É Primavera nas imagens
As cores explodem em flores durante a Primavera
É Primavera na poesia
Um dos sonetos de Luís Vaz de Camões, sobre a Primavera,
publicados em 1595, 15 anos após sua morte.
Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas lindas faces, olhos, boca e testa,
Boninas, lírios, rosas debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio e a floresta
Se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruito dessas flores,
Perderão toda a graça vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse Amor em vós amores,
Se vossa condição produze abrolhos.
Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas lindas faces, olhos, boca e testa,
Boninas, lírios, rosas debuxando.
De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio e a floresta
Se estão de vós, Senhora, namorando.
Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruito dessas flores,
Perderão toda a graça vossos olhos.
Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse Amor em vós amores,
Se vossa condição produze abrolhos.
É Primavera na astronomia
Hoje é o primeiro dia de primavera, que iniciou exatamente às 00h09min. Muitos devem perguntar porque as estações do ano tem um dia certo para começar, e até a hora exata, e ainda variam ligeiramente de ano para ano. Levando em conta que o clima "não dá a mínima" para essas datas, a pergunta é sempre oportuna.
As datas exatas de início e término das estações são mais uma questão didática, e a variação, às vezes de um dia, que ocorre de um ano para outro, é devida a diferença entre a duração do ano civil e do ano solar. Essa defasagem vai se acumulando de um ano para outro, alterando essas datas, que seguem rigorosamente o movimento aparente do sol.
O ano civil tem 365 dias. O ano solar, que é o ano verdadeiro, é determinado pelo tempo de translação da terra ao redor do sol, que dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Como sabemos dos nossos tempos de geografia no Estadual, a cada quatro anos, essa diferença acumulada é compensada com o acréscimo de um dia ao ano, o ano bissexto, com o mês de fevereiro tendo 29 dias.
Outro detalhe interessante, que não é praticamente falado, é que essas datas de início das estações do ano são, na realidade, o meio da estação, e não o início. O verão, por exemplo, que inicia este ano em 21 de dezembro no hemisfério sul, tem nesse dia o sol mais forte, pois a partir dessa data ele começa a viagem aparente em direção ao hemisfério norte. O inverno que começou em 21 de junho último, apresentou nesse dia o sol mais fraco, com os raio solares com a máxima inclinação, o que pela lógica deveria acontecer no meio da estação. Mas, novamente, essa também é um questão didática. O ponto a favor dessa divisão atual é que, na prática, os dias mais frios ocorrem bem depois de 21 junho e os dias mais quentes, bem depois de 21 de dezembro. Isso acontece porque os oceanos são os grandes reguladores do clima. Essas grandes massas de água fazem o papel de moderadores do clima, acumulam ou liberam a energia solar para atmosfera, que forma com o mar a grande dupla de controladores do clima. Nesse caso do verão, quando o sol de janeiro já é mais fraco que do mês de dezembro, os oceanos, previdentes, tem energia guardada para "emprestar" para a atmosfera.
Hoje, primavera, o sol está "viajando" para o sul, às 00:09h ele chegou em cima do equador (equinócio de primavera), aquela linha imaginária que divide a terra em dois hemisférios. Os dias e noites tem a mesma duração. A maior parte do Brasil está abaixo dessa linha. O equador passa pela cidade de Macapá, capital do estado do Amapá. Isso significa que hoje, ao meio dia, nessa cidade, um poste bem simétrico, que esteja exatamente na vertical, não apresentará sombra. O sol continua essa viagem aparente e chega no dia 21 de dezembro (solstício de verão) em cima do trópico de capricórnio (linha paralela ao equador, determinada exatamente pela "estação de chegada" do sol). Os dias têm maior duração que as noites. Para referência, ela passa um pouco ao norte do centro da cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo. Novamente aí, o poste não apresentaria sombra ao meio dia. Como vemos, O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os únicos estados que nunca chegam a ter o sol totalmente a pino. No dia 21 de dezembro, esse poste vai ter uma pequena sombra inclinada para o sul, tanto maior quanto mais ao sul estiver a localidade em que observarmos isso. Bem, o sol não descansa, já no segundo seguinte estará "viajando" para o norte, passando novamente pelo equador no dia 21 de março (equinócio de outono). Essa trajetória virtual continua para o norte até a "estação de chegada", o trópico de câncer, o paralelo equivalente ao do sul no hemisfério norte, no dia 21 de junho. O sol nessa situação, com os raios mais perpendiculares, estará produzindo o verão no norte e enviando raios bem inclinados para o sul, trazendo o inverno aqui. O trópico de câncer passa pelo centro do território do México, e ligeiramente ao norte de Cuba, deixando a parte norte do México e todo o território dos Estados Unidos e Canadá totalmente acima do trópico, equivalente ao caso do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, totalmente abaixo, onde o sol nunca fica a pino. Na África, passa bem ao norte do continente, ao sul dos territórios da Argélia, Líbia e Egito, entre outros. Na Ásia passa pelo centro dos territórios da Arábia Saudita e da Índia, pelo sul da China e pelo centro de Taiwan. Toda a Europa e o Japão ficam bem acima do trópico e também nunca recebem os raios solares totalmente na vertical. E novamente, no segundo seguinte estará voltando ao sul nessa viagem interminável. Para a nossa satisfação, a alternância das estações continua.
