31 de agosto de 2011

Noitão de Cinema no "velho" Capitólio - II, Ingressos esgotados

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Demonstrando a sede que o público tem por cinema de qualidade na tela grande, os ingressos para o Noitão de Cinema esgotaram rapidamente. Vamos esperar que o pessoal programe uma segunda edição.
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Quarta-feira, Dia Nacional do Sofá

Ele já foi importante, ganhou até um Dia Nacional
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Hoje é quarta-feira. Dia Nacional do Sofá. Dia de visitar a namorada. De namorar sentadinho no sofá da sala. Dia do chá-de-pera ficar ali, numa poltrona, fazendo nada, só cuidando o namoro dos namorados. Não há tv, computador, celular ou  vídeo-game. Só o namorado e a namorada, no máximo de mãos dadas, também fazendo nada. Mas isso tudo há muito tempo, mas muito tempo atrás... Mas a denominação ficou. Hoje é o Dia Nacional do Sofá. Hoje, nas quartas-feiras à noite, o sofá não recebe mais os namorados. É dia de “jogo direto na tv” e, ao invés de chá-de-pera, se toma muita cerveja, se come pizza, enquanto os namorados namoram sozinhos no quarto e torcem por uma prorrogação, por uma decisão por pênaltis... pois é quarta-feira, é o Dia Nacional do Sofá, dia do sogrão ficar sentado no sofá, tomando cerveja, comendo pizza, das nove às onze, enquanto os namorados fazem um neto no quarto, torcendo por uma prorrogação, por uma decisão por pênaltis...
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30 de agosto de 2011

Imagens do cotidiano - XXXIX, Vaga

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Vaga
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Marcelo Freda Soares
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Acordei cedo como de tivesse compromisso. Há muito tento enganar a semana evitando trabalhar na segunda pela manhã, porém, o condicionamento de anos mais o implacável relógio biológico me arrastam das cobertas. Portanto, mesmo que não queira, hoje  é segunda-feira. Sacudo da cama todas angústias que, diferente do sebo na noite, não saem com um banho quente nem se renovam com um perfume novo. Então tenho duas alternativas:  mergulhar em tarefas que se assemelhem a trabalho ou tentar iludir o calendário com atitudes domingueiras que empurrem para um pouco mais a rotina consagrada.

Faz uns dias que resolvi tomar o primeiro café fora de casa, antes pelas padarias mais próximas mas também, quando  possível - e se houver pernas e disponibilidade- em algum ponto mais distante. As caminhadas adotei há muito, sozinho mas equipado: uma  máquina fotográfica para registrar o entorno e um tocador de música para me abstrair do mesmo. Nada mais nos bolsos e nas mãos.

Então, hoje, que é segunda-feira, chego cedo ao Café Aquário, nem tanto  como para  alguns desocupados ou aposentados, que até por isso, não se importam com relógios. Nas mesas a frente um colega que, este sim,  deveria estar no batente, discutindo o resultado do jogo de ontem; um  conhecido alfaiate que comemora  cem anos na mesma cadeira; alguns outros  sexagenários  lembrando de  perdidas vantagens; e distribuído, entre a maioria dos clientes, a  comum  leitura do velho jornal da cidade, sem muitas novidades. Eu preferi um livro, um peso a mais para o resto do trajeto mas que cai apropriado para compor o clima de transgressão e efemeridade - "Jazz - de André Francis" que mesmo pelas letras envolve a imaginação com um ambiente de musicalidade. Quase viajo com a taça de café -com-leite fumegante e o pão prensado com presunto e queijo - aroma e paladares adequados-,  mas só até ouvir algo que me desperte vindo do vizinho do lado:

"Moça quero uma recheada completa com o pão bem apertado, o queijo escorrendo leve por fora, pouca manteiga e cortado em apenas dois pedaços".

Era o que faltava para completar o quadro, e para não perder o prazer do inusitado, sigo registrando na memória, somente até aqui os fatos.

Partindo pelas ruas calmas, ainda nem bem despertas, escuto no mp3: MPB4, e busco pelas quadras quase vazias: gente, para fazer, pelo menos uma fotografia. Nada que me signifique, nada para ilustrar a fuga com pretensa arte, mas algo para associar da manhã  a conquista sobre o reprisado. Então dou de cara com esta imagem, pronta, simples e pela vida  elaborada; um pouco de mim se não tivesse despertado, caso tivesse esperado, caso não tentasse ir além e tentar fugir da rotina para enfrentar...mais uma segunda-feira.
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Marcelo Freda Soares
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Publicado em Diário do Morsa
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Ó mar salgado... - IV, A livraria mais antiga do mundo

