Cansado da máxima “Deus não joga, mas fiscaliza”, um dia o Senhor resolveu experimentar a sensação de ser ovacionado num estádio de futebol. No dia 22 de junho de 1986, usando a mão de Diego Armando Maradona, que estava colocando pânico no time da Inglaterra, Dios se fez presente no Estádio Azteca e colocou, com a mão, para dentro da rede, uma bola que desempatou um jogo de quartas de final numa copa do mundo. O árbitro Bin Nasser, da Tunísia, mesmo sem ser cristão, validou o gol pois certamente não queria confusão com o Cara. A seleção brasileira que foi novamente ao México era composta praticamente pelos mesmos jogadores do grupo de 1982. O técnico também era o mesmo. Só não tinha a musiquinha do Júnior. A Itália não tinha Paolo Rossi. Mas a França tinha Platini, fazendo aniversário naquele mês. Como sempre, a sede pela taça só aumentava. Já que haviam roubado a Jules Rimet do armário da CBD, agora chamada CBF, era preciso ganhar outra taça, nem que fosse para ficar com ela só por quatro anos. Mas nada dava certo. Um dia trocavam nosso hino, era um quase anônimo Josimar quem fazia os gols do Brasil, o Zico errava pênalti... até que chegou na hora de enfrentar a França. Depois do empate, as penalidades máximas. Alemão, Zico e Branco acertam o gol. Sócrates jogou na mão do goleiro e Julio Cesar bateu para fora. O aniversariante Platini, para não esquecer o aniversário e nos dar um presente, também chutou o seu para fora. Mas seus colegas não. Mais uma vez iríamos para a final com a arbitragem. Foi a vez de Romualdo Arpi Filho escrever na súmula: Argentina 3, Alemanha 2. Era o bi argentino, encostando nos tris de Brasil e Itália. Era também a despedida de uma geração de craques de todo o mundo que havia brilhado por uma década no futebol mundial. O tri de setenta ficava cada vez mais distante. Será que Deus não era mais brasileiro? Seria ele agora argentino? Ou argentina seria somente a sua mão, a sua providencial mano?
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Fonte Fifa e arquivo de jornais.
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(continua)
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