17 de julho de 2011

Bagé 200 Anos - Acordes d'Alma e do Coração...

Arquivo de Cid Marinho, com pequenos retoques de JL Salvadoretti
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O antigo Colégio XV de Novembro, do JJ, em foto de arquivo do Blog da VG
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Ao FotógrafoAmigo Cid Magdar Marinho
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J.J. Oliveira Gonçalves
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Aos acordes de "Adiós, Nonino" - com Mestre Piazzola -  tendo como pano de fundo o céu chumbado e a chuva com suas lágrimas cristalinas rebentando na vidraça, escrevo mais algumas linhas para Bagé. Bagé - minha Terra Natal - que, no próximo domingo, dia 17 de julho, completará dois séculos de existência. As notas de Piazzola são nostálgicas. De Saudade. A chuva é nostálgica. Traz Saudade. Minha Caminhada, nesta Quadra da Existência, é nostálgica. Recheada de Saudade. Mesmo meus bichos-de-estimação - que me amenizam a Solidão do dia-a-dia - têm indesmentíveis olhos de nostalgia... Têm os meus próprios olhos perscrutadores... de distâncias... Ah, velados e suspirosos olhos de Saudade... Com certeza, a própria imagem que emoldura estes acordes d'Alma e do Coração, (de quando a vida era calma e o boi era manso!), sobre a qual vão me brotando palavras - essa imagem, em sua ilusória inércia - me desenha traços implícitos de nostalgia... Ai, que Saudade daquela vida... daquele boi... Hoje, aquela vida foi transformada em concreto, em banalidades... Em violência, em extinção - da Natureza, dos animais, do bicho-homem, enfim, do Belo... E o próprio ato arriscado de viver aumentou em muitos mega esse risco! Ah, aquele boi? Foi sangrado pelo esquecimento e pelo desamor - morreu ao abandono, no asilo cinzento das Distâncias... No bucolismo desta histórica imagem que colhi, na internet, o artista retrata - de forma digna e real - um quadro poético de épocas de antanho... A estrada, a árvore, a carreta carregada de lenha, os bois - mansos e abnegados - a nos transmitirem, silenciosamente, uma Lição... O cavalo - guapo companheiro do gaúcho, desde os brutos campos de batalha... O gaúcho - em sua altivez e no desempenho consciencioso do seu trabalho... Meu Deus, aonde foram nossa Tradições mais caras? Aonde foi o Civismo que nossos pais nos ensinaram? E os Valores dos quais nossos Professores se fizeram próprio exemplo nas salas de aula? E a alegria - aonde foi? A alegria de ser e de viver? Desculpem. Mas é assim que sou e é assim que vou morrer, qualquer dia desses... Afinal, não mudo mais do que sou e do que escrevo. Não posso aprisionar a Alma... Amordaçar o coração... Ah, Bagé... Bagé da minha infância... Do jardim cheiroso e colorido da boa avó materna... Dos meus tempos ledos de guri. Do meu sempre "XV de Novembro". Do meu inesquecível "Estadual de Bagé". Da minha mágica e eterna adolescência. Das belas e ternas namoradinhas - Musas primaveris de meus versos garatujados e de minhas rimas já apaixonadas... Neste momento, uma Saudade de todos e de tudo lambe-me a pele... E se me faz doer o coração e marejarem os olhos, me afaga - cálida e docemente - o Espírito... Quem me conhece e me lê, há mais tempo, sabe que escrevo com os Sentimentos. Não sei escrever de outra maneira. Sou movido a Emoções, Lembranças, Vazios, Distâncias, Suspiros, Saudades... Escrevesse de outra forma, não seria eu. Seria outro - com certeza. E, assim, exatamente assim, metamorfoseio meus versos e minhas rimas nesta prosa repleta de Saudades e de Amor! E eu a ofereço - esta prosa - ao Passado - que sempre nos ensina - mesmo aos sabichões que tentam, equivocadamente, sufocá-lo... E, por ser assim, eu a ofereço à minha cidade - Bagé: que me ninou, viu engatinhar, me pegou pela mão, me ensinou os primeiros passos e, vendo que chegava a hora de o Pássaro voar de seu Ninho - generoso e acolhedor - abençoou meu Vôo para outras paragens, para outras paisagens, para outros "loopings", para outros Aprendizados...

Que posso mais dizer-te, Bagé, 
nesta Data em que és festejada e reverenciada, 
além de MUITO OBRIGADO e de que 
TE AMO?
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8 comentários:

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Estimados Vaz e Cid...
Que surpresa extremamente agradável que quase pega meu coração desprevenido - manos véios!!
Sou um índio pequeno e franzino e o coração também dever ser pequeno - mas, com certeza, é forte e guapo o bastante para agüentar as Emoções fortes e por demais belas!!
Grato, pela publicação do texto, emoldurado pelas lindas lembranças fotográficas do Cid!
Abração franciscano para ambos!
VIVA, BAGÉ - nossa Terra!!!
JJ!

Luiz Carlos Vaz disse...

Mereces, índio véio! Bagé também te agradece pelo transbordar das tuas emoções tão legítimas e verdadeiras...

Cid M. Marinho. disse...

Grande J.J.
Eu é que agradeço, por você também ter dedicado esta bela poesia, para um simples "bagual da fronteira", chamado Cid... Que o "Patrão Velho" lá de ríba, continue lhe dando muita saúde, paz, alegrias, e inspiração, para que você possa continuar brindando todos os amigos e fãs, que admiram o seu talento e arte.
Um baita dum "quebra-costelas" do amigo Cid.

Luiz Carlos Vaz disse...

O Cid não tem cópia, JJ, é um cara único. Grande pessoa, com G maiúsculo!

Gerson disse...

Falou e disse JJ, e quem sou eu para não concordar? Um quebra costelas bem chinchado índio véio.

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Prezados Vaz e Cid...
Mais uma vez, sou grato pela distinção à minha pessoa e pelo que escrevo - seja em verso ou em prosa! Sinto-me feliz em tê-los encontrado - não por acaso, mas por alguma(s) causa(s) - por estas Encruzilhadas da Existência! Espero que deste nosso relacionamento fraterno e igual bonito, brotem as Flores da Amizade - este raro Sentimento que, acredito, seja uma das nuanças mais belas e mais fortes do Amor... Aquele Amor feito de Paz e Bondade pelo qual Jesus viveu e morreu!
Cid e Vaz: índios xucros como eu... pêlos-duros como eu - paridos nesta "Estância de São Pedro", nas Terras de Ibajé!
Abração nos manos véios!
JJ!

J.J. Oliveira Gonçalves disse...

Buenas, Gérson - índio véio macanudo!
Estamos todos de parabéns por nossa Bagé, nosso Estadual, enfim, por este relacionamento fraterno e com sabor bem begeense que mantemos neste "blog" - graças ao Vaz!
Recebo, com prazer e alegria, o teu quebra-costelas bem chinchado e te envio outro, esperando que, um dia, esta fraterna turma do "Velha Guarda" possa se encontrar em nossa "Santa Terrinha", apertar as mãos, se abraçar pessoalmente e bater um papo gostoso e reminiscente!
JJ!

Gerson disse...

Ué, de repente nos encontramos no fim de ano, vamos ver se poderei ir este ano.