5 de abril de 2011

Morreu o Repórter Flávio Alcaraz Gomes

 Flavio, notabilizou-se como correspondente de guerra nos anos 60 e 70
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Aos 83 anos morreu agora de manhã o maior e melhor Repórter do rádio gaúcho, Flávio Alcaraz Gomes. Leia a matéria do site do Correio do Povo:

"Aos 83 anos, morreu o jornalista Flávio Alcaraz Gomes, por volta das 9h30min desta terça-feira, em sua casa em Porto Alegre. Ele havia sido internado no Hospital Moinhos de Vento neste ano por causa de uma pneumonia. O velório está marcado para as 15h no Crematório Metropolitano e a cerimônica de cremação está prevista para as 11h desta quarta-feira.

Ele ajudou a fundar a Rádio Guaíba e comandou o programa Guerrilheiros da Notícia na emissora. Alcaraz ainda apresentou os programas Fórum e Guerrilheiros da Notícia na antiga TV Guaíba. Até setembro de 2007, ele possuía uma coluna diária no jornal Correio do Povo. Atualmente, apresentava o programa Guerrilheiros da Notícia na TV Pampa.

Biografia

Flávio Alcaraz Gomes nasceu em Porto Alegre, em 25 de maio de 1927. Seu avô, Joaquim Alcaraz, foi um dos primeiros diretores do jornal Correio do Povo.  Depois de ter concluído o curso de Direito em 1949, foi estudar na Sorbonne, em Paris, entre 1950 e 1952.

Ao voltar para Porto Alegre, começou a trabalhar como repórter de polícia do jornal Folha da Tarde, jornal vespertino da Companhia Jornalística Caldas Júnior. Como repórter, atuou na Copa do Mundo de 1958 e na Copa do Mundo de 1970. Cobriu o sequestro pelos tupamaros do cônsul do Brasil no Uruguai. Também atuou na Guerra do Vietnã como correspondente no Oriente Médio e Europa.

Entre os livros escritos por Alcaraz está Diários de um Repórter, Morrer por Israel, Um Repórter na China e Prisioneiro 30.310."

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11 comentários:

Gerson Mendes Correa disse...

Calou-se uma grande voz gaucha, voz que era uma das marcas da Radio Guaíba, grande repórter.

Sérgio M. P. Fontana disse...

As missões Apollo (a partir do lançamento da Apollo 8), empreendidas pelos Estados Unidos, com o objetivo de "conquistar" a Lua, foram acompanhadas e transmitidas, ao vivo, por Flávio Alcaraz Gomes, diretamente do Cabo Kennedy, na Flórida. Eu ficava de ouvido colado no rádio, sintonizado na Guaíba.

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, e como eu digo, Gerson, só na imprensa norte americana é que se valoriza a figura do Repórter. Aqui no Brasil, tivemos poucos, e no RS, acho que só o Flávio. É o fim de uma era.

Luiz Carlos Vaz disse...

Sérgio, observas muito bem, as transmissões da Guaíba, com o Flávio, chegavam a rivalizar com A Vóz da América, que dominava esse tipo de cobertura naquela época. Ele foi lá e fez! Hoje só temos radialista distribuindo cadeira de rodas e "botando bandido na cadeia", é o fim das grandes reportagens e dos repórteres.

Anônimo disse...

Vazamigo

Não conheci o Flávio mas, era um dos nossos e por isso a tristeza é um tudo-nada maior. A perda de alguém que nos diz coisas, a perda de um repórter de gabarito (a biografia dele é excelente), a perda de um profissional de grande estatura, é-nos sempre difícil.

Daí que daqui envie os meus mais sentidos pêsames a todos quantos com ele privaram e, sobretudo aos seus ouvintes que, estou certo, seriam muitos.

Abç

Hamilton Caio disse...

