16 de agosto de 2011

Os guarda-chuvas do amor - X, Na calada da noite


Abandonado assim, na calada da noite, depois de proteger seu dono de tantas chuvas tocadas a vento, não resistiu, foi descartado dentro de um balde velho, como se fosse um objeto qualquer...
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2 comentários:

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Oi, Vaz...
Retornando, depois de uma pausa involuntária... rs...
Pois, estou com forte impressão que faz parte, também, de minha sina de poeta, falar em ou de guarda-chuvas e sombrinhas que se tornam "objetos indigentes", após serem feridos (de morte?) pelos ventos implacáveis da invernia... Ah, na calada da noite se praticam crimes e ações tristemente "humanas", sim! Creio que movidos por covardes indiferenças...
Mas, quero fazer uma ressalva no caso deste "objeto qualquer"... Penso que o objeto é do gênero feminino. Seu corpo é preto, mas decorado de algumas figuras coloridas. E quem a abandonou nesse balde - como criatura descartável - parece que teve certa sensibilidade (ou remorso?) ao fazê-lo...
Observa, Vaz, que a sombrinha está "bem acondicionada", enroladinha e embicadinha para cima - exatamente como usamos um guarda-chuva ou uma sombrinha para que nos proteja da água... Vai ver, foi abandonada assim para, caso chovesse, a chuva não penetrasse na intimidade macia de seu corpo... Aliás, metaforicamente, essa intimidade macia que se traduz e se confunde com nossa própria epiderme... Apesar do infortúnio do abandono, está fechadinha - o que a protege ainda mais de vento, chuva e frio.
Seja como for, de minha parte, publicamente confesso que não poderia praticar tão vil e explícita maldade - ainda que encoberto pelas sombras tão feias e vis do anonimato!
Abraço,
JJ!

Luiz Carlos Vaz disse...

JJ, isso parece um trecho de um romance policial, do melhor estilo Ellery Queen...
Já imagino que no próximo parágrafo surgirá, sorrateiramente, na calada da noite um...