O que seria dessa primavera que inciou hoje, se não fosse o inverno que a precedeu ?
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As datas exatas de início e término das estações são mais uma questão didática, e a variação, às vezes de um dia, que ocorre de um ano para outro, é devida a diferença entre a duração do ano civil e do ano solar. Essa defasagem vai se acumulando de um ano para outro, alterando essas datas, que seguem rigorosamente o movimento aparente do sol.
O ano civil tem 365 dias. O ano solar, que é o ano verdadeiro, é determinado pelo tempo de translação da terra ao redor do sol, que dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Como sabemos dos nossos tempos de geografia no Estadual, a cada quatro anos, essa diferença acumulada é compensada com o acréscimo de um dia ao ano, o ano bissexto, com o mês de fevereiro tendo 29 dias.
Outro detalhe interessante, que não é praticamente falado, é que essas datas de início das estações do ano são, na realidade, o meio da estação, e não o início. O verão, por exemplo, que inicia este ano em 21 de dezembro no hemisfério sul, tem nesse dia o sol mais forte, pois a partir dessa data ele começa a viagem aparente em direção ao hemisfério norte. O inverno que começou em 21 de junho último, apresentou nesse dia o sol mais fraco, com os raio solares com a máxima inclinação, o que pela lógica deveria acontecer no meio da estação. Mas, novamente, essa também é um questão didática. O ponto a favor dessa divisão atual é que, na prática, os dias mais frios ocorrem bem depois de 21 junho e os dias mais quentes, bem depois de 21 de dezembro. Isso acontece porque os oceanos são os grandes reguladores do clima. Essas grandes massas de água fazem o papel de moderadores do clima, acumulam ou liberam a energia solar para atmosfera, que forma com o mar a grande dupla de controladores do clima. Nesse caso do verão, quando o sol de janeiro já é mais fraco que do mês de dezembro, os oceanos, previdentes, tem energia guardada para "emprestar" para a atmosfera.
