20 de novembro de 2010

El derecho de nacer e a UBES

 
 Os "artistas" da UBES no palco do Capitólio
 
Paulo Gracindo cortava os corações dos ouvintes que acompanhavam semanalmente 
os capítulos irradiados através de uma revista que contava os bastidores da rádio-novela.
Há pouco tempo eu comprei num sebo a coleção completa dessas revistas.

Foi em Cuba que nasceu Felix Caignet (1892–1976). Também foi em Cuba, no início do século XX, que ele ambientou sua mais famosa radio-novela, El derecho de nacer. Maria Helena, filha de um rico, moralista e conservador (será muita redundância?) fazendeiro cubano, engravida do namorado. Ao dar à luz, e já recebendo sérias represálias da família, Maria Helena vê uma estereotipada ex-escrava, ama de leite, e agora empregada da família, conhecida por Mamãe Dolores, fugir com a criança para salvá-la da fúria do avô, Don Rafael. A moça vai para um convento e o menino – batizado por Dolores de Alberto Limonta, é criado pela mãe de pele preta com muito carinho e desvelo. Albertinho forma-se em Medicina e o destino, ah! o destino... o leva a conhecer – e se apaixonar, para desespero de Mamãe Dolores, por uma prima sua – Isabel Cristina. Bem, ele até cura o avô de sua namorada (e seu também), Don Rafael, de um mal muito grave.
Imaginem o pessoal lá da Hulha Negra, em volta do rádio que havia lá em casa, tomando partido nessas situações e torcendo pelo filho mimosinho da Mamãe Dolores, o Dr. Albertinho Limonta...
Acrescente-se ainda a esse clima, uma grande sala de estar, muitas cadeiras, um mate correndo frouxo, um frio de renguear cusco e, para arrematar, alguns segundos de pura estática e ruídos de descargas elétricas causadas pelos relâmpagos que cortavam os céus da Hulha Negra naquelas infindáveis noites de temporais de inverno no início dos anos 50. Mas, era O Direito de Nascer! Era a sorte do Dr. Albertinho Limonta que estava em jogo.
Ouvindo o rádio, minha mãe e meu pai, minhas tias e tios, vizinhos, amigos e, eventualmente, algum “viajante” que acabava pernoitando na casa comercial de meu pai, deviam imaginar aquilo tudo como se hoje assistissem numa tela de TV LCD de 52 polegadas... as vozes, os sons do contrarregra, a música de fundo e a voz de Paulo Gracindo, levavam, três vezes por semana, aquele grupo de pessoas até Havana. As chuvas torrenciais, por vezes, até pareciam as lágrimas que Mamãe Dolores derramava por seu filho. Quando tocava a característica de encerramento, todos se despediam, prometendo – como a novela, voltar outro dia, e saiam todos para suas casas na escuridão da noite, tão insondável quanto o destino que – traiçoeiro, aproximava a cada dia mais, o Dr Albertinho Limonta do seu avô Rafael. Não lembro se eles se identificaram como avô e neto ao final da novela. Eu só pensava na tristeza de Maria Helena, agora conhecida apenas como Soror Helena da Caridade, lá naquele tal convento sem saber mais notícias do seu filho... mas que coisa, hein?
Essa história acabou sendo mais conhecida depois, quando foi tema de telenovela em mais de uma emissora de TV e em mais de uma oportunidade. Eu até crie no Orkut, em 9 de setembro de 2005, uma comunidade dedicada a ela, chamada Eu ouvia “O Direito de Nascer”.
O pessoal da UBES, nos anos 50, também encenou essa peça. A foto do arquivo do Dr. Milton Teixeira, enviada ao blog pelo Gerson Oliveira, mostra a troupe de artistas bageenses caracterizada para o espetáculo “O direito de nascer” que teve ensaios no Clube Recreativo e foi apresentado no Capitólio na década de 50.
Em pé: Tancredo Blanco, Edilberto Teixeira, Vieira, Valter Vagueti, José Dias, duas pessoas não identificados, Ernani Botti, Sirio Bianchetti, Milton Teixeira, Leda Losada Azambuja, Paulo Baboti - Presidente do Recreativo e que cedeu as instalações para os ensaios, uma pessoa não identificada, o diretor do teatro, e outra pessoa não identificada.
Mas quem será que interpretou o Albertinho Limonta?

A comunidade que criei no Orkut em 2005:
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Um comentário:

Anônimo disse...

Pelo que sei a peça lotou o Capitólio.
Abraço
Gerson Oliveira