Bons tempos do Flávio Alcaraz Gomes na antiga Rádio Guaíba e depois na Rádio Gaúcha, revolucionando a maneira de fazer rádio no Rio Grande do Sul. Seus programas tinham alto nível cultural. Ele apresentou por alguns anos seguidos, sempre nos meses de março, uma radiofonização da tragédia "Júlio César", de Shakespeare, numa rara gravação existente, e que foi realizada por Carlos Lacerda, o político brasileiro famoso dos anos 50 e 60 e que tinha uma excelente dicção (Júlio César foi assassinado nos "idos de março" - 15 de março - no ano 44 A.C.).
Um programa diário seu, que marcou época no estado, foi "2001", sempre com um tema importante, histórico ou da atualidade. O nome do programa, por ser de vanguarda, foi inspirado na fama de "2001: Uma Odisséia no Espaço", o filme do Stanley Kubrick, de 1968, baseado na ficção de Arthur C. Clarke. A característica musical do programa também veio do mesmo filme, uma obra escrita por Richard Strauss, músico alemão da transição do romantismo para o modernismo musical (não confundir com Johann Strauss, pai e filho, os compositores vienenses da valsa, e que são do auge do romantismo). O nome da peça musical é "Assim falou Zaratustra", que é um poema sinfônico inspirado na obra homônima do filósofo Nietzsche. O tema principal dessa música ficou famoso através do filme. Entretanto, o filme de Kubrick juntou os dois Strauss, que não eram parentes, e apresentou na trilha sonora também uma obra de Johann Strauss Filho, a conhecida valsa "Danúbio Azul".

Hamilton Caio disse...

A foto mostra o Flávio em pleno front de guerra. Ele acompanhou as tropas em diversos deslocamentos em combate. Ao fundo uma marca singular da guerra do Vietnã: aparecem parte do nariz e do rotor do helicóptero Bell UH-1, o Huey, americano. O UH-1 representou para essa guerra o mesmo que o avião Douglas C-47 (DC-3 na versão civil) foi para a 2a Guerra Mundial: aeronaves decisivas nesses conflitos.
A sorte sempre ajuda quem batalha muito. Em 1967 ele estava em viagem para cobrir a guerra do Vietnã, quando, passando pela Itália, estourou a guerra entre árabes e israelenses, e ele seguiu direto para Israel para fazer uma das maiores coberturas da sua carreira. Acompanhei tudo pelo rádio.

Hamilton Caio disse...

Faltou dizer que Flávio Alcaraz Gomes foi a primeira grande voz que se levantou contra a poluição produzida pela fábrica de celulose norueguesa Borregaard, instalada em Guaíba, e que começou a produzir no início dos anos 70. A partir da campanha diária dele contra a emissão de poluentes pela fábrica, a que ele chamava de "a fedorenta", o Rio Grande do Sul se levantou como pioneiro no Brasil em defesa do meio ambiente. Não demorou muito tempo e a Borregaard foi obrigada a instalar equipamentos que eliminavam boa parte dos resíduos nocivos e o mau cheiro que empestava Guaíba e atingia também Porto Alegre. Em seguida também a empresa foi vendida e transformada na Riocell.

Luiz Carlos Vaz disse...

Ferreira, obrigado pelo comentário. Foi realmente uma grande perda para a imprensa e o rádio do Rio grande do Sul e do Brasil.

Luiz Carlos Vaz disse...

O Hamilton sempre com sua lupa afiada olhando mais no fundo das fotografias... belas recordações.

Hamilton Caio disse...

A minha "conversa fiada" acima, sobre uma possível confusão entre o autor do poema sinfônico "Assim falou Zaratustra", o alemão Richard Strauss, e os vienenses Johann Strauss, Pai e Filho, autores das valsas clássicas, não foi por acaso. Nos anos 80, um grande comentarista de futebol em Porto Alegre, que tinha também um programa de rádio diário e de grande audiência, e ainda continua na ativa, cometeu esse engano, eu estava ouvindo. Ele falou mais ou menos assim, se referindo ao poema sinfônico: "o autor é Richard Strauss, aquele das valsas!". O "aquele das valsas" eu jamais esqueci.