O cronista Deogar Soares Mago das imagens: Vilmar na Rádio Com
Fotos C Cogoy
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Voo Livre - À frente e sempre singulares
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Carlos Cogoy
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Carlos Cogoy
A cada pauta um acontecimento. E foram inúmeras. Não havia indiferença, frieza ou a decantada imparcialidade. Ele opinava, criticava, posicionava-se. Estar ao lado do Vilmar Tavares era o avesso da mesmice. Tanto nos corredores e gabinetes, quanto nas vielas de chão batido, ele reagia à vida que cutucava. Podia torcer o nariz para a pieguice de algum político sorrateiro, bem como interferir na entrevista e mudar o rumo das questões. Seus palpites, dicas e rosário de citações, amorosamente demoliam defesas. Seu olhar estava muito além do jardim das obviedades. Havia singularidade.
CRONISTA extremamente sensível. Vilmar foi genuíno ao narrar o corriqueiro. Estar à frente tem suas causas. E durante o convívio, ele ia compartilhando algumas senhas. Ali na imensidão do que não mensuramos de cada um, havia uma fraternal presença do místico Osho. Como libertário, Vilmar desconfiava das máximas e conceitos, mas estava atento ao saber que rejuvenesce. Ele não se contentava com as receitas miúdas, estabelecia outros questionamentos e reflexões. Às vezes Kardec, noutros momentos com Buda. O mago das imagens tinha outras conexões.
VERSOS dançando na redação. Informal, criativo e sagaz, Vilmar não se intimidava. Inventava gestual até que atraía a atenção. O que poderia ser irreverência, estava além. Uma lição simples mas necessária. Na mesmice de um dia de trabalho, era preciso mais. Ele recomendava viver, descontrair, interagir e sorrir. Linguagem de um poeta que escreveu, guardou, leu por aí; em espaços como o estúdio da Rádio COM, onde nalgumas ocasiões foi convidado a contar sua história. Na trilha sonora de Vilmar, a grande admiração por Raul Seixas. Mas também, em fase recente, a percepção renovada. Ao invés do ‘maluco beleza’, a genial singularidade de Arnaldo Antunes.
ELES questionaram, criticaram e são singulares. À frente, na contramão do conservadorismo provinciano. Vilmar nas imagens mas também no texto, Deogar Soares (1936/2003), nas crônicas sonoras mas também nas imagens. Ambos realizaram voo ético. Deogar, ideologicamente à esquerda, desempenhou mandato de vereador. Desde o primeiro dia na função, disse que não se candidataria à reeleição. E cumpriu. Radialista, vida modesta mas íntegra. Vilmar intuía os contrastes sociais já designados por Marx. Repórter fotográfico no interior, vida modesta mas íntegra. Gastava o que não sobrava para adquirir câmeras melhores.
Dia 17, oito anos sem Deogar. Hoje, três dias sem Vilmar. Insubstituíveis...
Carlos Cogoy
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6 comentários:
Delícia de texto! Literalmente, viajei nas palavras de Carlos Cogoy... E que lembrança maravilhosa ele fez de Deogar... Saudades desta gente...
Sim, Fátima, e precisamos - urgente - de uma biografia do Deogar.
Vaz agradeço a delicadeza pela divulgação no Blog. Dia desses pensava nisso, o livro sobre o Deogar. Grande projeto. Há muito material... Vaz em frente.
Saudações bageenses
Cogoy*
*Ex-aluno do Quinze
Eu tenho uma entrevista que fiz com o Deogar Soares, para uma cadeira da UCPel do grande Salvador Pinho. Ele sempre me perguntava sobre a entrevista. Naquela época eu era muito rígido nestas questões de textos, publicação e ela permanece inédita até hoje. Quando ele passou para o outro andar, fui ler o texto, escrito em 1989, e achei que não estava tão ruim assim, mas já era tarde. Cheguei inclusive a fazer um perfil no qual ele respondia com uma ou duas palavras sobre família, cinema, teatro, etc... Este perfil, ficou com o professor Salvador Pinho, que nem deve lembrar do fato. Mas a entrevista eu tenho. É pequena, eu fiz caminhando no centro de Pelotas com ele. Basicamente sobre jornalismo. O único que teve acesso ao texto foi Enilton Grill que leu após a sua morte no Américas, programa que o Enilton mantinha na Rádio Federal FM. Tenho esta dívida com o Deogar de nunca ter publicado. Paulo Otávio Pinho
Os amigos verdadeiros são os que além de amigos valorizam o que os amigos fazem... 10... 1000... Rejane
Cogoy, P. Otávio, Rejane: creio que temos uma pauta comum para tratar... concordam?
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