24 de agosto de 2011

Dia 24 de Agosto

Getúlio criou - e também possuía, a Carteita Profissional
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Teixeirinha, o grande cantor e compositor gaúcho, fez esta música para homenagear o "Doutor Getúlio", o Presidente que criou a Carteira Profissional (e a CLT). A música é pouco conhecida, quase não é lembrada pelos seus "fãs", e nem mesmo pelos estudiosos do tema Getúlio Vargas. Com a publicação da letra homenageamos Getúlio - "o Pai dos pobres", lembrando o agosto da sua morte, em 1954 - e o próprio Teixeirinha.


24 de Agosto

Teixeirinha

Vinte e quatro de agosto a terra estremeceu
Os rádios anunciavam o fato que aconteceu
As nuvens cobriam o céu, o povo em geral sofreu
O Brasil cobriu de luto, Getúlio Vargas morreu.

Vocês ainda se recordam daquela grande eleição
Ele não queria mais ser o chefe da Nação
Mas o Brasil lhe chamava vem cumprir sua missão
Foi por vontade do povo que a morte fez a traição.

O Brasil foi abalado foi triste no mundo inteiro
Todo mundo lamentando o destino traiçoeiro
Por ter vindo nos roubar o maior dos brasileiros
Getúlio deixou saudades foi bom e hospitaleiro.

Seu nome ficou na história pra nossa recordação
Seu sorriso era vitória da nossa imensa Nação
Com saudade ele venceu guerra e revolução
Depois foi morrer a bala pela sua própria mão.

O doutor Getúlio Vargas nos deixou grande saudade
Deus lá no céu é tão bom e dele tenha piedade
Os corações brasileiros pedem a Deus por caridade
Ampare ele nos seus braços lhe de paz na eternidade.  

2 comentários:

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Caro Vaz...
Uma dorida relembrança ao ver e ler esta postagem, ainda, pela manhã.
Naquela manhã fria e cinzenta de 24 de agosto/1954, eu tinha 10 anos... (Bem, antes devo dizer que, à época, eu morava com meus pais, na Av. Guilain - próximo da chamada "Curva da Morte".) Retomando: pois, naquela fatídiga manhã, o rádio num criado-mudo do quarto dos meus pais, não parava de "falar"... Notícia e mais notícia sobre o desenrolar dos acontecimentos políticos - em contínuos boletins noticiosos descrevendo o drama que vivia e encurralava o Presidente Vargas e dando uma antevisão da tragédia, (bem próxima), que sobre ele se abateria.
Naquela manhã, cedo, eu fora para a cama de meus pais porque o frio era intenso e eu muito mimado. Enfim, meus pais levantaram e eu fiquei deitadinho, abafado e ouvindo o rádio. Não demorou, veio uma notícia urgente: o Presidente Getúlio Vargas se suicidara! Em meus 10 anos, pensei que já conhecia aquela palavra e que significava "se matar"... Embora minha escassa idade - ainda mais para a época - pensei, em minha inocência: "o Getúlio se matou?" Então, levantei e fui até a cozinha, onde meus pais estavam tomando chimarrão e conversando. Confesso que fiquei com pena deles, pois sabia quanto meus pais admiravam Getúlio. Minha mãe, inclusive, falava nele como se fosse um familiar nosso daqueles que são muito queridos... E, quando se referia a ele, o chamava de "Getulinho"...
Eu era criança, sim, Vaz, mas sentia como era difícil, para mim, dar aquela notícia... Então, fiz uma pergunta para o pai: "Pai, suicidar é se matar - não é?" O pai respondeu: "É, sim, João... Por quê?" Então - deste mesmo jeito que sou até hoje e com o mesmo cuidado que tenho, em momentos assim, falei: "Então, o Getúlio se matou." Não quiseram acreditar e meu pai foi até o rádio e ouviu a confirmação. Lembro-me até hoje: colocou as mãos na cabeça e foi à cozinha dizer para minha mãe. Então, os dois se abraçaram e choraram muito. Eu não chorei. Não sei por quê... Fiquei, ali, na porta, olhando a Dor e o Sofrimento no abraço e no rosto dos meus pais. Todavia, se não chorei, guardei aquela imagem (congelada) que eu não compreendia bem: meus pais chorando a morte do Presidente. Aquela imagem nunca mais se apagou. E, hoje, é como se eu estivesse revendo aquelas doridas cenas do filminho de minha vida...
Eis um relato triste e verdadeiro de quando eu tinha 10 anos, Vaz... E pela primeira vez eu o faço, aqui, no "Velha Guarda".
Permite-me encerrá-lo com esta frase que é a que mais mexe com meus sentimentos de homem-comum, de poeta e de gaúcho-brasileiro e, após, com uma frase profética do meu pai José Faustino - um getulista convicto. O Presidente, em sua "Carta-Testamento": "Saio da vida para entrar na história." Meu pai, para mim: "Nunca mais nasce outro Getúlio, João!"
(E eu respondo para meu pai - que está do Outro Lado da Vida: é verdade, pai!)
Abraço orgulhosamente gaúcho e muitíssimo emocionado!
JJ!

Luiz Carlos Vaz disse...

Teu Pai foi profético, JJ, nunca mais nasceu outro GV. Mesmo quem não viveu na época, pensa e medita sobre esse fato, como se o tivesse vivido, tamanha foi a força desse ato, e que perdura até hoje. Realmente, o Getulinho entrou para a história. Eu só tinha três anos... é apenas uma nuvem de lembranças que tento juntar com as histórias correlatas que minha mãe sempre recorda, como o medo do desabastecimento, que fez com que meu pai trouxesse para casa, ao meio dia, uma enorme caixa de Bolachas Venus...