"Aqui descansam os restos mortais do
Brigadeiro Antônio de Souza Netto,
falecido na cidade de Corrientes,
em 1º de julho de 1866"
.
Quem visitar o
Cemitério de Bagé, no quadrante C, da Primeira Divisão, TP 37, poderá ler esta
inscrição na lápide do mausoléu do General Neto. O homem que, nascido no Povo
Novo, distrito de Rio Grande, escolheu Bagé para viver e lutar por seus ideais
e que, numa tarde ensolarada de um domingo, dia 11 de setembro de 1836, no
campo dos Meneses, após a vitória heroica da Batalha do Seival, proclamou a
“República Rio-grandense”.
Foram as
circunstâncias históricas que colocaram na responsabilidade de Neto essa atitude.
Era necessário que naquele momento importante da guerra contra o Império os
revolucionários gaúchos, liderados por Bento Gonçalves, dessem um rumo mais
definido aos seus comandados, seguidores e simpatizantes do movimento
separatista. Neto, que comandara a vitória sobre as tropas imperiais nos campos
do Seival, leu o seguinte texto aos seus comandados:
“Bravos
companheiros da 1ª Brigada de Cavalaria!
Ontem
obtivestes o mais completo triunfo sobre os escravos da Corte do Rio de
Janeiro, a qual, invejosa das vantagens locais de nossa província, faz derramar
sem piedade o sangue de nossos compatriotas, para deste modo fazê-la presa de
suas vistas ambiciosas. Miseráveis! Todas as vezes que seus vis satélites se
têm apresentado diante das forças livres, têm sucumbido, sem que este fatal
desengano os faça desistir de seus planos infernais.
São sem
número as injustiças feitas pelo Governo. Seu despotismo é o mais atroz. E
sofreremos calados tanta infâmia? Não, nossos companheiros, os rio-grandenses,
estão dispostos, como nós, a não sofrer por mais tempo a prepotência de um
governo tirânico, arbitrário e cruel, como o atual. Em todos os ângulos da
província não soa outro eco que o de independência, república, liberdade ou
morte. Este eco, majestoso, que tão constantemente repetis, como uma parte
deste solo de homens livres, me faz declarar que proclamemos a nossa
independência provincial, para o que nos dão bastante direito nossos trabalhos
pela liberdade, e o triunfo que ontem obtivemos, sobre esses miseráveis
escravos do poder absoluto.
Camaradas!
Nós que compomos a 1ª Brigada do Exército Liberal, devemos ser os primeiros a
proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica
desligada das demais do Império, e forma um estado livre e independente, com o
título de República Rio-grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se
fará competentemente.
Camaradas! Gritemos pela primeira vez: viva a República
Rio-grandense!
Viva a independência!
Viva o exército republicano rio-grandense!
Campo dos Menezes, 11 de setembro de 1836
Antônio de
Sousa Neto, coronel-comandante da 1ª brigada."
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Colaborou com
a pesquisa cemiterial Ms Elaine Bastianello
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3 comentários:
Cumprimentos ao BLOG pelas postagens que nos trazem passagens importantes da história dos bravos revolucionários, bem como do reconhecimento por seus descendentes e das ações mais recentes em prol da memória deste povo heróico.
Pretendo visitar o túmulo do Netto a partir deste post. Certamente irei lá na minha próxima vista a Bagé.
Ótimo, Ana Maria. O Cemitério de Bagé está sendo "descoberto" por pesquisadores da região, e do resto do país, e vários trabalhos de mestrado e doutorado já utilizaram seus registros e sua arquitetura. Um exemplo é a pesquisadora - ex-aluna e atual professora do nosso Colégio Estadual, Elaine Bastianello.
Salve!
Participei da recepção dos restos mortais do General Neto. Foi algo grandiosamente merecido. Na foto, o prefeito e o então Coronel Heitor Fontoura de Morais, hoje honradíssimo General residindo em Jaguarão. (aldoghisolfi@gmail.com)
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