Hoje, primavera, o sol está "viajando" para o sul, às 00:09h ele chegou em cima do equador (equinócio de primavera), aquela linha imaginária que divide a terra em dois hemisférios. Os dias e noites tem a mesma duração. A maior parte do Brasil está abaixo dessa linha. O equador passa pela cidade de Macapá, capital do estado do Amapá. Isso significa que hoje, ao meio dia, nessa cidade, um poste bem simétrico, que esteja exatamente na vertical, não apresentará sombra. O sol continua essa viagem aparente e chega no dia 21 de dezembro (solstício de verão) em cima do trópico de capricórnio (linha paralela ao equador, determinada exatamente pela "estação de chegada" do sol). Os dias têm maior duração que as noites. Para referência, ela passa um pouco ao norte do centro da cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo. Novamente aí, o poste não apresentaria sombra ao meio dia. Como vemos, O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os únicos estados que nunca chegam a ter o sol totalmente a pino. No dia 21 de dezembro, esse poste vai ter uma pequena sombra inclinada para o sul, tanto maior quanto mais ao sul estiver a localidade em que observarmos isso. Bem, o sol não descansa, já no segundo seguinte estará "viajando" para o norte, passando novamente pelo equador no dia 21 de março (equinócio de outono). Essa trajetória virtual continua para o norte até a "estação de chegada", o trópico de câncer, o paralelo equivalente ao do sul no hemisfério norte, no dia 21 de junho. O sol nessa situação, com os raios mais perpendiculares, estará produzindo o verão no norte e enviando raios bem inclinados para o sul, trazendo o inverno aqui. O trópico de câncer passa pelo centro do território do México, e ligeiramente ao norte de Cuba, deixando a parte norte do México e todo o território dos Estados Unidos e Canadá totalmente acima do trópico, equivalente ao caso do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, totalmente abaixo, onde o sol nunca fica a pino. Na África, passa bem ao norte do continente, ao sul dos territórios da Argélia, Líbia e Egito, entre outros. Na Ásia passa pelo centro dos territórios da Arábia Saudita e da Índia, pelo sul da China e pelo centro de Taiwan. Toda a Europa e o Japão ficam bem acima do trópico e também nunca recebem os raios solares totalmente na vertical. E novamente, no segundo seguinte estará voltando ao sul nessa viagem interminável. Para a nossa satisfação, a alternância das estações continua.
O que seria dessa primavera que inciou hoje, se não fosse o inverno que a precedeu ?
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Nota: A única citação que eu conheço sobre a questão das datas de início das estações serem na verdade o auge delas, é de um professor da UFRGS, cujo nome não lembro, que publicou um artigo sobre esse assunto há uns quinze anos atrás.
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É Primavera na música
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A obra, "As Quatro Estações", a mais popular de Antonio Vivaldi, nascido em Veneza (1678 - 1741), foi publicada em Amsterdam por volta de 1725. São na verdade quatro concertos, Primavera, Verão, Outono e Inverno, cada um dividido em três movimentos, mas que em um grande espetáculo costumam ser executados todos em sequência. Nas execuções abaixo, notemos o som de um instrumento pouco comum em concertos, o cravo, precursor do piano, que ainda não existia nesse período da música de Vivaldi, o Barroco.
O concerto nº 1 em Mi maior, "Primavera"
Descrição:
No primeiro movimento (Allegro) ouve-se logo no início o gorjeio dos pássaros, com o destaque do solo do violino, perturbados ligeiramente por trovões. O solista permanece silencioso no tranquilo movimento lento (Largo), no qual as notas altamente enfatizadas das violas representam os latidos do cão enquanto o pastor dorme. No finale (Allegro) o solista exibe sua habilidade de tocar em duas cordas simultâneamente (dedilhado duplo).
No primeiro movimento (Allegro) ouve-se logo no início o gorjeio dos pássaros, com o destaque do solo do violino, perturbados ligeiramente por trovões. O solista permanece silencioso no tranquilo movimento lento (Largo), no qual as notas altamente enfatizadas das violas representam os latidos do cão enquanto o pastor dorme. No finale (Allegro) o solista exibe sua habilidade de tocar em duas cordas simultâneamente (dedilhado duplo).
Os três movimentos:
-Allegro (rápido)
-Largo e pianissimo sempre (lento e tocado com pouca sonoridade)
-Allegro
Este primeiro vídeo tem apenas o primeiro movimento, com imagens das flores da Holanda, onde essa obra foi publicada pela primeira vez.
Enviado pelo colega
Hamilton Caio
Fotografias: arquivo de
Clara Marineli
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Um comentário:
Essa última foto, ao vê-la instantâneamente lembrou-me dessa outra poesia, que também é muito linda.
Canto Alegretense
(Neto Fagundes)
Não me perguntes onde fica o alegrete
Segue o rumo do seu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e violão
Prá quem chega de rosário ao fim da tarde
Ou quem vem de uruguaiana de manhã
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no rio ibirapuitã
Ouve o canto gaucheso e brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do inhanduy
E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os pagos no momento de morrer
E nos olhos vou levar o encantamento
Desta terra que eu amei com devoção
Cada verso que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e gratidão
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