em falso pode ser a morte do artista.
Há até quem defenda que os Quarenta encabeçados por João Pinto Ribeiro teriam feito melhor se não se tivessem metido no barulho. E, os mais picuinhas até acrescentam – no barulho das luzes. Despautério. Entretanto, dizem que se o defenestrado tivesse sido o referido Ribeiro e, sendo assim, o aclamado seria o Miguel de Vasconcelos, outro galo cantaria.
Uns quantos, mais amigos da laracha fácil, referem que Portugal seria hoje una Región Autonomica, hablando Portugués y, además, conun Rey que lo habla tambien y tan bien. Eu não ponho de parte a hipótese, enquanto isso mesmo. Mas, a História tem as suas regras, os seus autos e os seus arquivos.
Não há volta a dar na questão: no dia 1 de Dezembro de 1640, aí vamos nós. Espanhóis para a rua, já! Já o escrevi não sei quantas vezes: os quatro golos (que foram cinco para toda a gente, menos para o árbitro francês) com que a selecção portuguesa brindou os campeões do Mundo e da Europa (que conseguiram marcar-nos zero) têm antecedentes históricos. Aljubarrota e Restauração só não contam para… nuestros hermanos.
Estas análises têm sempre os seus riscos. Dom João, o duque de Bragança, quando foi convidado para assumir o trono real, pediu um período de reflexão e recolhimento para pensar e repensar a proposta. Diz quem sabe que o futuro monarca esteve quase a dizer que não. E aqui avulta a duquesa sua esposa, Dona Luísa de Gusmão, nascida Luisa de Guzmán.
A duquesa era andaluza, de San Lucar de Barrameda,
Luísa Francisca de Gusmão (D).
n. 13 de Outubro de 1613.
f. 27 de Fevereiro de 1666.
Rainha de Portugal, mulher de el-rei D. João IV.
N. em S. Lucar de Barrameda, na Andaluzia, Espanha, a 13 de Outubro de 1613, fal. em Lisboa a 27 de Fevereiro da 1666. Era filha do 8.º duque de Medina Sidónia D. Manuel Peres de Gusmão, e de D. Joana de Sandoval, filha do 1.º duque de Lerma, D. Francisco Sandoval, famílias de grande nobreza, sendo descendente pelo lado paterno dos duques de Bejar e de Pastrana, e por sua mãe dos duques de Gandia e de Medina Coeli.
Casou por procuração no princípio de Janeiro de 1633, com D. João, 8.º duque de Bragança, que em 1630 herdara aquela opulentíssima casa por morte de seu pai, o 7.º duque, D. Teodósio, sucedida em 29 de Novembro do referido ano. A ratificação do casamento realizou-se com grande pompa em Elvas no dia 12 do citado mês de Janeiro de 1633, sendo celebrante o bispo D. Sebastião de Matos Noronha, mais tarde arcebispo de Braga. Efectuaram-se então em Vila Viçosa brilhantes festas. Este consórcio fora muito do desejo do ministro castelhano conde-duque de Olivares, tanto que, em atenção a ele, restituiu à casa de Bragança ducado de Guimarães e outras prerrogativas que lhe haviam sido tiradas. Não realizou, contudo as suas esperanças aquele ministro, porque a nova duquesa, longe de aconselhar seu marido à submissão à Espanha, sempre o aconselhou a cumprir o seu dever de Príncipe português. Na última hora, na hora das hesitações, quando o duque D. João, intimado por Filipe IV para se apresentar em Madrid, intimado pelos conjurados para aceitar a coroa que a revolução lhe ia oferecer, se mostrava como sempre hesitante quis consultar sua mulher, e encontrou nela os varonis espíritos que sempre lhe notaram.
A duquesa era ambiciosa; e atribui-se-lhe a seguinte resposta: que tinha por mais acertado morrer reinando, que acabar servindo, palavras que os manuais da historia nacional parafrasearam deste modo: antes ser rainha uma hora, do que duquesa toda a vida. Esta resposta conceituosa cuja veracidade tem sido contestada, se acaso é verdadeira, exprime bem, contudo, a sua resolução intrépida, e o seu desejo de subir ao primeiro lugar da hierarquia do reino.”
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Enviado por
Henrique Antunes Ferreira,
Lisboa – Portugal
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Esta postagem é uma homenagem aos nossos irmãos portugueses que já nos acessaram das seguintes localidades monitoradas e apontadas pelo colega Hamilton Caio:
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Bragança/Bragança; Chaves/Vila Real; Braga/Braga; Mirandela/Bragança; Vila Nova de Famalicão/Braga;
Vila Real/Vila Real; Amarante/Porto; Paços de Ferreira/Porto; Peso da Régua/Vila Real;
Maia/Porto; Porto/Porto; Avintes/Porto; Castelo de Paiva/Aveiro; Vale de Cambra/Aveiro;
Leiria/Leiria; Albergaria-a-Velha/Aveiro; Viseu /Viseu; Guarda/Guarda; Canhoso/Castelo Branco;
Covilhã/Castelo Branco; Coimbra/Coimbra; Santarem/Santarem; Cartaxo/Santarém;
Local não identif (a SE de Coimbra e SO de Covilhã); Torres Vedras /Lisboa; Póvoa de Santa Iria/Lisboa;
Entroncamento/Lisboa; Lisboa/Lisboa; Carcavelos/Lisboa; Alcochete/Setubal; Barreiro/Setubal;
Sesimbra/Setubal; Beja/Beja; Lagoa/Faro; São Brás de Alportel/Faro; Travira/Faro;
Angra/Açores; Ponta Delgada/Açores e Funchal/Madeira.
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2 comentários:
Além de um excelente texto, com seu habitual estilo de mostrar os fatos com uma realidade desnuda e cruenta, que muita me agrada, nosso amigo Ferreira deixou sua Travessa no além-mar, por alguns minutos, para nos brindar com raros detalhes históricos sobre Portugal, para mim desconhecidos. Tudo ainda temperado (apimentado !) com muito sarcasmo, também ao meu gosto. Para ser lido e relido.
Antunes Ferreira, que é jornalista, escritor, professor... entre tantas outras atividades edita o blog http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com/
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