12 de julho de 2010

A taça do mundo é nossa! – XXIV, Bafana Bafana

África do Sul 2010: Uma copa para um Continente

Fotografias registraram o regime do apartheid...

...para que não esqueçamos jamais.
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Vinte e sete anos! Esse foi o tempo que Nelson Mandela ficou preso em seu país, a África do Sul. Seu crime foi dizer que os negros eram iguais aos brancos. Os brancos não concordaram, sentenciaram Nelson Rolihlahla Mandela a ficar atrás das grades para sempre, para que ele percebesse que isso não era uma verdade, isso era um crime. Mas o homem que ganhou o Nobel da Paz em 1993, tinha razão. O fim do regime discriminatório do apartheid se deu em 1990. Chegava ao fim, depois de 42 anos de dominação e exploração e, entre outros resultados, libertava o Madiba, nascido em Mvezo, em 18 de junho de 1918. Quando das primeiras eleições multirraciais e multipartidárias, o partido do Congresso Nacional Africano então o elegeu como presidente. Elegeu Nelson Mandela o primeiro presidente negro da África da Sul. Como Martin Luther King, ele também podia dizer: “I have a dream!” A diferença é que ele viveu para ver o seu sonho: uma África do Sul livre do racismo e aberta para todas as etnias. Ele tinha um sonho especial, entre tantos outros sonhos sonhados: a realização de uma copa mundial de futebol no continente africano. E a copa de Mandela, já prometida para 2006, acabou saindo em 2010. Os Bafana Bafana, da África do Sul, jogariam em casa. Não só eles. Todas as seleções da África poderiam sentir-se jogando “em casa”. Ghana, Camarões, Nigéria, Argélia e Costa do Marfim. Seis seleções representavam o continente onde tudo começou. E lá fomos nós, os brasileiros, sem consenso – como sempre, mas também sem Ronaldinho Gaúcho, sem Ganso, sem Neymar, sem... (diga os seus). Enquanto ganhamos uma que outra, fomos indo. Mas empatar com Portugal já foi um sinal. Ganhar de 3x0 do Chile não significava nada. E veio a Holanda. Ela veio e nós fomos. Fomos para casa. Para nós tudo já se transferiu para 2014. Mas na África a copa da África prosseguiu. Quando soubemos da final, uma certeza: uma nova seleção seria campeã mundial e não precisaríamos ouvir, mais uma vez, nenhum dos dois conhecidos hinos que acostumamos a ouvir aos domingos pela manhã, ao final da Fórmula 1... E Mandela não viu quase nada da sua copa. Mandela ficou em casa. Mandela ficou chorando por sua bisneta Zenani que morreu na véspera da abertura da Copa num miserável acidente de trânsito. O velho homem experimentado das prisões sul africanas ficara agora preso à sua dor. Para ele, a sua tão sonhada copa não existiu. Ficará na lembrança dele como mais uma copa que passou. Sua aparição repentina no dia da decisão foi apenas para fazer as honras protocolares para seu povo, que aplaudiu de pé, por muito tempo, o homem que saiu da prisão para unir, para consertar. Não para perseguir, para vingar ou retaliar. Como presidente pode provar, afinal, ser um verdadeiro Homem. Aos brasileiros resta agora esperar a copa de 2014. Pode ser que lá possamos cantar novamente a marchinha de 1958, dos compositores, Maugeri, Müller, Sobrinho e Dagô, “A taça do mundo é nossa!”

Fim.

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