Diário de Roma - XV, Frio de renguear cusco romano

Vou levar uma dessas na bagagem: vidros duplos, sem frestas, sem chances para o frio

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Não querem que eu volte, Gerson... não querem!

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No inverno faz frio. O que dizer mais sobre esta Estação do ano? Gostos e preferências não se discutem. Mas, normalmente, quem afirma gostar do inverno, o admira ao pé da lareira, ao lado do fogão à lenha, debaixo do cobertor ou no conforto do escritório movido a condicionador de ar (para imitar uma temperatura próxima ao verão...). O frio é o Inimigo Número Um dos pobres, de quem levanta de madrugada para trabalhar, de quem exerce sua profissão ao ar (gelado) livre. Não sou um reformador do mundo, o Inverno - e o seu frio - tem as suas finalidades, entre elas, adoçar as frutas que vamos saborear no Verão. Química, pura química. Mas, a verdade, é que nossas casas - as de hoje -  não são fabricadas para uma região onde faz muito frio. Não há vidros duplos nas janelas, as portas têm frestas, não existe aproveitamento da energia solar para aquecer a casa... enfim, muitas são copiadas das revistas de arquitetura apropriadas para a região de Angra dos Reis. A janela de meu hotel em Roma tem vidros duplos e fecha como uma porta de geladeira, não passa um fio de cabelo. Quando nevar aqui (e eu já estiver em casa) o hóspede deste quarto não sentirá o rigor do frio e da neve caindo lá fora, só os cuscos romanos ficarão rengos, os romanos não.

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