A placa do Guinness na Bertrand do Chiado, Lisboa
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Bertrand do Chiado é a livraria mais antiga do mundo
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Com portas abertas ininterruptamente desde 1732, primeiro na Rua Direita do Loreto, depois junto à Capela de Nossa Senhora das Necessidades (na fase que se seguiu ao terremoto de 1755), finalmente na Rua Garrett, a Livraria Bertrand do Chiado foi reconhecida pelo Guiness Book of Records como a livraria mais antiga do mundo em funcionamento. Durante o processo de candidatura, foram ouvidos testemunhos de vários especialistas que confirmaram o fato de que a atividade da livraria nunca foi interrompida, entre os quais José Antunes (historiador), Miguel Cabrita (sociólogo), Rita Ferreira (engenheira) e José Augusto-França (escritor, historiador, crítico de arte e membro do Conselho Literário do Grêmio Literário de Lisboa).
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29 de agosto de 2011

Noitão de Cinema no "velho" Capitólio


A parte de baixo virou estacionamento, mas... o mezanino, a antiga Sala II do Capitólio, ainda está lá!, com poltronas, tela e tudo mais... e é lá que o PET Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, com a ajuda de professores, alunos e técnicos administrativos,  vão promover um "Noitão de Cinema", dia 10 de Setembro, a paritr das 23h, até de manhã, projetando três filmes. Estômago, Adaptação e um terceiro, que será escolhido em votação pelo público, no dia da sessão. Com ingresso simbólico de cinco reais, a noitada promete muita animação. Ao final da sessão tripla, será oferecido um café da manhã aos notívagos cinéfilos no "saguão" do antigo Cine Capitólio. Os ingressos estarão disponíveis na bilheteria do Cinema, a partir de hoje - 29 de agosto, pela tarde. Corram, os ingressos são limitados!
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Bagé Bicentenária - 1811/2011, Os "Altos da Santa Casa"

 Clique duas vezes na imagem para ler com perfeição
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O Arquivo do Cid Marinho é realmente muito bom. Hoje publicamos mais uma colaboração dele ao jornal Folha do Sul. A reprodução do recorte - é claro, passou pela tesoura do nosso esquilador, JL Salvadoretti, que retirou todos os carrapichos...
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Noitão

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Dia 10 de Setembro, à meia-noite,

o Cine Capitólio vai ressuscitar!

Hahaha!!!
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28 de agosto de 2011

Buenos Aires perde o tradicional café Richmond para a Nike

Foto Juan Mabromata/France Presse
Piqueteiros protestam no Richmond, na tentativa de evitar
a venda do local; café foi fechado três dias depois
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Buenos Aires perde o tradicional café Richmond para a Nike



Lucas Ferraz
Sylvia Colombo
de Buenos Aires

Um dos cafés mais famosos de Buenos Aires acaba de fechar as portas. E de um modo brusco. Quem passar no número 458 da calle Florida, em vez de encontrar a imponência da tradicional fachada do Richmond verá pichações e uma porta lacrada.

Conhecido por ter sido frequentado por escritores como Jorge Luis Borges, Oliverio Girondo e Leopoldo Marechal, o café foi fundado em 1917 e desde então era ponto de encontro de políticos, escritores e artistas, além de ser uma das atrações turísticas da cidade.

O Richmond integrava a lista dos bares notáveis de Buenos Aires e fez parte do cenário boêmio nos anos de efervescência cultural da cidade. "O café ficou famoso na nossa época de ouro. Buenos Aires era menor, tinha bem menos gente, o tango estava se consolidando, os escritores, surgindo. Depois viriam as revistas culturais. A 'Martin Fierro', por exemplo, tinha tiragem de 50 mil exemplares, o que até para hoje é bastante", diz Álvaro Abós, autor de "Al Pie de la Letra".

O drama do café estendeu-se por vários dias. Neste ano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Turismo, Hotéis e Gastronomia, o antigo dono do Richmond o vendeu (o que inclui o imponente prédio) para um grupo de empresários argentinos.

Lucro

O negócio foi fechado por US$ 9 milhões (R$ 14,4 milhões). Os novos proprietários optaram por uma atividade mais lucrativa: pretendem abrir uma loja da Nike.
No último dia 15, uma segunda-feira, os 14 funcionários encontraram o café fechado. "Aproveitaram o fim de semana para retirar alguns móveis, os funcionários nem foram avisados do fechamento", diz Armando Rivera, secretário do sindicato. A indenização trabalhista também não foi acertada.
Os trabalhadores, indignados, ocuparam o local com tambores e faixas.
O imbróglio só foi resolvido com a intervenção do Ministério do Trabalho, que negociou a indenização: o equivalente a R$ 680 mil. Discretos, os novos donos não falam sobre o caso.
A Legislatura de Buenos Aires até que tentou evitar o fechamento do café, aprovando de última hora uma resolução, mas já era tarde.
A preocupação do sindicato, como conta Rivera, é que outros lugares notáveis de Buenos Aires tenham o mesmo destino. Ele quer do governo da capital uma medida de proteção histórica.

