10 de maio de 2013

Os Miseráveis

Foto L.C.Vaz


Os Miseráveis (*)

Sergio Vaz

 

Vitor nasceu no jardim das margaridas

Erva-daninha nunca teve primavera

Cresceu sem pai sem mãe sem norte sem seta

Pés no chão, nunca teve bicicleta

 

Já Hugo não nasceu, estreou

Pele branquinha, nunca teve inverno

tinha pai, mãe, caderno e fada-madrinha

 

Vitor virou ladrão

Hugo salafrário

Um roubava por pão

O outro para reforçar o salário

Um usava capuz

O outro gravata

Um roubava na luz

O outro em noite de serenata

Um vivia de cativeiro

O outro de negócio

Um não tinha amigo, parceiro

O outro sócio

 

Retrato falado Vitor tinha cara na notícia

Enquanto Hugo fazia pose pra revista

O da pólvora apodrece impenitente

O da caneta enriquece impunemente

A um só resta virar crente

O outro é candidato a presidente

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Sergio Vaz é fundador da Cooperifa

(*) Do livro "Colecionador de pedras", Global Editora




Um comentário:

Gerson disse...

Muito bem colocada a poesia, na verdade matou a pau.