21 de setembro de 2010

O guri que gostava de árvores (e de escrever)

Muitos dessa foto devem ter passado pelo Estadual.
Eu sou o que está de blusão gola "V" e camisa branca
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Eu cursava o quarto ano do Primário no Colégio Cândido Bastos quando meu pai veio com a notícia de que havia um concurso de redações sobre o Dia da Árvore promovido pelo SESC. Para participar era preciso plantar uma árvore e escrever uma redação sobre o tema. Incentivado por minha mãe resolvi que participaria do tal concurso. Meu pai sempre plantava árvores frutíferas na primavera e eu “adotei” um belo enxerto de Parreira como a minha árvore do concurso. Cuidava dela como se fosse de minha responsabilidade exclusiva; aguava, evitava o ataque das formigas... Mas e a redação? O tempo encurtava e eu mais queria brincar na rua do que outra coisa. Mas a data para entrega chegou e eu sentei à mesa da cozinha e me preparei – sob a supervisão de minha mãe, para a tal redação. Dizia umas frases e ela acenava com a cabeça que estava bom, que continuasse dessa forma etc. “Passei à limpo” em uma folha de papel almaço as 25 linhas exigidas, com letra clara e bem escrita. No outro dia pela manhã, meu pai passou pelo SESC, ali na General Netto, e entregou minha redação. Ele certamente deve ter ficado preocupado. Tinha me colocado nessa empreitada e agora minha redação passaria, junto com outras centenas, pela Comissão Julgadora! Mas, não deu outra. Tirei o “primeiro lugar na minha categoria” e fui, no dia 6 de outubro de 1962, receber minha “Menção Honrosa”, um livro de histórias e um envelope com um pequeno prêmio em dinheiro. De quebra, batemos uma fotografia onde aparecem crianças de diversas idades que participaram do concurso nas diversas categorias. Acho que selei meu destino. Nunca mais me afastei da escrita e das árvores. Planto muitas árvores, durante todo o ano, e escrevo “minhas redações” com o mesmo entusiasmo daquele dia em que sentei à mesa da cozinha ouvindo o incentivo de minha mãe: “Isso, está bem assim, continua...”

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Hoje, 21 de Setembro, é o Dia da Árvore no Brasil. Esse tipo de "dia especial para as árvores" surgiu nos Estados Unidos, imaginado por Julius Sterling Morton, um homem nascido em Michigan, em 1832, e que exerceu a profissão de jornalista no estado de Nebraska onde, atuando também na política, serviu como Secretário de Agricultura no governo do Presidente Grove Cleveland, quando direcionou seu esforço para aprimorar as técnicas agrícolas praticadas pelos americanos. O presidente Cleveland percebeu que a economia de Nebraska, e também a paisagem, seriam beneficiadas com um programa de plantio massivo de árvores. Tomando a iniciativa de plantar em sua própria fazenda milhares de mudas, propôs que um dia especial fosse reservado para conscientizar o povo sobre a importância das árvores. Alguns anos depois mais de um milhão de árvores já haviam sido plantadas. Após esse fato o dia 22 de abril, que marca o nascimento de Morton e o início da primavera no hemisfério norte, passou a ser feriado estadual no estado de Nebraska e sempre se fizeram muitos plantios e homenagens às árvores. O nosso Dia da Árvore, 21 de Setembro, foi escolhido para lembrar as tradições dos povos indígenas, cuja época de chuvas, na maioria dos estados, corresponde à chegada da Primavera.

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2 comentários:

Gerson Mendes Corrêa disse...

Essa é uma poesia sobre a árvore que copiei a um tempo atráz e guardei-a, sabendo que um dia seria útil, e foi, tanto que agora faço minha homenagem à Árvore mostrando-a neste blog muito bem visitado.

“Tu que passas e levantas contra mim o teu braço, antes de fazer-me mal olha-me bem".
Sou o calor do teu lar nas longas e frias noites de inverno. Sou a sombra amiga que te protege contra os rigores do Sol. Meus frutos te saciam a fome e acalmam a tua sede. Sou viga que suporta o teto de tua casa, a tábua que fazes de mesa, e a cama que dormes e descansas. Sou o cabo de teu
Instrumento de trabalho, a porta de tua casa. Quando nasces embala-te em um berço feito com minha madeira, e quando morreres o teu ataúde o será também, e te acompanhará ao seio da terra.
Sou pano de bondade e flor de beleza. Se me amas como mereço, defenda-me dos insensatos, faz-me respeitar; Sou a Árvore.
Autor: Domingos Faustino Sarmiento.


Sobre o autor, segundo o Google, nasceu na Argentina em 15/02/1811 na província de San Juan, Argentina e morreu a 11/09/1888 em Assunción, Paraguay

Luiz Carlos Vaz disse...

Sim, Gerson, esse é o grande Sarmiento, presidente da Argentina, à época da Guerra do Paraguai, escritor e poeta que escreveu "Facundo - Civilização e Barbárie", obra fundamental para entender a formação social, política e econômica da região do Pampa gaúcho e que conta a vida e a história do Quiroga. A tradução atual foi feita pelo meu amigo Aldyr Garcia Schlee, em 1996. Da primeira, do Monteito Lobato, ainda existem raros exemplares nos sebos. Vale como uma dica de leitura...