Foto Juan Mabromata/France Presse
Dias antes do fechamento, clientes e simpatizantes
do movimento se reúnem no café para elaborar abaixo-assinado

Turistas

"Esses cafés e restaurantes notáveis não estão mal financeiramente. Geralmente eles têm uma clientela fiel, antiga, e também recebem muitos turistas", diz.
Este não é o primeiro caso de café histórico ameaçado. Em 1997, fechou as portas por razões econômicas a tradicional Confeitaria del Molino, no centro, também frequentada por famosos, como Gardel.
Em San Telmo, o Bar Británico também passou por dificuldades. Inaugurado em 1960, e com a particularidade de permanecer aberto 24h por dia, também teve de fechar em 2006. Mas seu drama foi mais curto. Adquirido por novos donos, reabriu exatamente como era antes.
Para Abós, o fechamento do Richmond vai na contramão do impulso turístico.
"O governo tem obrigação de tentar preservar o café, articulando interesses privados e públicos", diz. Frequentador do Richmond desde 1958, o aposentado Juan Carlo Higues, 72, lamenta a perda de mais um lugar de "diálogo", como definiu o café onde jogava bilhar.

Por dentro do Richmond

Endereço: Calle Florida, 458; fundação: 1917; visitantes: escritores ilustres, como Jorge Luis Borges, Oliverio Girondo e Leopoldo Marechal; cenário: em seu salão foram filmadas cenas de "A História Oficial", de Luis Puenzo (1985), que foi vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro; decoração: de estilo inglês, tem cadeiras Chesterfield, sofás de couro, colunas de mármore italiano e luminárias holandesas; ambientes: no primeiro, ficava a confeitaria, no segundo, o restaurante, no terceiro, embaixo, o salão de bilhar; confeitaria: servia café, chá e lanches. O prato típico era a torta Richmond, com biscoito de chocolate, chantili e morango.
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Ó mar salgado... - III, Cabo da Roca

Olhar o Atlântico daqui é inquietante... (Foto Sérgio Correa)

Eis aqui, quase cume da cabeça

De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano.
Este quis o Céu justo que floresça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fora, e lá na ardente
África estar quieto o não consente

Luiz Vaz de Camões
Os Lusíadas, Canto III - 20 
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O Cabo da Roca é o ponto mais ocidental de Portugal continental, assim como da Europa continental. Situa-se na freguesia de Colares, concelho de Sintra e distrito de Lisboa. O cabo forma o extremo ocidental da Serra de Sintra, precipitando-se sobre o Oceano Atlântico. 
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27 de agosto de 2011

Porque hoje é sábado

O dia da criação
Vinícius de Moraes
Macho e fêmea os criou
Gênese 1: 27

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado!
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26 de agosto de 2011

A filosofia e o cinema religioso - XXIII, Fé


O Ciclo "A Filosofia e o Cinema Religioso" exibirá, na próxima sexta-feira, dia 26 de agosto, o documentário "Fé", de Ricardo Dias. Cineasta brasileiro formado pela Universidade de São Paulo com mestrado em cinema pela New York University, Dias foi também autor do documentário "O rio Amazonas". Após a exibição, haverá debate sobre o espiritismo, com a participação de Marcelo Freitas GIl, licenciado em História e Mestre em Ciências sociais, autor do livro "O movimento espírita pelotense e suas raízes sócio-histórico culturais". O Ciclo, promovido pelo Departamento de Filosofia da UFPel, sob a coordenação do professor dr. Luís Rubira, ocorre todas as sextas às 20h, no Centro de Integração do Mercosul. A entrada é FRANCA.

A programação completa do CICLO está disponível na página da UFPel

Sinopse: Fé, 1999, Brasil. Direção: Ricardo Dias. Documentário. A obra enfoca as diferentes manifestações da fé e da religiosidade no Brasil. Defendendo a tese de que a religião não é “o ópio do povo”, os realizadores mostram a importância do fenômeno religioso na vida dos brasileiros. Imagens da Romaria de São Francisco (CE), do Círio de Nazaré (PA), das festas de Iemanjá (SP) e do Bonfim (BA), do Vale do Amanhecer (DF), do Espiritismo (MG), dos cultos Evangélicos (SP). Premiado no Festival de Biarritz/França. (91min).
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25 de agosto de 2011

Os 50 anos da Legalidade - II, Eras o Grito de Sepé!


 Brizola volta do exílio nos braços do povo em 1979

Eras o Grito de Sepé!
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(Homenagem a Leonel Brizola!)
J.J. Oliveira Gonçalves

Eras o grito de Sepé! E a Lança
A Utopia (que a mão empunhava!)
De ver a Pátria que a Alma idealizava
E ao coração te enchia de Esperança!

Guerreiro audaz! Com suor e Glória
Escreveste nas Páginas da Vida!
E hás de ter tua Obra enaltecida
Nos Anais imorredouros da História!

De luto, o quero-quero grita triste
E chora o sabiá porque partiste
E, (órfão!), geme o músculo operário!

Inspirado sob o Signo de Aquário
Fica em tua Luta o Arrimo que consola:
Gaúcha estirpe: Leonel Brizola!
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J.J. Oliveira Gonçalves
Porto Alegre, 22 de junho/2004
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